terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Da áurea à fuga

Há muito pouco tempo, comenta-se no seio dos políticos a possibilidade de o maior líder petista pedir asilo diplomático, como forma de escapar da iminente prisão, conforme matéria publicada na revista IstoÉ.
A aludida alternativa tem o amplo apoio das lideranças e dos caciques petistas, ante a possibilidade de o político ser obrigado a transitar em camburão, mas o próprio ex-presidente negou que isso pudesse ocorrer, tendo procurado despistar de imediato tal situação, sob a alegação de princípios, que teria afirmado: “A palavra fugir não existe na minha vida”.
É evidente que não passaria de gigantesca surpresa que pretenso foragido assumisse previamente que tem intenção de fugir do país, uma vez que o sucesso da operação dessa magnitude precisa contar com o fator sigilo, para que ela seja exitosa.
O petista se encontra em situação muito delicada e estar à procura de salvar a própria pele, tendo como mira abrigo em alguma embaixada ou em países de ideologia que tenha a sua simpatia e que já abraçaram, em termos de apoio, a sua causa.
A intenção do pedido de asilo já foi bastante ventilada e claramente manifestada por simpatizantes e aliados, mesmo por que, no seio do partido, é forte tendência que se trata de medida inevitável.
Acontece que o cerco vem se fechado contra ele, em velocidade bastante incompatível com o normal ritmo lento da Justiça e ainda sob as perspectivas de novas condenações, desta feita ainda mais robustas, o que pode complicar cada vez mais a sua situação política.
Todo esse quadro de desespero se harmonia com a falta de resposta imaginada que o povo iria socorrê-lo no exato momento do desfecho pronunciado da sua condenação pelo tribunal de apelação, o que o obrigou a cair na realidade de que os brasileiros já o tratam como alguém de índole realmente malévola e contrária ao interesse público, diante das robustas denúncias da prática de irregularidades, razão pela qual ele precisa pagar por seus atos inquinados de irregulares, à vista do veredicto da Justiça.
Há verdadeira demonstração de revolta por parte do político, que não consegue evitar o sentimento de irascibilidade, ao pronunciar, de forma reiterada, palavrões a torto e a direito, com agressões contra agentes e instituições públicos, dando sinais de não aceitação sobre o sombrio destino que a Justiça reserva para o seu triste futuro. 
Interlocutores dele dizem que a experiência na cadeia, há décadas, deixou nele marcas profundas, ressurgindo o ardente temor de ser obrigado a passar novamente pela mesma dura situação.
O conjunto desses fatos, somada à perspectiva de encontrar no exterior ressonância à sua pretensa causa de se apresentar como perseguido e vítima de golpe, fortalece a ideia da ida para exílio voluntário, o que não será nenhuma novidade.
Fato é que já se sabe que, na surdina, alguns países vizinhos, tendo ouvido o murmúrio sobre possível fuga, têm mandado sinais ao político de que o receberão de portas abertas, caso seja o seu interesse em sair do Brasil, evidentemente para se livrar da prisão.
Só aqui na vizinhança, o político tem enorme fronteira para se refugiar, pois conta com a simpatia de países socialistas, como a Venezuela, Cuba e Bolívia, além de países do continente africano, em localidades como Argélia e Etiópia.
Com relação à Etiópia, o petista tinha até viagem marcada para lá, para dar palestra sobre o espetaculoso tema da “corrupção”, por se imaginar que ele é sumidade nessa especialidade, cuja fala dele era esperada com enorme expectativa, mas a Justiça houve por bem apreender o seu passaporte e a viagem foi cancelada.
Na ocasião, o político gravou vídeo para acusar perseguição, tendo conquistado a simpatia do mandatário daquele país, a tal ponto de, posteriormente, ter vindo informação de que a Etiópia não se opõe em dar guarida política a ele. 
À toda evidência, é estranho e até surpreendente que as autoridades brasileiras ainda não tenham tido o cuidado da precaução para se evitar essa possível e potencial fuga, visto que o político goza do pleno direito de liberdade, embora seja cidadão condenado, que precisa pagar por seus erros.
Não se sabe se existe ou não plano de fuga para o principal político brasileiro, mas é notório que não há a menor dúvida de que o cerco vem se fechando em velocidade insuportável e incontrolável contra quem se considera inocente, mas não conseguiu reunir, mesmo que minimamente, um dedo de provas contra as fortes denúncias aceitas pela Justiça, que se transformaram em verdade e deixaram o petista desesperado, vendo a sua áurea de imaculabilidade ser mandada para o espaço sideral, ficando ele sem terreno e desesperado.
A situação do petista se harmoniza muito com o velho adágio que diz: “se ficar, o bicho come e, se correr, o bicho pega”.
É preciso apenas escolher qual será a opção menos traumática, porque a água já chegou exatamente no pescoço e qualquer cochilo é o fim de linha para quem se acha todo-poderoso.
Pobre político que teve todo poder do mundo aos seus pés e se alimentava da néctar da onipotência e da prepotência, nunca imaginando que esse momento trágico poderia bater à sua porta, de forma tão melancólica, mas com a devida justiça, à vista de ter se colocado acima do bem e do mal, pensando que a sua sublime influência seria capaz de blindar seus malfeitos e ganhar facilmente as demandas judiciais, na base do grito, da crítica e da agressão às autoridades e às instituições, pensando que estivesse acima das leis, mas o tiro saiu pela culatra e aquele que já foi o mais poderoso e influente do país não passa agora de alma penada, que não sabe se corre ou se fica, mas pressente que o bicho se aproxima para pegá-lo. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 27 de fevereiro de 2018

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