O
apresentador global e possível candidato à Presidente da República usou, em
2013, empréstimo no valor de R$ 17,7 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social, para comprar jatinho particular da Embraer.
O
financiamento em apreço tem origem no programa BNDES Finame (Financiamento de
Máquinas e Equipamentos) e teve como beneficiária a empresa Brisair Serviços
Técnicos e Aeronáuticos Ltda., de propriedade do apresentador e da sua esposa,
que são sócios nesse empreendimento, e a intermediação do Banco Itaú, que funcionou
como instituição financeira.
Os
juros do empréstimo em apreço foram de 3% ao ano, com 114 meses de amortização
para o pagamento.
A
assessoria do apresentador informou que "o Finame é um programa do BNDES de incentivo à indústria nacional, por
isso financia os aviões da Embraer".
O
BNDES informou que foram seguidas as condições "definidas pelo Programa de Sustentação do Investimento (PSI), vigente à
época, com taxas de juros fixas entre 3% a.a. e 3,5% a.a.".
O
citado banco disse que as taxas de juros eram oferecidas a qualquer empresa que
obtivesse financiamento para aquisição de máquinas e equipamentos, não tendo
sido esclarecido se aeronave se enquadrava no contexto abrangido pela legislação
de regência.
O
banco esclareceu que "Até dezembro
de 2017, havia 1.036.572 operações registradas no BNDES com as condições do
PSI, o que demonstra a pulverização do programa entre milhares de empresas de
todo o Brasil".
O
banco informou ainda que o processo de concessão de financiamento do BNDES
Finame é realizado por meio de agentes financeiros credenciados, como bancos,
cooperativas e agências de fomento e que "O BNDES repassa os recursos para os agentes, que analisam o risco de
crédito e decidem pela concessão do financiamento.".
Isso
é que se pode dizer que o apresentador global, se realmente ingressar na
carreira política, já pode afirmar, desde logo, com absoluta segurança, que já
tem know-how no ramo
da política,
ou seja, já é bastante experiente na arte da política, como comprova a obtenção
desse fabuloso empréstimo junto ao BNDES, pasmem, para comprar jatinho, pela
bagatela de R$ 17,7 milhões, dinheiro este com juros baixíssimos de apenas 3%
a.a., em harmonia com as políticas próprias daquele banco, que tem por
propósito o incremento ao desenvolvimento nacional, por meio dos programas de
incentivo à aquisição genérica de máquinas e equipamentos.
Certamente
que nesse programa não deve se incluir o financiamento para a aquisição de
aeronave, que não tem nada a ver, em princípio, com máquina nem equipamento a
que se refere a finalidade primordial de incentivo oficial de desenvolvimento,
com juros subsidiados de apenas 3% a.a., quando o próprio governo, por meio do Banco
Central, fixou recentemente em 6,75% as taxas de juros anuais.
Impende
se observar que o contribuinte assalariado paga juros exorbitantes quando
precisa de empréstimo bancário, certamente com taxas mensais superiores aos 3% anuais
benevolentemente concedidos ao empresário e apresentador de televisão, que
pegou dinheiro emprestado do contribuinte para comprar avião para o seu
bem-estar e conforto, ou seja, à custa do já sacrificado trabalhador, não
havendo, por maior esforço de compreensão, a menor plausibilidade para se aceitar
que o banco oficial faça empréstimo de forma tão generosa, em seu próprio
prejuízo, tendo em vista que ele toma dinheiro emprestado no mercado, para
pagar suas dívidas internas e externas, certamente a juros muito além dos 6,75%
estabelecidos pelo Banco Central, que já é mais do dobro da taxa oficial
praticada pelo BNDES.
Em
princípio, como empresário esperto, o apresentador não tem como disfarçar a sua
sabedoria em se beneficiar de recursos públicos, mesmo tendo que pagá-lo, porém
a juros camaradas, porque o empréstimo para a compra de aeronave poderia ter
sido, de forma insuspeita, mediante empréstimo normalmente operado nos bancos
privados, como fazem as pessoas honradas e dignas, que preferem pagar mais
juros e trilharem o caminho da retidão e da lisura, sem se beneficiar, de forma
indevida, de recursos públicos, que precisam ser aplicados realmente nas
finalidades de incremento ao desenvolvimento nacional, nos estritos termos das
normas legalmente instituídas, considerando que está envolvido o interesse público
nesse questionado financiamento.
Convém
que os órgãos de controle e fiscalização, a exemplo do Tribunal de Contas da
União e Ministério Público Federal, promovam, com a devida urgência, ações
pertinentes para avaliarem a regularidade e a efetividade dos empréstimos concedidos
pelo BNDES, com juros tão generosos de 3% a.a., diante da disparidade dos juros
cobrados pelos demais bancos privados e públicos, tendo o cuidado de verificar a compatibilidade
dos financiamentos aos projetos exclusivamente de interesse institucionalizado
de desenvolvimento econômico e social do país. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 12 de fevereiro de 2018
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