sábado, 21 de setembro de 2019

O Brasil vai à ONU


A Organização das Nações Unidas (ONU), órgão intergovernamental, tem por objetivo primordial a promoção da cooperação internacional.
A essência da sua função envolve, em especial, a diplomacia com vista à pacificação de conflitos entre países, embora, na prática, isso tem sido longe de se realizar, diante da falta de resultado nesse sentido.
Não é nenhuma novidade, porque já foi declarado, muitas vezes, o presidente brasileiro não é lá muito amante ao diálogo, ou seja, ele é alérgico a essa prática, já tendo declarado que detesta a ONU, mas, mesmo assim, sem o mínimo de amores por esse órgão e ainda convalescendo de recente cirurgia de hérnia, ele garantiu que irá a Nova York, para ler, no próximo dia 24, seu discurso de abertura da 74ª Assembleia Geral da instituição.
O porta-voz da Presidência da República disse que o presidente deverá ser “enfático” e “falará de coração”, onde terá oportunidade para explicar a “sua política ambiental baseada na sustentabilidade, realçará o combate à corrupção e anunciará o fim da diplomacia com viés ideológico.”.
Falavam-se que as recomendações médicas o aconselhavam a não viajar, mas o fato é que foram diagnosticados sérios focos de protestos contra o presidente brasileiro, por meio de movimentos organizados, o que acendeu a luzinha de advertência, acenando para cuidados especiais ao presidente brasileiro.
Não obstante, a preocupação maior adveio com a possibilidade de o próprio plenário da ONU se rebelar contra a presença do presidente brasileiro, em razão de seus destemperos verborrágicos, quando, atropelando os princípios democráticos, de forma grosseira, desandou a maltratar presidentes de países amigos, em termos comerciais e de relações diplomáticas.
Nessa situação nada agradável de passeatas, em protestos contra a presença do mandatário brasileiro, seria o fim dos mundos se os chefes de Estado lhe derem às costas, no exato momento  quando ele começar a falar na tribuna da ONU ou, de outra feita, retirando-se do plenário, em sinal de veemente protesto, porque não seria nada impossível, diante das grossuras e indelicadezas por parte do presidente tupiniquim.
É evidente que tudo isso não passa de conjectura, mas, nesse contexto de animosidade e de descortesia, não seria indelicadeza ou falta de educação, porque o presidente brasileiro faz questão de responder as agressões recebidas no mesmo nível ou pior ainda, o que demonstra extrema falta de polidez, no âmbito das relações entre nações tradicionalmente amigas, em que as divergências são tratadas por meio de tratativas diplomáticas, em que as agressões não fazem parte do diálogo, à vista do sempre aconselhável respeito aos princípios civilizatórios.
Na verdade, é preciso entender que o presidente brasileiro tem como princípio se comportar à sua maneira, de forma deseducada e ofensiva em relação à ONU, a quem já demonstrou desprezo, tendo a chamado de “local de reunião de comunistas”, tendo, inclusive, prometido, ainda na campanha eleitoral: “se eu for eleito, saio da ONU, porque não serve para nada essa instituição”, em clara demonstração de desprezo a órgão que precisa ser respeitado, mesmo que não tenha conseguido realizar, com efetividade, a sua missão essencial, que é a garantia da paz mundial, mas essa forma de desprestígio somente contribui para dificultar ainda mais a missão pela qual ela foi institucionalizada, como forma de justificar a sua existência.
Na prática, o Brasil se tornou ainda mais mal visto, com relação ao meio ambiente, quando demonstrou desinteresse em participar da Cúpula do Clima, que já está acontecendo na sede da ONU, tendo sido, por isso, vetado o seu discurso no evento, o que só confirma o vergonhoso vexame diplomático, porque o Brasil, sede de um dos maiores biomas terrestres, jamais poderia ter ficado fora de evento de suma importância dessa cúpula, onde certamente serão expostos e debatidos graves problemas de todo o mundo.
Ademais, é notória a insatisfação com o visível descaso demonstrado pelo Brasil às questões relacionadas com a preservação ambiental e pelas causas indígenas, além das gravíssimas denúncias sobre as queimadas na Amazônia, motivando a realização de muitos protestos, em nível, principalmente.
Diante desses fatos extremamente lamentáveis, convém que o Brasil repense, com muita urgência, as suas políticas direcionadas ao meio ambiente, no seu conjunto, de modo que elas passem a ser absolutamente convergentes com os sentimentos civilizatórios em demonstração da sustentabilidade das condições da vida saudável.
Brasil: apenas o ame!
Brasília, em 21 de setembro de 2019

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