domingo, 29 de setembro de 2019

Mediocridade?


O presidente da República demonstrou incômodo com as críticas que recebeu pelo seu discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, nos Estados Unidos da América.
O presidente afirmou ter assistido à sua fala novamente e que não considerou suas posições agressivas, tendo indagado o seguinte: “Queriam alguém lá que fosse para falar abobrinha, enxugar gelo e passar o pano?”.
Para o presidente, alguns setores da mídia “foram para o esculacho”.
Ele foi além, tendo afirmado que “Não fui ofensivo com ninguém. Assisti ao que eu falei, seria muito mais cômodo eu fazer um discurso para ser aplaudido, mas não teria coragem de olhar para a cara de vocês aqui.”, ao se dirigir aos apoiadores que o aguardavam na saída do Palácio da Alvorada.
O presidente entendeu que “Foi um discurso patriótico, diferente de outros presidentes que me antecederam, que iam lá para ser aplaudidos e nada além disso.”.
Nesse ponto, o presidente seria incoerente consigo mesmo se concordasse com os críticos ao seu discurso, ou seja, o seu papel é o de defender as bobagens que ele poderia muito bem substituí-las com frases estritamente próprias de estadista, com reafirmação da soberania nacional, sem necessidade de replicar insultos e acusações sobre assuntos que já foram desgastantes demais nos últimos dias, envolvendo a figura dele e de outros presidentes despreparados e completamente desassessorados, que poderiam contribuir com discurso com o mínimo de equilíbrio, ponderação e civilidade, em se tratando da abertura da principal assembleia da ONU.
Mesmo que não queira aceitar, estritamente por questão pessoal, a opinião da imprensa mundial e dos entendidos em diplomacia foi a de que o presidente brasileiro criticou, em especial, com palavras duras, desnecessárias e inadequadamente para o evento da maior relevância, que recomendaria moderação e espírito de sociabilidade, os governos anteriores do PT, o socialismo, com enfoque para os casos de Cuba e Venezuela, e os países estrangeiros que questionaram o Brasil sobre as queimadas na Amazônia e a defesa do meio ambiente.
Em nada, mas em nada mesmo houve contribuição do presidente em ter decidido fazer absurdas e inúteis acusações aos defensores e idólatras da esquerda, porque isso é tão insosso e sem expressão que somente reforça o empobrecimento do seu discurso, principalmente porque aquele órgão está recheado de esquerdistas, que a sua fala não passou de perda de tempo, apenas demonstrando a sua ojeriza ao regime socialista, algo que o menos ignorante sabe muito bem disso.
Agora, não se pode olvidar que o seu discurso foi realmente verdadeira glória para seus fiéis e apaixonados seguidores, que vão ao auge da excitação quando o presidente reage com insensatez, grosseria e incivilidade às críticas que são feitas a ele e ao seu governo, em clara demonstração de desequilíbrio e intolerância, que são completamente incompatíveis com a figura de estadista cônscio da sua responsabilidade de administrar o país da grandeza do Brasil, sob a observâncias os consagrados princípios moderação, sabedoria e inteligência, como forma de mostrar que a educação na gestão pública pode perfeitamente contribuir para o apoio dos brasileiros que repudiam o confronto e a descortesia nas relações sociais.
Convém que haja a conscientização de que o ocupante do principal cargo da República precisa dar bons exemplos de cidadania e ponderação, mesmo que ele seja agredido por palavras mais fora do costume, porque a liturgia do cargo aconselha que o mandatário mature as suas reações em público, como forma de contemporização e não de revide, como tem sido a sua marca registrada de mostrar imediata indignação, justamente para satisfazer às pessoas que preferem que ele não meça as palavras e diga logo tudo o que sente e ponha para fora todo o seu sentimento de rancor e incivilidade, não condizentes com a relevância do seu cargo.
A verdade é que os brasileiros sensatos e com o mínimo de sentimento de civilidade não gostariam que o presidente de seu país fosse para a tribuna da ONU propagar inutilmente abobrinhas, nem muito menos que ele se apresentasse com discurso medíocre de ideias, recheadas de menções absolutamente fora do contexto do concerto das nações.
O brasileiros gostariam muito mais em saber o que o seu governo vem fazendo para o fortalecimento dos princípios econômicos, a retomada do crescimento econômico, as reformas estruturais do Estado que estão sendo examinadas, os resultados das medidas destinadas ao combate à corrupção, as providências efetivas de proteção ao meio ambiente, a verdade sobre as queimadas, com detalhes sobre a sua evolução, as questões relacionadas com o agronegócio e outras medidas estritamente relacionadas principalmente com a economia interna brasileira que interessam aos investidores internacionais.
Ou seja, o pensamento diferente disso apenas contribui para a perda de tempo em evento tão importante para se mostra algo realmente de valor e interesse para o Brasil, que não pode permitir o sentimentalismo ideológico vacilante, com a finalidade de satisfazer apoiadores da mesma mentalidade retrógrada de confronto e intolerância.
Não se pode ignorar que os investidores internacionais somente aplicam seus capitais em país cujo governante demonstre o mínimo de sensibilidade, equilíbrio e sabedoria para compreender que futricas e intrigas paroquianas, muitas delas tratadas no discurso presidencial, não merecem a menor atenção, salvo para certificar-se sobre a mediocridade e a falta de inteligência do mandatário, por ter perdido, no caso, excelente oportunidade para falar para o mundo algo realmente de importância no contexto internacional.  
Os brasileiros com um pouco de sensibilidade e inteligência não podem concordar nem aceitar que discurso preparado como se fosse para campanha eleitoral - que foi o caso - seja apresentado logo na tribuna da ONU e ainda mais na abertura solene da sua Assembleia Geral, quando as lideranças mundiais estavam, por certo, ávidos para ouvir discurso verdadeiramente apropriado para o momento especial, mas foram obrigados a tolerar, por mais de trinta minutos, peça horrível, das mais pobres possíveis para o momento, que teve apenas a primazia de satisfazer “meia” dúzia de brasileiros, que ainda a aplaudem como se fosse algo em demonstração de patriotismo, coragem e bravura, quando teria sido bem melhor, para a saúde do presidente  (já que ele passou por cirurgia) e do Brasil que nem discurso tivesse, o que teria evitado tamanho vexame global.
Brasil: apenas o ame!
Brasília, em 29 de setembro de 2019

Nenhum comentário:

Postar um comentário