Diante
das posições de reafirmação do presidente da República, que busca, a qualquer
custo, mostrar independência de autoridade e poder, parte expressiva do comando
político nacional se sentiu marginalizada, perdendo influência e voz, e, como
consequência, está retirando seu apoio ao presidente, em clara demonstração de
que ele vem se distanciando de seus propósitos de campanha, quando defendia
mudanças de atitudes e princípios.
No
momento, percebe-se que alguns segmentos alinhados com a direita tida por civilizada,
tendo por princípio a defesa das teses do liberalismo econômico, estão deixando
o barco comandado pelo presidente, que optou, em definitivo, pela evidenciação
de acalorado debate radical e sectário.
Integrantes
do Movimento Brasil Livre (MBL) e do Vem pra Rua, que tanto se movimentaram e
se empenharam para elegê-lo presidente, além de partidos de centro-direita e
representantes de categorias de artistas, policiais, defensores da Operação Lava-Jato,
entre outros, que até então se enfileiravam de mãos dadas em nome das causas dele,
decidiram pular, de vez, do barco dele, por entenderem que ele resolveu ter a
liderança hegemônica da direita, nos moldes como foi feito pelo líder
idolatrado da esquerda, não dando a menor chance para os líderes formadores de
opinião.
Não
há dúvidas de que a precoce deserção de importantes apoiadores, além de mostrar
fragilidade do governo, acontece em momento delicado do presidente, que também
perde popularidade, em razão da sua insistência em esticar a corda nas
discussões ideológicas e infrutíferas, que não são percebidas por ele, mas que
têm sido severamente prejudiciais às sadias políticas próprias e essenciais à governabilidade.
Na
verdade, o presidente ainda não compreendeu que a campanha eleitoral já acabou
há quase um ano e isso vem causando bastante desânimo por parte de seus
apoiadores, que gostariam muito que ele assumisse a cadeira presidencial, se
preocupando com a exclusiva governabilidade do Brasil, afastando-se, em
definitivo, das discussões inócuas e desgastantes para o mandatário e o próprio
país, conforme mostram os fatos do cotidiano.
A
verdade é que as trapalhadas do presidente, mediante seu discurso radical,
provocativo e até desrespeitoso, tem contribuído, de forma potencial, para prejudicar
e atrapalhar o andamento das reformas de suma importância para o ajuste das
contas do governo, diante da insatisfação por parte daqueles que gostariam de cooperar
com a superação dos problemas de governabilidade, mas atos presidenciais
inadequados estão na contramão dos interesses nacionais.
Muitos
apoiadores do presidente reclamam dos cortes, por exemplo, nos recursos tanto
da educação como das bolsas de estudos, sendo que estas se inserem em programa
de incentivo ao conhecimento científico e tecnológico, que precisa ser
priorizado pelo governo, mas, ao contrário, o que se vê são cortes em área que
deveria merecer cuidados especiais, porque ela e importante para o
desenvolvimento do país, diante da necessidade da criação de banco de talentos.
Outros
apoiadores do presidente mostraram insatisfação diante da sua intervenção em
órgãos de combate à corrupção, como a Polícia Federal, Receita Federal e Coaf (que
foi extinto por ele e criado ou órgão similar junto ao Banco Central), os quais
o criticaram e o atacaram justamente pelo fato de essas instituições terem
participado de investigações, no Rio de Janeiro, do filho dele, com base em
denúncia de atos irregulares atribuídos a ele (ao filho).
Na
realidade, muitos apoiadores do presidente entendem que a intervenção presidencial
nos referidos órgãos demonstra o distanciamento dele ao discurso de combate à
corrupção, exatamente por ele ter agido, de maneira explícita, em defesa de seu
filho, quando, em razão do cargo que ocupa, caberia a ele ficar longe dos
acontecimentos.
Nesse
caminho trilhado pelo presidente, ele vem perdendo importante apoio da classe
artística, que normalmente seus expoentes são simpatizantes da esquerda, mas
muitos deles estão desiludidos com a falta de compromisso com a governabilidade
responsável do presidente e estão indo embora, como é o caso de famoso cantor, que,
ao sair, disse, de forma surpreendente, que “Esse cara não me representa”,
tendo acrescentado que o presidente “não tem capacidade intelectual e
emocional para gerir o Brasil”.
Depois
desse cantor, outros artistas resolveram sair em retirada contra o “mito”,
mostrando o fim da aliança que teve pouquíssimo tempo de duração, possivelmente
por não entenderem o motivo pelo qual o presidente se preocupa muito mais com futilidades
do que com os assuntos da maior relevância para o país.
Ao
que tudo indica, conforme o movimento perdulário da nau comandada claramente à
deriva e sem o devido norte, com forte sinalização de desgovernabilidade, por
opção soberana do seu timoneiro, que poderá ficar isolado no mesmo palanque dos
radicais, se imaginando que a efetiva consolidação da polarização com o PT, em 2022,
é só o que importa para ele, o que seria prenúncio dos piores dos mundos para
os brasileiros, que não suportam mais tamanho retrocesso de mentalidade
política, visto que isso somente contribui para a potencialização da tragédia
que precisa ser evitada o quanto antes, para o bem do Brasil.
Brasil:
apenas o ame!
Brasília, em 8 de setembro de 2019
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