À vista dos fatos deletérios mostrados à saciedade,
fica muito claro que o gerenciamento da Petrobras não diferencia da maneira
como o país vem sendo administrado, com práticas que demonstram a falta de zelo
com o patrimônio da empresa, que foi reduzido, na gestão petista, a menos da
metade, a par do elevadíssimo endividamento, que é, pasmem, superior ao próprio
patrimônio, tudo contribuindo para comprometer, de forma drástica, o seu desempenho
econômico-financeiro.
Nenhuma empresa, muito menos no porte e na
relevância da Petrobras, tem a mínima condição de viabilidade econômica sendo
administrada com incompetência, ingerência, aparelhamento dos principais cargos
e ainda submetida ao impiedoso império da arraigada corrupção, que foi capaz de
sugar, por meio de propinas, os recursos que são a fonte essencial e
substancial da empresa, contribuindo para a formação de gigantescos prejuízos e
a significativa diminuição dos investimentos, impossibilitando a ampliação dos
empreendimentos.
Conforme as revelações vindas à lume, graças às
investigações da Operação Lava Jato conduzida principalmente pela Polícia
Federal, pelo Ministério Público e pela Justiça Federal, fica muito patente que
a Petrobras era uma empresa aparelhada e comandada por agentes integrantes de
partidos políticos da base de sustentação do governo, a exemplo do PT, PMDB e
PP, com a precípua finalidade de desviar recursos dos cofres da estatal,
mediante inserção de valores superfaturados nas suas contratações, que eram
posteriormente repassados para os cofres daqueles partidos, segundo afirmações
constantes de depoimentos prestados à Justiça Federal pelo ex-diretor de
Abastecimentos da empresa.
O certo é que os brasileiros conscientizados da
gravidade dos acontecimentos deploráveis contra o seu patrimônio não aguentam
mais o tanto de incompetência, corrupção, desmando, apadrinhamento, negociata,
fisiologismo, complacência com irregularidades, impunidade, falta de zelo da
coisa pública, dinheiro jogado pelos ralos da ineficiência e da incapacidade
administrativas e tudo de ruim que se associa de forma extremamente prejudicial
aos interesses da nação, em clara demonstração da incapacidade da população de
se insurgir e se revoltar contra não somente o precioso patrimônio dos
brasileiros, mas, sobretudo, os princípios fundamentais da dignidade,
honestidade, legalidade e moralidade, que são os pilares essenciais da nação,
mediante a observância dos quais a sociedade deposita confiança e credibilidade
na forma como a nação está sendo administrada.
Em todos os setores diretamente sob a
responsabilidade da administração federal não há nada confiável que venha do
governo, à vista da precariedade da prestação dos serviços públicos, que tem
sido pródigo em lastimáveis deficiência e péssima qualidade, como evidenciam a
educação, que engatinha em carências de toda ordem, inclusive com atrasos nos
métodos de ensino e na falta de incentivo à carreira do magistério,
principalmente pelo pagamento de salário apenas compatível com o beneficio pago
ao Bolsa Família, de tão aviltantes; a saúde, que se compara à assistência
prestada nos piores países subdesenvolvidos; a segurança pública, que é incapaz
até mesmo de proteger os integrantes daqueles que têm a incumbência de manter a
ordem pública e garantir a proteção da população, permitindo que o país tenha
os maiores índices de criminalidade e de violência; a infraestrutura, pela
falta de investimentos que dificulta o enfrentamento dos gargalos que não
permitem o distanciamento do subdesenvolvimento crônico e impregnado nas
regiões interioranas, por padecerem pela falta de recursos que são abundantemente
destinados para o atendimentos de projetos da conveniência
político-administrativa do governo, com vistas à perenidade no poder, ou até
mesmo pelos financiamentos milionários a países da América Latina e da África,
normalmente governados por ditadores que menosprezam os direitos humanos e os
princípios democráticos.
Embora a crença de muitas pessoas assegure que Deus
é brasileiro, custa acreditar nessa assertiva, à luz dos acontecimentos
protagonizados pela administração da Brasil, nessa que poderia ser feliz augúrio,
porque Ele não permitiria tanta incompetência e tamanho desgoverno por tão
longo interregno, visto que, à toda evidência, sendo os brasileiros filhos de Deus,
certamente que Ele não permitiria que eles fossem castigados com extrema crueldade
e insensibilidade pela incompetência endêmica e sistema da administração do
país, que não consegue se desvencilhar das amarras dos subdesenvolvimentos
gerencial e de moralidade.
Na verdade, a grave crise que se instalou no país deve
ser imputada, em significativa parcela, ao próprio povo, que, na maioria
reduzida dos brasileiros, vem demonstrando, de forma patente, reiterada
insensibilidade e incapacidade para perceber as precariedades e as deficiências
na condução gerencial da nação, que não merece, à vista de suas
potencialidades, ser administrada sob a forma deletéria e prejudicial ao
interesse da nação, ante a incapacidade de solução das questões senão pela
tentativa do emprego da lei do menor esforço, principalmente com o aumento das
já altíssimas taxas de juros, a criação ou majoração de tributos, a retirada de
direitos trabalhistas, o aumento das tarifas elétricas e da água e outras
maldades que agridem os bolsos dos brasileiros, que, de forma inexplicável,
aceitam-nos pacificamente, quando deveriam se rebelar e se insurgir, ante a
elevada carga tributária impingida a eles e a péssima prestação dos serviços
públicos pelo Estado, que não condizem com a realidade das necessidades da
população.
É verdade que não existem receitam prontas e
acabadas para a eficiente administração do país, mas o bom senso e a
racionalidade sinalizam que o Brasil precisa, com urgência, de mudanças
competentes, sérias, abrangentes e até radicais de suas estruturas, de modo a
escoimar em definitivo as retrógradas, obsoletas e ultrapassadas práticas
político-administrativas que estão emperrando o seu progresso, que não se
compatibiliza com as visíveis precariedades na educação, na saúde, na segurança
pública, na infraestrutura e, enfim, com tudo que não funciona senão para
atender as conveniências políticas e os interesses pessoais e partidários,
visando à perenidade no poder, em completo prejuízo das causas da sociedade e
do país.
O retrato desfocado da administração do país
precisa ser retocado com urgência, com pinceladas carregadas de reformas
amplas, gerais e irrestritas, de modo que sejam reestruturadas as atuais
concepções de governar a nação, tendo como parâmetros princípios de
aperfeiçoamento e de modernidade capazes de modelar instrumentos totalmente
diferentes do pensamento vigente que somente funciona para a satisfação da
classe política dominante, em detrimento dos interesses públicos, que são a
verdadeira razão da governança do Brasil, sob pena de não haver esperança de
dias melhores para a população, que não suporta mais tanto reclamar, de longa
data, da atuação claudicante e ineficiente do governo, que ainda se faz de
mouco e cego para os incontornáveis empecilhos à solução das pletoras questões
que atormentam o povo, em razão da insatisfatória prestação dos serviços
públicos de incumbência constitucional do Estado. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 10 de fevereiro de 2015
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