quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Toma lá dá cá...

O Palácio do Planalto não consegue conviver sem a participação dos seus “famosos” aliados que protagonizaram o maior esquema de corrupção com dinheiros públicos no Ministério dos Transportes, mais especificamente mediante a prática de superfaturamento de obras e recebimento de propina envolvendo servidores e órgãos ligados à pasta, propiciando apenas o afastamento, por vontade própria, de alguns servidores, incluído o titular da pasta, o mentor e facilitador das falcatruas. O governo saudoso dos ”bons tempos” e não suportando o afastamento dos corruptos, acaba de formular convite às bancadas do PR no Senado Federal e na Câmara dos Deputados, para que essa legenda volte oficialmente à base aliada. Entretanto, o partido não quer retornar ao colo do governo sem a recompensa de um ministério, uma vez que esse afago seria suficiente para se colocar panos quentes num episódio que até agora nada foi esclarecido para a sociedade, porque não se tem notícia sobre a apuração das graves irregularidades e dos prejuízos decorrentes da alarmante improbidade administrativa que grassava nas entranhas dos programas oficiais de transportes, nem houve qualquer punição para o bando de aproveitadores das verbas públicas. Todo mundo está calejado de saber que o tempo é o senhor da razão e isso faz com que o povo nem se lembre mais da molecagem, da traquinagem que corria solta no Ministério dos Transportes e no seu principal órgão das estradas, o famigerado Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, que disseminou no país inteiro uma rede facilidade para desviar recursos públicos, mediante a contratação de obras que não serviram para sanear a deficiente malha rodoviária brasileira, tão castigada pelos abandonos dos governantes. Não obstante, certamente logo terá uma definição favorável ao entendimento, uma vez que o PR quer ainda uma conversa com a presidente da República para informá-la que "Ministério é o que temos em nosso horizonte. Temos tamanho suficiente para isso", conforme disse, em claro e bom som, um senador do partido. Com certeza, nenhum obstáculo irá dificultar o coroamento do final feliz que já se vislumbra para a união pretendida, máxime porque o PR ainda permanece firme no comando de significativa parcela das superintendências do Dnit nos Estados. Trata-se de mais um vergonhoso “toma lá dá cá” envolvendo dinheiro público, confirmando a forma sebosa e nojenta de se fazer política neste país, evidenciando a baixa qualidade da realização dos objetivos partidários. Essa troca de apoio por cargos públicos tem nome bem apropriado, que se denomina prostituição da dignidade republicana, em que os partidos se tornam fisiológicos por natureza para participar do poder e se beneficiar das benesses que os recursos públicos podem propiciá-los, à custa do sacrifício do contribuinte, tão assoberbado com a carga escorchante e irracional de tributos. A tolerância parece ter limite e a sociedade deve ser convocada para dar um basta nessa desavergonhada insensatez com a aplicação dos dinheiros públicos, que vem servindo de moeda de troca com partidos políticos, envolvendo a garantia de apoio na aprovação dos projetos governamentais, em explícito menosprezo aos comezinhos princípios constitucionais da dignidade, da honradez, da ética e da moral. Acorda, Brasil!

ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 14 de fevereiro de 2012

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