O resultado das pesquisas do Datafolha,
divulgado após a confirmação, pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região, da
condenação à prisão do ex-presidente da República petista, pelo juiz da
Operação Lava-Jato, mostra que as sentenças não alteraram o sentimento de
pessoas entrevistadas, que se mantiveram com o mesmo nível, em termos da
intenção de votos no petista.
Em
declarações ao Uol, cientistas políticos atribuem o que eles chamam de
fenômeno que sustenta em três fatores, quais sejam, alto índice de desconfiança
no Judiciário, incerteza ou indiferença sobre as questões jurídicas envolvendo o
ex-presidente e as viagens, chamadas de caravanas, pelo Brasil feitas pelo político,
que tiveram primordial finalidade não somente de se defender, mas também de
disseminar graves acusações à força-tarefa da Operação Lava-Jato, na tentativa
de mostrar que ele é tratado como vítima e perseguido, ante a sua indiscutível
e irretorquível inocência, na opinião dele.
O
coordenador da área de comportamento político da Associação Brasileira de Ciência
Política definiu a situação relacionada à pesquisa, afirmando que "Esse quadro não é para questionar a
qualidade do julgamento em pauta, mas apenas para dizer que os efeitos de uma
ação de uma instituição que tem perdido credibilidade tendem a ter um efeito
reduzido sobre a intenção de voto".
Uma
pesquisadora e doutorando em Ciências Políticas ressaltou que “colocar no ex-presidente a posição de grande
vilão no que se refere à corrupção endêmica no país também conta.”, dando a
entender que o esforço para o tornar vilão da corrupção tem rendido dividendos
políticos para ele e isso ajuda a mantê-lo de bem aos olhos daqueles que
preferem acreditar na “pureza” de caráter do político.
Outro especialista em Ciências Políticas foi
bastante enfático, tendo afirmado que “A
despeito de todo o movimento, tanto da mídia quanto do Judiciário, em dar
saliência para este tema e de colocar o Lula nesse papel de uma pessoa que
concentrou tudo o que se refere à corrupção nas últimas semanas e meses, a
atenção um pouco a desconfiança institucional do brasileiro. Acho que isso
oferece uma pista de por que isso não quis dizer muita coisa para o eleitor.".
Parece muito evidente que a oposição, como se
não tivesse qualquer interesse nem responsabilidade pela moralização do Brasil,
se mantém absolutamente equidistante desse imbróglio envolvendo as denúncias
contra o mais famoso político brasileiro, tanto que não se ouve nenhuma voz,
nem nos Parlamentos e muito menos em público, repudiando as possíveis
travessuras protagonizadas pelo político, de modo a prestar solidariedade às investigações
e aos julgamentos, como forma de reforçar o real peso deles, diante da extrema
gravidade dos fatos denunciados, que não podem ser contemporizadas e nem
ignorados, como esse quadro de absoluta adversidade aos princípios republicano
e democrático fosse normal, ante a premência da moralização das atividades
político-partidárias, por meio do implacável combate à corrupção e à impunidade.
Isso deixa muito claro que nenhum adversário
político se atreve a dizer, como se também tivesse algo a esconder, que os
fatos lesivos ao patrimônio público, cuja autoria é atribuída, com bastante
evidência, ao petista pela Justiça, à vista do que foi revelado no escândalo específico
do tríplex, são absolutamente incompatíveis com as autênticas e verdadeiras
atividades políticas, eis que os homens públicos precisam prestar contas à
sociedade sobre seus atos, que não podem
haver quaisquer questionamentos ou menor desvio dos princípios da ética, legalidade,
moralidade e dignidade, haja vista que é dever do representante do povo agir e
atuar em estrita observância dos salutares princípios republicano e democrático.
Embora o ex-presidente não tivesse conseguido
comprovar a sua inocência perante os magistrados das primeira e segunda
instâncias, à vista da condenação com votos unânimes e convergentes, em
reconhecimento da materialidade das provas contra ele, pela consistência e
robusteza com que foram relatadas nos autos, não deixando a menor dúvida quanto
à autoria dos fatos denunciados, o político não se cansa de dizer, em forma de mera
falácia, que é inocente, por não ter cometido nenhum crime, mas não consegue
contestar os fatos em si.
Em que pese a avalanche de provas nos autos,
ele ainda tem o desplante de afirmar que um justo foi condenado sem provas, ao
que parece só porque não há registro da propriedade do imóvel em questão e
também por não ter havido usufruto dele, fazendo-se de cego e mouco à fartura
de indícios, documentos, testemunhos, demonstrativos e planilhas de despesas a
indicarem a íntima relação dele e da sua família com o imóvel, não deixando a
menor dúvida do seu envolvimento com ele, que, como detalhe dos crimes, só
faltou o recebimento das chaves.
É bem possível que, para os leigos e pouco
interessados em conhecer os detalhes do caso, que é mais fácil apenas acreditar
piamente nas reiteradas negativas ditas pelo ex-presidente de que é inocente,
os fatos precisam de maior evidência para a caracterização sobre a culpa do
político nesse imbróglio, que não tem, para os idólatras, a menor relevância,
em termos políticos e de moralidade, conforme mostra a pesquisa, porque o mais
importante é a volta ao governo de quem se houve cuidadoso, com base em marketing
político, com relação aos interesses daqueles que agora procuram corresponder
em apoio com o voto, nada importando que ele seja considerado corrupto pela
Justiça, nem que tenha se beneficiado de propinas, porque é preciso prevalecer
o velho adágio de que rouba, mas faz.
Compete à sociedade cônscia do seu dever cívico
zelar pela moralidade no seio da administração do país, procurando repudiar com
veemência as atividades político-administrativas de homens públicos que demonstram
ter compromisso exclusivamente com interesses pessoais e partidários, em
detrimento das superiores causas nacionais, notadamente à vista desse majestoso
escândalo do petrolão, em que os envolvidos se esforçam, ao máximo, para se
passar por heróis, vítimas e perseguidos, quando os fatos denunciados mostram exatamente
a face da verdade, que põe por terra as afirmações mentirosas, falsas e inconsistentes.
Acorda,
Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 8 de fevereiro de 2018
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