quarta-feira, 25 de setembro de 2019

É preciso sensibilidade


Escrevi, ontem, diante de normal preocupação com a vida do ser humano, a crônica intitulada “Apelo à sensibilidade”, versando cerca da lastimável e inadmissível situação referente aos animais soltos nas estradas do interior do Nordeste, com maior frequência, em que, quase sempre, no caso de motociclista, há final desastroso, com a perda da vida.
Nesse texto, fiz apelo a Deus e ao mundo, em grau desesperador, não por ser potencial vítima, mas por não mais aceitar que tão importantes vidas humanas sejam perdidas de forma injustificável, inaceitável, uma atrás da outra, exatamente pela omissão de autoridades públicas e da própria população, que tem ainda a principal contribuição da gigantesca irresponsabilidade dos donos dos animais, que os criam soltos e não assumem nenhuma punição pelo mal causado à sociedade, no caso de acidentes com o envolvimento deles.
É preciso que todos, autoridades, população e proprietário de animais, em forma de conscientização, se unam para discutir a melhor maneira de preservação de vidas humanas, que não podem ser desfeitas com tanta facilidade, quando há enormes condições para a solução desse gravíssimo problema, bastando, em primeiro lugar, que a vida seja realmente valorizada, porque até o presente momento, se nada ainda foi feito nesse sentido, é precisamente porque não houve interesse em valorizar a vida humana, e, em segundo lugar, é preciso que haja mobilização urgente de todos, no sentido de se buscar maneira efetiva e factível de se evitar a reincidência desses casos desagradáveis.  
Demonstrando enorme preocupação com essa dramática situação, o genial Dintinho Minervino emitiu abalizada opinião acerca dessa deprimente realidade, tendo dito, verbis: “O maior problema sobre os animais soltos nas estradas é exatamente eles terem donos, donos estes conhecidos da administração municipal. Não podem prender porque eles pertencem ao compadre, ao amigo ou no mínimo a um eleitor. É bem verdade que o Administrador é eleito para administrar para todos, mas na realidade não é assim que acontece. nem precisa falar isso, pois é do conhecimento de todos.”.
Em resposta, eu apenas bato palmas para o genial e sábio Ditinho, por sua análise perfeita, precisa e justa, porque parece que o seu raciocínio pode sim ter fundo de verdade, para justificar tamanho descaso por parte de quem tem a incumbência de cuidar da segurança das estradas, mesmo que elas sejam da alçada federal ou estadual, não importa, porque a preservação da vida humana é dever do Estado, que tem a incumbência de garantir a integridade e segurança da população.
É exatamente isso que pode estar acontecendo, mas é preciso que a população se conscientize sobre a premência de medidas saneadoras, por meio de atos de repúdio e protesto contra esse pernicioso estado de coisas, porque a vida humana está muito acima de qualquer compadrio, que não pode prejudicar o interesse público, para se abandonar o controle e a fiscalização de incumbência do Estado, como forma de proteção à vida, que apenas fica à mercê da sorte.
É preciso sim que a população de movimente, não concordando com esse horrível estado de coisas, que só demonstra o inaceitável atraso da sociedade, que precisa se despertar, com urgência, dessa inadmissível letargia extremamente prejudicial aos interesses da população, que evidencia forma passiva e comodista diante do status quo, ao permitir a existência de situação que já era para ter sido solucionada há bastante tempo, diante dos gigantescos danos já causados a vidas humanas.
Infelizmente, a solução do problema ainda pende da boa vontade de homens públicos que não passam de autênticos omissos e irresponsáveis, por não se preocuparem com os sinistros que acontecem às suas barbas, ao permitirem que situações horrorosas como essa de animais soltos nas pistas continuam contribuindo normalmente para a perda de preciosas vidas e, o pior, ninguém tem sido responsabilizado nem punido, em evidente estado sem leis e normas capazes de obrigar a reparação dos prejuízos causados às vítimas e às famílias, os quais nem existiriam, com tanta frequência, se houvesse norma de controle e fiscalização sobre animais soltos, além da conscientização de todos sobre a gravidade desse problema.
Por questão de justiça, chega-se à conclusão de que, nesse caso, um dos principais causadores de todas as desgraças é mesmo a sociedade, que sabe perfeitamente a dimensão da tragédia, com a perda de vida humana, e quem são os homens públicos incumbidos de dar cabo a essa lamentável situação e simplesmente a aceita, com a maior passividade, sem mover uma pena.
O mais grave de tudo isso é saber que, apesar dos pesares, os eleitores ainda os elegem ou reelegem, mesmo sabendo que eles foram incapazes, até aqui, de promover medidas saneadoras sob a sua incumbência, deixando de solucionar ou minimizar essa reiterada tristeza, de devastador sofrimento para as famílias que perdem entes queridos, na consciência de que a monstruosidade tem sim como se resolver, bastando tão somente tocar à sensibilidade dos homens públicos e da sociedade em geral, porque todos juntos são poderosos em força para resolver qualquer problema, por mais grave que seja, desde que haja boa vontade e interesse.
Nesse contexto, em que se analisa questão de enorme relevância social, não se pretende senão aproveitar o frescor de caso que acaba de acontecer para chamar a atenção das pessoas potencialmente interessadas, assim como eu, só que possam atuar diretamente na cidade de Uiraúna, principalmente para a sensibilização das autoridades, com vistas à busca, o mais rapidamente possível, de mecanismos capazes de contribuir para a solução desse gravíssimo problema dos aninais soltos nas estradas.   
Brasil: apenas o ame!
Brasília, em 25 de setembro de 2019

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