sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Como sair do atoleiro?

A última edição semanal da revista britânica "The Economist" dedicou matéria de capa versando sobre a terrível situação econômica brasileira, mostrando o esforço infrutífero do governo, na tentativa de retomar o crescimento. A revista não poupou adjetivo pessimista sobre o Brasil, ao afirmar que a economia está uma "bagunça" e enfrentará dificuldades para sair do "atoleiro" onde se encontra.
A publicação revela que os problemas econômicos são bem maiores do que o governo admite ou que os investidores pareçam perceber. Ela disse que "A estagnação adormecida na qual o país caiu em 2013 está se tornando uma completa – e provavelmente prolongada – recessão, uma vez que a inflação pressiona os salários e a capacidade de pagamento das dívidas do consumidor".
Segundo a revista britânica, dois meses após a reeleição da presidente petista, os brasileiros "estão percebendo que compraram falsas promessas", citando, como exemplo, o aperto fiscal para equilibrar as contas públicas, como os cortes de benefícios previdenciários e a elevação de impostos e preços que estavam represados, além da redução de subsídios a bancos públicos que antes eram repassados a setores e empresas.
Como se trata de tema em plena efervescência, a revista deu ênfase ao escândalo da Petrobras, dando a entender que é uma das fragilidades do segundo mandato da petista. Ela disse que "Um vasto escândalo de corrupção na Petrobras, a gigante estatal, complicou a situação de diversas das maiores construtoras e paralisou os investimentos na economia, pelo menos até que os promotores e auditores tenham cumprido seu trabalho".
A publicação diz que o país enfrenta seu maior desafio desde o início da década de 1990, uma vez que "Os riscos são claros. Recessão e queda na arrecadação podem minar os ajustes do Joaquim Levy (ministro da Fazenda)". Na opinião da revista, qualquer recuo nos indicadores econômicos pode ocasionar fuga da moeda e rebaixamento da nota de crédito do Brasil.
A reportagem entende que, para o país voltar a crescer, é preciso se fazer bem mais do que tem sido feito e que "Pode ser demais esperar de Dilma que reformule as arcaicas leis trabalhistas que ajudaram a retardar a produtividade, mas ela deveria ao menos tentar simplificar os impostos e cortar burocracias desnecessárias".
A 'The Economist' ressaltou que o governo dá sinais de recuo de sua política de incentivo à indústria e de encorajamento ao fomento do comércio internacional, "no que resta de uma economia superprotegida".
Não se trata de situação vergonhosa do país, mas sim de precariedade anunciada, em razão da incompetência imperante na condução das políticas públicas, notadamente das políticas econômicas e da falta de eficiência no controle e na fiscalização da gestão dos recursos públicos, a exemplo dos terríveis escândalos detectados na Petrobras, tendo como pivôs integrantes da base aliada do governo, com destaque para políticos do PT, PMDB e PP, conforme denúncia da lavra de ex-diretor de Abastecimentos da estatal, quando afirmou que os contratos da empresa eram superfaturados para abastecer os cofres dos aludidos partidos.
A reportagem da revista britânica enfoca com muita competência a situação caótica da economia brasileira, fato este que muita gente daqui, principalmente os fanatizados pela prestidigitação petista, tem dificuldade para entender a realidade das precárias situações econômica, política, administrativa e de moralidade do Brasil, preferindo continuar prestigiando a incompetência e a desmoralização na governança do país.
          Quer queira ou não, a revista inglesa é veículo de alta credibilidade internacional na área econômica e não se submeteria a publicar matéria de capa, dando ênfase à fase terrível do Brasil, se não tivesse competência para mostrar a realidade nua e crua da grave situação econômico-político-administrativa brasileira.
Na verdade, a revista revela o retrato fiel da lastimável crise de governabilidade brasileira, que se encontra em completo frangalho, tanto na falta de competência para a condução das políticas públicas, notadamente econômicas, como na desmoralização evidenciada pelas roubalheiras do patrimônio da Petrobras.         
Os indicadores econômicos do país são altamente favoráveis às análises da revista inglesa, que certamente não teve a menor dificuldade para se concluir que realmente o Brasil se encontra completamente atolado em graves crises econômicas, de governabilidade e de credibilidade, ante o mar de lama para o qual a Petrobras foi impiedosamente conduzida. 
Trata-se de análise estritamente econômica, isenta de paixão partidária e imune ao fanatismo ideológico partidário, fatores que certamente contribuem para dificultar o entendimento sobre a realidade dos fatos.
Com certeza, o país com as potencialidades brasileiras não merece passar por essa triste situação, que tende a se alongar, ante a falta de perspectivas nas hostes governamentais.
Espera-se que os brasileiros acordem, o mais rápido possível, da crônica desassimilação sobre a realidade quanto ao desgoverno da nação, que padece dos princípios da competência e eficiência na administração dos recursos públicos e na condução das políticas públicas, com claros reflexos prejudicais nos indicadores que contribuem para o crescimento econômico, social, político e democrático. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 27 de fevereiro de 2015

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