domingo, 8 de setembro de 2019

O pior dos mundos?


Diante das posições de reafirmação do presidente da República, que busca, a qualquer custo, mostrar independência de autoridade e poder, parte expressiva do comando político nacional se sentiu marginalizada, perdendo influência e voz, e, como consequência, está retirando seu apoio ao presidente, em clara demonstração de que ele vem se distanciando de seus propósitos de campanha, quando defendia mudanças de atitudes e princípios.
No momento, percebe-se que alguns segmentos alinhados com a direita tida por civilizada, tendo por princípio a defesa das teses do liberalismo econômico, estão deixando o barco comandado pelo presidente, que optou, em definitivo, pela evidenciação de acalorado debate radical e sectário.
Integrantes do Movimento Brasil Livre (MBL) e do Vem pra Rua, que tanto se movimentaram e se empenharam para elegê-lo presidente, além de partidos de centro-direita e representantes de categorias de artistas, policiais, defensores da Operação Lava-Jato, entre outros, que até então se enfileiravam de mãos dadas em nome das causas dele, decidiram pular, de vez, do barco dele, por entenderem que ele resolveu ter a liderança hegemônica da direita, nos moldes como foi feito pelo líder idolatrado da esquerda, não dando a menor chance para os líderes formadores de opinião.
Não há dúvidas de que a precoce deserção de importantes apoiadores, além de mostrar fragilidade do governo, acontece em momento delicado do presidente, que também perde popularidade, em razão da sua insistência em esticar a corda nas discussões ideológicas e infrutíferas, que não são percebidas por ele, mas que têm sido severamente prejudiciais às sadias políticas próprias e essenciais à governabilidade.
Na verdade, o presidente ainda não compreendeu que a campanha eleitoral já acabou há quase um ano e isso vem causando bastante desânimo por parte de seus apoiadores, que gostariam muito que ele assumisse a cadeira presidencial, se preocupando com a exclusiva governabilidade do Brasil, afastando-se, em definitivo, das discussões inócuas e desgastantes para o mandatário e o próprio país, conforme mostram os fatos do cotidiano.
A verdade é que as trapalhadas do presidente, mediante seu discurso radical, provocativo e até desrespeitoso, tem contribuído, de forma potencial, para prejudicar e atrapalhar o andamento das reformas de suma importância para o ajuste das contas do governo, diante da insatisfação por parte daqueles que gostariam de cooperar com a superação dos problemas de governabilidade, mas atos presidenciais inadequados estão na contramão dos interesses nacionais.
Muitos apoiadores do presidente reclamam dos cortes, por exemplo, nos recursos tanto da educação como das bolsas de estudos, sendo que estas se inserem em programa de incentivo ao conhecimento científico e tecnológico, que precisa ser priorizado pelo governo, mas, ao contrário, o que se vê são cortes em área que deveria merecer cuidados especiais, porque ela e importante para o desenvolvimento do país, diante da necessidade da criação de banco de talentos.
Outros apoiadores do presidente mostraram insatisfação diante da sua intervenção em órgãos de combate à corrupção, como a Polícia Federal, Receita Federal e Coaf (que foi extinto por ele e criado ou órgão similar junto ao Banco Central), os quais o criticaram e o atacaram justamente pelo fato de essas instituições terem participado de investigações, no Rio de Janeiro, do filho dele, com base em denúncia de atos irregulares atribuídos a ele (ao filho).
Na realidade, muitos apoiadores do presidente entendem que a intervenção presidencial nos referidos órgãos demonstra o distanciamento dele ao discurso de combate à corrupção, exatamente por ele ter agido, de maneira explícita, em defesa de seu filho, quando, em razão do cargo que ocupa, caberia a ele ficar longe dos acontecimentos.
Nesse caminho trilhado pelo presidente, ele vem perdendo importante apoio da classe artística, que normalmente seus expoentes são simpatizantes da esquerda, mas muitos deles estão desiludidos com a falta de compromisso com a governabilidade responsável do presidente e estão indo embora, como é o caso de famoso cantor, que, ao sair, disse, de forma surpreendente, que “Esse cara não me representa”, tendo acrescentado que o presidente “não tem capacidade intelectual e emocional para gerir o Brasil”.
Depois desse cantor, outros artistas resolveram sair em retirada contra o “mito”, mostrando o fim da aliança que teve pouquíssimo tempo de duração, possivelmente por não entenderem o motivo pelo qual o presidente se preocupa muito mais com futilidades do que com os assuntos da maior relevância para o país.
Ao que tudo indica, conforme o movimento perdulário da nau comandada claramente à deriva e sem o devido norte, com forte sinalização de desgovernabilidade, por opção soberana do seu timoneiro, que poderá ficar isolado no mesmo palanque dos radicais, se imaginando que a efetiva consolidação da polarização com o PT, em 2022, é só o que importa para ele, o que seria prenúncio dos piores dos mundos para os brasileiros, que não suportam mais tamanho retrocesso de mentalidade política, visto que isso somente contribui para a potencialização da tragédia que precisa ser evitada o quanto antes, para o bem do Brasil.
Brasil: apenas o ame!
Brasília, em 8 de setembro de 2019

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