quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

A insatisfação da sociedade

Um ministro do Supremo Tribunal Federal, conhecido por ser o rei da concessão de habeas corpus, pediu que a Polícia Federal investigue um passageiro que o xingou durante um voo no último dia 27.
De acordo com a coluna de uma importante jornalista do jornal Folha de S. Paulo, o magistrado foi alvo de ofensas grosseiras, como "cagão" e "bosta", forma não usual para tratamento respeitoso de ministro da mais alta Corte de Justiça do país.
O ministro também pediu abertura de inquérito para que a Polícia Federal investigue o líder de um grupo chamado Tomataço, que oferece o valor de R$ 300 para quem acertasse um tomate no ministro, como forma de demonstrar a insatisfação sobre a atuação dele como magistrado, que não se coaduna com os anseios de moralização perseguidos pelos brasileiros, que são obrigados a pagar a remuneração dos integrantes da administração pública, que, em última análise, precisam satisfazer a vontade do povo.
O ministro tem sido alvo de frequentes questionamentos e ofensas de cidadãos indignados por suas decisões no Supremo Tribunal Federal e Superior Tribunal Eleitoral, a exemplo do que aconteceu no início de janeiro, em que ele foi escrachado por brasileiras enquanto passeava pelo centro de Lisboa, Portugal, onde ele não denunciou o fato nem exigiu que a polícia portuguesa as investigasse.
Diante desse episódio do avião, o ministro agora viaja de avião oficial, justamente para evitar maiores constrangimentos, dando a entender que ele não se sente à vontade sendo desmoralizado constantemente em público, diante de pessoas dignas, que não concordam com a sua forma liberal de conceder habeas corpus para bandidos de colarinho branco, quando os processos referentes a crimes de delinquentes com foro privilegiado se acumulam no Supremo, há mais de quatro anos, à espera de julgamento, enquanto os magistrados das primeira e segunda instâncias já condenaram mais de 140 infratores investigados pela Operação Lava-Jato.
É lastimável que um ministro da Excelsa Corte da Justiça brasileira seja frequentemente hostilizado pelo povo, certamente em razão de algo que ele teria feito na contramão da normalidade, porque, ao contrário, ele seria elogiado e não apedrejado.
Tem gente que se sente bem sendo desrespeitado, por sentir prazer de ser lembrado exatamente por contrariar o sentimento da sensatez e desagradar a opinião pública, mas é preocupante que um ministro seja hostilizado por seus atos considerados contrários ao interesse público.
          Conviria que o ministro, que é muito inteligente, aprendesse com essa desagradável lição, em que os patrões dele rechaçam o seu desempenho no exercício do cargo de magistrado, que poderia, ao contrário, ser diferente e em sintonia com o sentimento de moralização perseguido pelos brasileiros, que acreditam muito na competência das autoridades, na esperança de que elas sejam mais conscienciosas em não favorecerem os criminosos de colarinho branco, que precisam pagar por seus erros, ao invés de merecer a liberdade, que é própria para os justos e inocentes e não para bandidos, que contribuíram para desviar dinheiro dos cofres públicos, em prejuízo da sociedade.
Convém que o ministro procure entender a insatisfação da sociedade sobre a sua atuação como magistrado, que tem sido de completa desarmonia com o sentimento de moralização reclamada pelos brasileiros, que entendem que é preciso que todos se unam no sentido de combater e punir os corruptos, de forma implacável e nos termos da lei, com o objetivo de se permitir que o Brasil possa ser passado a limpo, justamente com o apoio e a contribuição das autoridades incumbidas dessa importantíssima missão constitucional, de zelar pela rigorosa aplicação da lei, em defesa dos princípios republicano e democrático. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 7 de fevereiro de 2018

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