sábado, 11 de fevereiro de 2012

Greve dos militares

Nos últimos dias, a população brasileira, extasiada e perplexa, foi envolvida e obrigada a assistir o noticiário televisivo, com cenas lamentáveis, tratando das greves dos policiais militares, reivindicando remuneração digna, pelo menos compatível com a necessidade da sobrevivência sua e dos seus familiares como seres humanos, eis que, no caso do Estado do Rio de Janeiro, no alto de uma brutal indiferença e indignidade, comete uma de suas maiores injustiças sociais, ao pagar aos Policiais Militares e Bombeiros o piso salarial bruto da vil merreca de R$ 1.277,13, mesmo com algumas gratificações de periculosidade, insalubridade, segurança pública e outras congêneres. Tudo isso é mais do que insuficiente não somente para administrar as variadas despesas do lar, mas sobretudo para evitar que esses militares se associem à bandidagem, trabalhando para o crime organizado e participando dos seus lucros, com propinas e outras vantagens ilícitas, contribuindo de forma decisiva para que aquele Estado seja comandado e dominado pelos narcotraficantes e bicheiros. Em que pese ser o principal ente da federação a arrecadar bilionárias verbas oriundas da exploração do ouro negro, que, de forma inexplicável, ninguém sabe a sua verdadeira destinação, deixando evidente a má gestão dos recursos públicos e a falta de priorização dos programas governamentais. Não obstante, as autoridades governamentais e a intelectualidade nacional entendem que os participantes dessas greves, tanto do Rio de Janeiro como da Bahia, devem ser punidos com severidade e de forma exemplar, em especial, aqueles que incitaram a violência e invadiram o patrimônio público. Na forma constitucional, aos militares não é permitido a participação em movimento grevista, com vistas a reivindicar qualquer espécie de vantagem, nem mesmo o reconhecimento das autoridades de que eles também têm o direito de viver com a dignidade inerente a todo ser humano, sem precisarem se prostituir junto ao crime organizado. Não deixa de se tratar de atitude de extremo desespero de quem se acha acuado e limitado diante da sua vergonhosa remuneração, cuja situação jamais ocorria caso houvesse política salarial compatível com as relevantes funções desempenhadas por tão importantes categorias de servidores públicos, que têm a responsabilidade de propiciar segurança à sociedade e salvar as suas vidas, em total comprometimento de suas próprias vidas. Os governos precisam agir, com urgência e a necessária firmeza, contra a corrupção, os atos de improbidade administrativa, as coligações fisiológicas, o inchaço da máquina pública, a impunidade, a incompetência de gestão dos recursos públicos e tantas mazelas semelhantes que não permitem que o Estado funcione com eficiência e economicidade, mas certamente possibilitaria a priorização dos seus programas governamentais, inclusive o pagamento decente, razoável e justo da remuneração dos servidores públicos, incluída a dos Policiais Militares e Bombeiros, com o que ficaria eliminado definitivamente do vocabulário do serviço público esse execrável verbete greve, que ainda existe em razão da clara incompetência dos governantes. Acorda, Brasil!      

ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 11 de fevereiro de 2012

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