segunda-feira, 23 de setembro de 2019

À ONU, com moderação?


O presidente da República brasileiro pretendia discursar na abertura da Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em tom mais para o lado "conciliatório", porém ele resolveu aproveitar a sua fala, amanhã, para carregar de recados à comunidade internacional, naturalmente ao seu estilo na diplomático.
Ao que tudo indica, a estreia do presidente brasileiro, na ONU, terá respostas às críticas – que o governo considera injustas e indevidas – feitas, em especial, à sua política ambiental, com enfoque à condução do combate às queimadas na Amazônia.
Para a imprensa estrangeira, o presidente tupiniquim não passa de político populista de extrema-direita, com descrição dos episódios de retórica do brasileiro e da sua visão a respeito da proteção ambiental.
É evidente que a pressão sobre seu governo foi  intensificada em agosto último, mais precisamente depois da divulgação de dados sobre aumento do desmatamento e das queimadas na Amazônia, no fluente ano, em que houve verdadeiro embate público entre os presidentes do Brasil e da França, cujo resultado não poderia ter sido o pior possível para a imagem de seu governo e do Brasil.
Não há a menor dúvida de que já passou do momento de se "baixar a poeira", procurando, a todo custo, evitar novas polêmicas e novos confrontos, porque isso somente contribui para conturbar as relações internacionais e comerciais do Brasil com o resto do mundo.
Nesse caso, não resta ao presidente seguir a linha da moderação e da civilidade, de modo que o pronunciamento seja carregado de frases próprias do alto nível da diplomacia, em estrita harmonia com o momento especial de abertura da Assembleia-Geral, mostrando ao mundo o verdadeiro sentimento de pacificação, harmonia e serenidade que precisam reinar nas relações entre as nações sérias e civilizadas, em termos diplomáticos, na forma preconizada pela institucionalização da ONU.
A previsão é a de que o presidente brasileiro enfatize, muito claramente, que o seu governo não compactua com os crimes ambientais, aproveitando o ensejo para defender a soberania no País, de certa forma mandando claros recados ao presidente francês, além de sinalizar que as queimadas na floresta tropical não atraíram a atenção da comunidade internacional em governos anteriores, dando a entender sobre a existência de má vontade com o seu governo.
O presidente brasileiro também deve apresentar dados estatísticos, para comprovar os repetidos argumentos de que as queimadas de agora estão na média de anos anteriores, na tentativa de se tentar reverter a imagem segundo a qual as queimadas não foram produzidas pelo atual governo, que estaria relaxando no controle do meio ambiente.
De forma prioritária, o discurso à ONU pretende sinalizar par a abertura de caminhos para oportunidades econômicas no Brasil, quando o presidente deve indicar que o conceito de desenvolvimento sustentável existe com a contribuição do Brasil e que o País está aberto a iniciativas de desenvolvimento da região com cooperação do setor privado.
O discurso vai citar a Operação Acolhida, que cuida do recebimento humanitário de refugiados venezuelanos, de modo a mostrar o sentimento de voluntariedade em nível internacional.
Em linhas gerais, o presidente já afirmou que não pretende "apontar o dedo" para outros chefes de Estado, mas sim enfatizar que "Nós temos que falar do patriotismo nosso, da questão da soberania, do que o Brasil representa para o mundo, sempre aberto, um país cujo povo é bem recebido em qualquer lugar. Aqui também tem formação de gente do mundo todo".
Ou seja, o presidente pretende transmitir, segundo ele, o seguinte: "A ideia é fazer um pronunciamento falando de quem nós somos, nossas potencialidades, o que mudou também. Não tem mais aquela questão ideológica.".
Nessa linha eleita pelo presidente brasileiro, muito mais de ponderação, cautela e diplomacia,  somente demonstra que já passou do momento para o amadurecimento sobre o engrandecimento ao respeito às relações internacionais e comerciais, em que os governantes não podem disputar, no grito, seus pontos de vista e muito menos as suas posições como estadistas, porque é preciso que haja a conscientização sobre a autonomia e a independência das nações, no âmbito do princípio civilizatório, à luz da evolução da humanidade.
Brasil: apenas o ame!
Brasília, em 23 de setembro de 2019

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