quinta-feira, 5 de setembro de 2019

Frustração


O governador de São Paulo, depois de ter sido chamado, de forma jocosa e desrespeitosa,  de "ejaculação precoce" pelo presidente da República, reagiu e disse que foi criticado da mesma maneira pelo ex-presidente da República petista, em 2016, quando venceu o candidato dele, no primeiro turno, na disputa pelo cargo de prefeito da capital paulista.
O mencionado tucano disse que "O Lula também falava isso em 2016, quando eu me apresentei como pré-candidato do PSDB às prévias do meu partido. E, para tristeza do ex-presidente e hoje presidiário Lula, eu não só ganhei as eleições na capital como ganhei no primeiro turno do Fernando Haddad, que era então o candidato que o Lula carregava no colo e dizia que seria facilmente reeleito".
Em café da manhã com jornalistas da Folha de S.Paulo, o presidente do país havia afirmado que o governador de São Paulo não tem chance nas eleições presidenciais de 2022, porque é uma "ejaculação precoce", em possível afirmação diante da possibilidade de o tucano adiantado que pretende concorrer ao Palácio do Planalto, na próxima eleição.
Na avaliação do presidente brasileiro, o político tucano deveria pensar "talvez" somente nas eleições de 2026, porque ele "não tem apoio popular", como se ele fosse visionário eleitoral.
Enquanto isso, o presidente já declarou à Folha de S.Paulo que está disposto a concorrer à reeleição, tendo afirmado que "Pretendo sim, se estiver bem lá".
Em princípio, o governador, em sua resposta, afirmou que não entraria "em polêmica", mas deve ter pensado melhor e decidiu colocar "uma pitadinha de bom humor", ao comparar os ataques feitos a ele pelo ex-presidente e pelo o atual.
O governador, em tom visivelmente de moderação e sensatez, disse que "O momento não é de polemizar, mas de administrar. Todos temos uma responsabilidade na gestão, o prefeito Bruno Covas, eu como governador, e o presidente Jair Bolsonaro tem o dever de administrar bem o seu país. Nós todos temos que fixar responsavelmente as nossas ações e as nossas atitudes para fazer boa gestão. O Brasil tem ainda quase 13 milhões de desempregados, são pessoas que esperam e mantém suas esperanças no governo Bolsonaro e nos prefeitos de suas cidades para que possam fazer boa gestão".
Como não poderia ser diferente, a primeira-dama de São Paulo, por meio de nota, repudiou a declaração do presidente do país, ao afirmar que se trata de "expressões chulas, que ferem e desrespeitam a família brasileira e a importância do cargo que ocupa".
Depois da parceria vitoriosa de ambos políticos, na última eleição, em que a popularidade do então candidato presidencial era notória e o presidente ajudou a eleger o tucano, em 2018, mas a história mudou, azedando as relações entre ele e o tucano, que tem buscado se distanciar do presidente brasileiro, como o cão foge da cruz, haja vista que eles disputam a mesma faixa do eleitorado de direita.
Esse fato resulta no inevitável jogo baixo, notadamente por parte do presidente do país que procura estampar na pessoa do tucano a pior imagem possível, evidentemente com o firme propósito de denegri-la e destruí-la politicamente.
O presidente não perde tempo para atacar o tucano, já tendo, inclusive, afirmado que o governador está "morto para 2022.”, na tentativa de aniquilá-lo politicamente.
Ainda tem a acusação presidencial de que o tucano havia "mamado nas tetas do BNDES", em governo passado, com referência à compra de jatinho a juros subsidiados do banco, com o que o governador a rebateu, afirmando que nunca precisou mamar em "teta nenhuma".
À toda evidência, essa forma de relações promíscuas entre políticos não se diferencia de nada da imunda, rasteira e odiosa velha política, em que os homens públicos põem às claras as suas vis intenções predominantemente interesseiras, de falta de caráter e personalidade, pensando exclusivamente na defesa brutal das conveniências políticas pessoais.
Vejam-se que foram tão somente oito meses de governo, que praticamente, nada ou quase nada se pôde fazer em benefício da população, quanto à realização de ações efetivas para melhorar a vida dos brasileiros, exatamente em harmonia com as metas oferecidas e prometidas para a nação.
De forma extremamente grotesca, irresponsável e até desavergonhada, o presidente já entra precocemente na disputa eleitoral da reeleição, procurando, de forma insistente e cruel, desmilinguir a imagem do seu principal possível concorrente ao mesmo cargo.
O pior é que ele faz uso de linguagem paupérrima e inadequada, muito aquém da dignidade que precisa ter o ocupante do principal cargo da República, que não pode se equiparar, em postura, a quem maltrata proposital a rica língua portuguesa, fato que somente contribui para a perda da sua já desgastada credibilidade como importante representante dos brasileiros, que cada vez mais imploram para que o mandatário do Brasil se conscientize de que ele não pode se prostituir em indecência cotidiana, se permitindo que a sua popularidade se esvaia em escala perigoso e irrecuperável.    
Diante dessa situação extremamente deplorável, em que o presidente do país nem mesmo consegue tomar posse efetiva do cargo, já se movimenta para a sua reeleição, procurando isolar concorrente de peso, fato que só compromete o seu mandato, que tem sido alvo das mais pesadas e contundentes críticas surgidas de todos os flancos, em escalada jamais acontecida na fragilizada República, que clama por estadista de verdade, que tenha consciência sobre a sua primacial função de tão somente administrar com zelo, amor e responsabilidade os negócios do Brasil, de modo a se preocupar exclusivamente com o equacionamento dos gigantescos problemas brasileiros, com vistas à adoção das providências para a sua solução.
Causa perplexidade que, em pleno século XXI, ainda seja possível a existência de homem público com a mentalidade própria da idade da pedra, que não tem condições para perceber nem vislumbrar os estragos que o seu desempenho pífio e maléfico como administrador voltado para assuntos da reeleição, quando sequer deslanchou no atual mandato, vem causando para a população, que esperava as anunciadas e ansiadas mudanças, inclusive de mentalidade política, mas o que se enxerga é muita frustração e decepção, diante do caos que se fortalece e se consolida dia após dia, em verdadeiro atropelamento das esperanças dos brasileiros.
Brasil: apenas o ame!
Brasília, em 5 de setembro de 2019

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