terça-feira, 24 de setembro de 2019

O discurso na ONU


De início, ele disse: “Apresento aos senhores um novo Brasil, que ressurge após ter estado à beira do socialismo. No meu governo, o Brasil vem trabalhando para reconquistar a confiança do mundo, diminuir o desemprego e a violência”.
O brasileiro afirmou que “Meu país esteve muito próximo do socialismo, que nos levou à corrupção generalizada, recessão, alta criminalidade e ataque ininterrupto aos valores familiares que formam as nossas tradições. Em 2013, um acordo do PT com ditadura cubana trouxe ao Brasil 10 mil médicos sem comprovação profissional, sem poder trazer suas famílias. Um verdadeiro trabalho escravo respaldado por entidades de direitos humanos do Brasil e da ONU”, cujo governo resolveu encerrar o programa Mais Médicos.
O presidente aproveitou para criticar o Foro de São Paulo, ao afirmar que “uma organização de partidos de esquerda que trabalha para implementar o socialismo na América Latina, que continua vivo e tem que ser combatido. Trabalhamos para que outros países da América do Sul não experimentem esse nefasto regime”.
A questão do meio ambiente, envolvendo a polêmica das queimadas na Amazônia, teve predomínio na sua fala, quando ele entendeu de  reafirmar que a floresta faz parte da soberania do Brasil, nestes termos: “Em primeiro lugar, meu governo tem o compromisso solene com a preservação do meio ambiente e com o desenvolvimento sustentável do Brasil e do mundo. Nossa Amazônia é maior que toda a Europa Ocidental e permanece intocada, prova que somos um dos países que mais protege o meio ambiente.”.
O presidente acusou a mídia de publicar “mentiras sobre o assunto”, tendo justificado os incêndios como eventos “naturais ou criminosos que ocorrem nessa época do ano, com os ventos que favorecem as queimadas”.
Ele disse que o Brasil sofre “ataques sensacionalistas de grande parte pela imprensa internacional. É uma falácia dizer que o Amazônia é patrimônio da humanidade”.  
Sem citar diretamente o presidente da França, o brasileiro disse que “outros países, em vez de ajudar, questionaram aquilo que nos é mais sagrado, a nossa soberania. Um deles, por ocasião do encontro do G7, ousou sugerir aplicar sanções ao Brasil sem ao menos nos ouvir”.
Nesse ponto, o brasileiro se referia ao presidente francês, ao tempo em que elogiava o mandatário norte-americano, que conseguiu evitar que a Amazônia aparecesse na declaração final da cúpula do G7.
Com relação às críticas sobre os territórios indígenas, o presidente as rebateu, dizendo que “Hoje, 14% do território brasileiro está demarcado como território indígena. Eles querem e merecem usufruir dos mesmos direitos que todos nós. Mas o Brasil não vai aumentar para 20% a área demarcada, como alguns chefes de Estado gostariam”.
O presidente criticou o ativismo do cacique Raoni, alegando que “A visão de um líder indígena não representa a de todos os outros líderes. “Muitas vezes, alguns, como o cacique Raoni, são usados por outros países para seus interesses na Amazônia”, tendo aproveitado para ler carta de lideranças indígenas e elogiar a youtuber Ysani Kalapalo, que apoia as ações do governo na Amazônia.
Ele foi enfático em dizer que “O Brasil hoje tem um presidente que se preocupa com o povo que lá estava antes da chegada dos portugueses, em 1500. Os que nos atacam não estão preocupados com o ser humano índio, mas com suas riquezas”.
Em outro momento do discurso, o presidente disse que foi “covardemente esfaqueado por um militante de esquerda”.
O presidente disse que seu regime não tolerará terroristas, tendo citado o caso o criminoso italiano, que foi preso na Bolívia e extraditado para a Itália e reafirmou que “Terroristas sob o disfarce de prosseguidos políticos não mais encontrarão refúgio no Brasil”.
Em resumo, o discurso do brasileiro na ONU, que foi o primeiro presidente a discursar na Assembleia Geral da ONU, mantendo uma tradição diplomática, tem altos e baixos, em termos de reafirmação política e diplomática.
A sua postura se confundiu com o perfil de estadista que fez questão de se manter preso, o tempo todo, às cordas, hora fazendo acusações, hora procurando se defender de seus ferrenhos opositores, como se os fantasmas o incomodassem terrivelmente.
O discurso na ONU não comporta esse nível pobre, insosso, deplorável, que somente demonstra falta de experiência dos assuntos que precisam ficar marcados em momento especial como a abertura de evento relevante, na principal tribuna internacional, as nações se encontram para reacender as esperanças do desenvolvimento mundial, sob os benfazejos ares da paz e da pacificação.
Vejam-se que o presidente brasileiro ficou remoendo passado de governos que tantos dissabores causaram a parcela expressiva de brasileiros, o que demonstra o seu sentimento de reativação de passado triste e lamentável, quando o certo é apagar toda história melancólica que precisa ser totalmente esquecida e esponjada para sempre.
Também perde importância, em termos do uso da tribuna da ONU, futricas e entreveros entre ele e outros governantes sobre questões já ultrapassadas, que nada acrescentam, no sentido do estreitamento das relações diplomáticas, porque, na forma como o tema foi levado ao ar, só demonstra ridículo resquício de mágoa, sem nada objetivando ao engrandecimento das relações entre as nações amigas, fortemente prejudicadas pela insensibilidade de seus governantes, no caso do Brasil e da França.
Na verdade, a única fala que merece o mínimo de relevância diz respeito à defesa da soberania nacional, porém se trata de tema absolutamente pacificado e, nessas condições, dispensável para o momento tão importante para a diplomacia internacional.
Outra questão que poderia ter sido nem mencionada no discurso, no tocante ao clima e outros temas correlatos, considerando que o Brasil ficou fora, exatamente por falta de interesse, que nem discurso pôde oferecer, no importante evento patrocinado pela ONU sobre o clima, em antecipação à Assembleia Geral, onde participaram os principais governantes mundiais, menos o Brasil e isso, por si só, já demonstra a incoerência do discurso.
No discurso, poderiam ser enfatizados os temos de extrema relevância da atualidade, principalmente no que tange à economia, ao social, à segurança pública e outros assuntos de interesse mundial, a propiciar motivação por  aplicação de investimentos estrangeiros, tão indispensável ao desenvolvimento socioeconômico do país.
Na minha modesta opinião, o Brasil perdeu excelente oportunidade para a reafirmação de grandeza no contexto mundial, quando poderia ter deixado no palco das nações, literalmente presentes e unidas, a sua verdadeira digital de nação grandiosa e de seu povo maravilhoso, com a mensagem limpa de ressentimentos, objetiva e vanguardista de estadista imune a questiúnculas e desavenças, em absoluta sintonia com os princípios diplomático e civilizado.
Em síntese, é de se lamentar que o presidente da República brasileiro tenha se deslocado para Nova York, em enorme sacrifício em fazer viagem extremamente desgastante, depois de se submeter à demorada cirurgia, para se apresentar ao mundo com as mãos vazias de mensagens úteis, ainda sob o fabuloso e deplorável pecado de dizer das suas mágoas sobre algo que teria tido muito maior valor se tivesse sido esquecido, para o bem do Brasil e quiçá do mundo.
Brasil: apenas o ame!     
Brasília, em 24 de setembro de 2019

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