Um combativo senador petista
fluminense previu resistência maciça do povo em caso de prisão ou de
impedimento da candidatura do ex-presidente da República petista, por considerar
que ele é vítima de “farsa” contrária ao pacto democrático.
Na
avaliação do político carioca, a “caçada”
ao ex-presidente é “ataque ao povo
trabalhador brasileiro e um sinal do desespero das elites diante da iminente
vitória eleitoral do petista.”.
O
petista fluminense disse que "Fico
impressionado com a força, a calma e a serenidade de Lula. Ele está tranquilo
com seu papel na história e sabe que estamos fazendo história. O que vai
acontecer aqui vai determinar os próximos vinte anos do país".
O
senador carioca lembrou que o ex-presidente não parou de subir nas pesquisas de
intenção de voto, desde o impeachment da afilhada do líder-mor, enquanto seus
adversários sofrem de fragilidade política.
Segundo
o senador, o processo contra o ex-presidente não tem materialidade e a
condenação dele foi ratificada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região com
a combinação de votos dos três desembargadores.
O
político fluminense entende que o ex-presidente continua sendo candidato e sua
candidatura será registrada “em qualquer
circunstância” e ninguém terá coragem de retirar seu nome da urna.
O
senador disse que “Os senhores achavam o
quê? Achavam que era isso? Condenava no TRF-4, iam dizer para o povo:
‘olha, Lula não é mais candidato.’ E nós íamos aceitar? Não, nós não vamos
aceitar. O Lula continua sendo o nosso candidato”.
O
político carioca afirmou que não há plano B, porque "O Lula é plano A, B, C, D, E, F, G. Nós vamos insistir, inclusive
porque o processo de candidatura da Justiça Eleitoral não tem nada a
ver com o processo criminal. Nós não vamos chegar aqui mansos neste início de trabalho.
Nós estamos defendendo a democracia. Nós estamos defendendo a legalidade
democrática. São eles que estão rompendo.”.
A
previsão de resistência indignada do “povo” - que não passa de gatos pingados
da militância petista e de organizações surradas e desgastadas – não passa
daqueles que, tão logo souberam do resultado acachapante sobre o recurso do
ex-presidente, interposto no tribunal de apelação, juntaram seus pertences e se
retiraram de Porto Alegre, em ordem e de forma pacífica.
Embora os petistas tivessem prometido reação,
em caso de condenação do líder-mor, o máximo que conseguiram foi a elevação da
pena de pouco mais de nove para pouco mais de doze anos, fato que contribuiu
para que o chamado “povo” tivesse saído da capital gaúcha sem dizer absolutamente
nada e de forma tranquila, como quem aceitando o veredicto, mas vem agora o
senador carioca falar em “resistência maciça”, não querendo entender ele que os
brasileiros, o povo de verdade vai fazer proclamação patriótica no dia que o
ex-presidente for realmente preso, diante da extrema ansiedade para que esse
dia chegue logo e possa ser comemorado como momento importante e histórico para
a reafirmação do combate vigorosa à corrupção e à impunidade, que imperaram por
bastante tempo no Brasil, em benefício dos caciques e homens públicos desavergonhados.
A
“caçada” ao ex-presidente a que se refere o senador fluminense não tem nada de
“ataque ao povo trabalhador...”, mas
sim de firme e duro ataque à corrupção e aos criminosos de colarinho branco,
que tomaram o país por meio de esquemas muito bem planejados e consolidados,
tendo por objetivo a perenidade no poder, mediante o desvio de recursos
públicos para financiamentos de campanhas eleitorais milionárias e
enriquecimento pessoal, à vista dos resultados das investigações levadas a
efeito com base em delações premiadas ricamente indicando inescrupulosos e
desavergonhados políticos, executivos e empreiteiros.
Parece
espantoso que o senador carioca tenha ficado impressionado com a tranquilidade
de quem é condenado à prisão pela prática dos crimes de corrupção passiva e
lavagem de dinheiro, em processo recheado de provas quanto à materialidade da
autoria dos fatos objeto das denúncias à Justiça, quando ele deveria lamentar
que pessoa tão importante tenha se envolvido em fatos absolutamente
incompatíveis com os princípios republicanos, fato este que tem o condão de
manchar a história política do condenado, por ser o primeiro ex-presidente da
República a ir para a prisão pela prática de graves crimes, com o agravante de
não ter conseguido contestar a sua culpabilidade, com relação aos fatos
suscitados nos autos.
A
subida nas pesquisas somente consegue impressionar os petistas, que precisam se
convencer de que elas são realizadas entre apenas pouco mais de 2.820 eleitores
em universo, frise-se, de 146 milhões de eleitores habilitados pela Justiça
Eleitoral, o que significa dizer que o resultado das consultadas sobre intenção
de voto não serve em absoluto para se balizar o que os petistas consideram já
ganhamos, porque os brasileiros têm consciência sobre o que os governos
petistas foram capazes de fazer com o patrimônio dos brasileiros e os
princípios republicanos, principalmente os da relevância da moralidade e da
dignidade na administração pública.
Alegar
que o processo contra o todo-poderoso não tem materialidade não passa de absurda
ignorância jurídica, tendo em conta que nenhum juiz, por mais irresponsável que
fosse, jamais teria a insensatez e a ingenuidade de condenar à prisão alguém,
quanto mais o cidadão da relevância de quem já foi presidente da República, se
não tivesse absoluta convicção, serena certeza acerca da culpabilidade dele,
evidentemente por haver provas e elementos suficientes nos autos, de modo que
não restem dúvidas quanto à materialidade da autoria dos fatos objeto da
denúncia, a despeito de que incorre em crime de prevaricação o magistrado que
sentenciar contra réu, imputando qualquer forma de condenação se inexistirem, nos
autos, os indícios juridicamente válidos e necessários à caracterização dos
crimes.
Constitui
tremenda ingenuidade o partido político, a menos que se trate de agremiação
desmoralizada, insistir com a candidatura de político condenado à prisão pela
Justiça, em clara demonstração da falta de caráter para representar o povo
honrado, que defende a moralização das atividades político-administrativas,
sabendo-se que a Lei da Ficha Limpa exige que candidato preencha os requisitos
de idoneidade e conduta ilibada para se candidatar a cargo público eletivo,
como forma de comprovar lisura inquestionável na sua vida pública pregressa,
eis que o relevante cargo de presidente da República não pode ser exercido, em
nenhum país do mundo, nem nas republiquetas, por quem se encontra condenado à
prisão e ainda respondendo a outros seis processos na Justiça, como réu, com
possibilidade de ser condenado pela prática de outros atos incompatíveis com a
dignidade que se exige para o comando do país.
A
defesa da democracia precisa ser feita tendo por pressuposto a articulação de
práticas que se coadunem com os salutares princípios da ética, moralidade,
legalidade, dignidade, entre outros que são considerados fundamentais para o
fortalecimento e a consolidação da democracia, enquanto as denúncias sobre
fatos de corrupção na administração do país não têm nada a ver com a defesa da
democracia, como alegada pelo petista, que distorce, de propósito, os fatos,
certamente na tentativa de tirar proveito, com falsos e imprecisos argumentos.
Nada
impede que o político condenado seja o candidato do partido que demonstra desprezar
os princípios da ética e da moralidade, entre outros, conforme faz questão de
defender o senador carioca, mas jamais será o candidato dos brasileiros que
primam pela moralização dos costumes e das atividades político-administrativas,
principalmente tendo conhecimento dos estragos causados ao patrimônio dos
brasileiros pelos governos cuja última presidente foi afastada do cargo por má
gestão de recursos públicos, por ter sido acusada da prática de crime de
responsabilidade, ante o descumprimento de princípios inerentes às normas de
administração orçamentária e financeira, consistentes no rombo das contas
públicas.
Diante
da fartura dos casos investigados, demonstrando de forma irretorquível, a
materialidade da culpa sobre fatos denunciados de político que não conseguiu
contestá-los na Justiça, mesmo que minimamente, por meio de provas
juridicamente válidas, compete aos brasileiros repudiar as atividades
praticadas em indiscutível afronta aos princípios republicano e democrático, de
modo a se propugnar pela eliminação dele da vida pública, com embargo da
insolente insistência sobre a sua candidatura, absolutamente indesejável, à
vista da premência na moralização da administração das instituições
brasileiras. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 10 de fevereiro de 2018
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