quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Meros cabides de empregos

Tendo por base pesquisa realizada por Datafolha, quase metade dos brasileiros entende que a atual quantidade de 38 ministérios é demais para uma boa e eficiente administração pública. Na pesquisa, 44% dos entrevistados dizem que esse número é maior do que o país necessita para se desincumbir de suas atribuições constitucionais, enquanto 29% afirmam que ele é adequado, 15% o acham insuficiente e 11% não souberam responder. Os entrevistados consideram descartáveis a Secretaria de Assuntos Estratégicos, com 15%, o Ministério da Pesca com 13%, o Gabinete de Segurança Institucional, com 10%, além da Secretaria Especial de Políticas de Promoção de Igualdades Sociais, Secretaria dos Portos, Secretaria de Relações Institucionais, entre outros. Acredita-se que a pesquisa só pode ter sido manipulada, porque quase a totalidade dos brasileiros é favorável à diminuição drástica, por extinção ou fusão, dos ministérios, diante do pouco resultado que eles produzem para a nação. Na verdade, a sociedade tem absoluta razão ao considerar ser extrema maluquice manter uma estrutura administrativa inchada com quase 40 ministérios, quando se sabe muito bem que um governo eficiente, moderno e funcional, em condições de manter controle sobre o funcionamento e as estratégias de Estado, jamais poderia permitir a existência de tantos órgãos visivelmente obsoletos e sem qualquer meta objetiva a alcançar, por não haver justificativas plausíveis para os altos dispêndios realizados por seu intermédio ou para a sua subsistência. A enormidade de ministérios, além dos empecilhos naturais criados com o incremento da burocracia, tornando-a ainda mais complicada do que já é, facilita de forma preponderante a constituição de esquemas de corrupção envolvendo recursos públicos. Não à toa que a sustentação da base política do governo somente é mantida com a substancial ajuda das alianças garantidas com a distribuição dos ministérios para os partidos coligados, que sem escrúpulo algum os entregam para a direção de políticos fisiológicos e defensores apenas dos interesses seus e das suas agremiações. Na prática, os ministérios, principalmente os descartáveis, os que nada têm o que fazer no governo, funcionam como verdadeiros cabides de empregos, para sustentação de afilhados políticos, sindicalistas e demais protegidos ineptos. Por razões naturais do atual sistema clientelista, a tendência, infelizmente, é a criação de mais órgãos, para a acomodação dos partidários e aliados políticos, sem qualquer critério técnico que a justifique, em especial no que se referem aos requisitos da necessidade do atendimento do interesse público e do custo-benefício. Como a fatura dessa incompetência gerencial e administrativa do governo, no que diz respeito à falta do dimensionamento da máquina pública, é encaminhada mensalmente para o contribuinte pagar, urge que a sociedade se manifeste contrariamente a esse abuso notadamente lesivo à economia e ao desenvolvimento nacionais. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em1º de fevereiro de 2012

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