sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Descaramento parlamentar

O sentido etimológico da expressão servidor público significa, em bom português, agente selecionado, na forma da lei, mediante concurso público ou pleito eleitoral, com a precípua finalidade de bem servir ou trabalhar em benefício da sociedade, que se responsabiliza, também por força legal, na forma de tributos, pelo pagamento da sua remuneração. Embora, na qualidade de servidores públicos, pagos pelos cofres estatais, os políticos, via de regra, não têm o menor escrúpulo de desprezar esse fundamental e inarredável princípio da prestação de serviços ao povo e, ao contrário, simplesmente aproveitam essa condição especial para se beneficiar da máquina pública, notadamente com a satisfação de seus interesses pessoais, nas mais diversas formas, sem quaisquer restrições ou limites, nem tampouco preocupação com a austeridade que se exige no trato com os recursos públicos. No caso específico dos parlamentares, a sua participação é movida com o combustível do vergonhoso “toma lá dá cá”, para aprovação de projetos de interesse do governo ou da sociedade, à vista do que foi verificado recentemente com a atuação dos congressistas, no final deste último exercício, em que os projetos pautados somente passaram de etapa depois da garantia governamental de que seriam liberados os recursos referentes às emendas parlamentares, normalmente destinadas à implementação de projetos eleitoreiros individuais, com a exclusiva finalidade de promoção pessoal. Trata-se de evidente demonstração de falta de caráter por parte daqueles que desvirtuam e desrespeitam, de forma plena e descarada, a nobre missão constitucional de tão somente zelar e defender na essência o interesse público, em cujo procedimento não se inserem ações contrárias aos princípios do decoro, da ética e da moral, como no caso em comento. A sociedade repudia com veemência essa prática mesquinha e politiqueira dos parlamentares pátrios, que, a despeito da modernidade dos novos tempos, ainda preferem manter a mentalidade egoística e retrógrada voltada com exclusividade para a satisfação dos seus interesses pessoais, à custa indevida dos recursos públicos, que deveriam se destinar aos programas sociais prioritários. Acorda, Brasil!

ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 10 de fevereiro de 2012

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