A última edição semanal da revista britânica
"The Economist" dedicou matéria de capa versando sobre a terrível situação
econômica brasileira, mostrando o esforço infrutífero do governo, na tentativa de
retomar o crescimento. A revista não poupou adjetivo pessimista sobre o Brasil,
ao afirmar que a economia está uma "bagunça" e enfrentará
dificuldades para sair do "atoleiro" onde se encontra.
A publicação revela que os problemas econômicos são
bem maiores do que o governo admite ou que os investidores pareçam perceber. Ela
disse que "A estagnação adormecida
na qual o país caiu em 2013 está se tornando uma completa – e provavelmente
prolongada – recessão, uma vez que a inflação pressiona os salários e a
capacidade de pagamento das dívidas do consumidor".
Segundo a revista britânica, dois meses após a
reeleição da presidente petista, os brasileiros "estão percebendo que compraram falsas promessas", citando,
como exemplo, o aperto fiscal para equilibrar as contas públicas, como os
cortes de benefícios previdenciários e a elevação de impostos e preços que
estavam represados, além da redução de subsídios a bancos públicos que antes
eram repassados a setores e empresas.
Como se trata de tema em plena efervescência, a
revista deu ênfase ao escândalo da Petrobras, dando a entender que é uma das fragilidades do
segundo mandato da petista. Ela disse que "Um vasto escândalo de corrupção na Petrobras, a gigante estatal,
complicou a situação de diversas das maiores construtoras e paralisou os
investimentos na economia, pelo menos até que os promotores e auditores tenham
cumprido seu trabalho".
A
publicação diz que o país enfrenta seu maior desafio desde o início da década
de 1990, uma vez que "Os riscos são
claros. Recessão e queda na arrecadação podem minar os ajustes do Joaquim Levy (ministro
da Fazenda)". Na opinião da revista, qualquer recuo nos indicadores
econômicos pode ocasionar fuga da moeda e rebaixamento da nota de crédito do
Brasil.
A
reportagem entende que, para o país voltar a crescer, é preciso se fazer bem mais
do que tem sido feito e que "Pode
ser demais esperar de Dilma que reformule as arcaicas leis trabalhistas que
ajudaram a retardar a produtividade, mas ela deveria ao menos tentar
simplificar os impostos e cortar burocracias desnecessárias".
A
'The Economist' ressaltou que o governo dá sinais de recuo de sua política de
incentivo à indústria e de encorajamento ao fomento do comércio internacional,
"no que resta de uma economia superprotegida".
Não
se trata de situação vergonhosa do país, mas sim de precariedade anunciada, em
razão da incompetência imperante na condução das políticas públicas,
notadamente das políticas econômicas e da falta de eficiência no controle e na
fiscalização da gestão dos recursos públicos, a exemplo dos terríveis escândalos
detectados na Petrobras, tendo como pivôs integrantes da base aliada do
governo, com destaque para políticos do PT, PMDB e PP, conforme denúncia da lavra
de ex-diretor de Abastecimentos da estatal, quando afirmou que os contratos da
empresa eram superfaturados para abastecer os cofres dos aludidos partidos.
A
reportagem da revista britânica enfoca com muita competência a situação caótica
da economia brasileira, fato este que muita gente daqui, principalmente os
fanatizados pela prestidigitação petista, tem dificuldade para entender a
realidade das precárias situações econômica, política, administrativa e de
moralidade do Brasil, preferindo continuar prestigiando a incompetência e a
desmoralização na governança do país.
Quer
queira ou não, a revista inglesa é veículo de alta credibilidade internacional
na área econômica e não se submeteria a publicar matéria de capa, dando ênfase
à fase terrível do Brasil, se não tivesse competência para mostrar a realidade
nua e crua da grave situação econômico-político-administrativa brasileira.
Na verdade, a revista revela o retrato fiel da
lastimável crise de governabilidade brasileira, que se encontra em completo
frangalho, tanto na falta de competência para a condução das políticas
públicas, notadamente econômicas, como na desmoralização evidenciada pelas
roubalheiras do patrimônio da Petrobras.
Os indicadores econômicos do país são altamente
favoráveis às análises da revista inglesa, que certamente não teve a menor
dificuldade para se concluir que realmente o Brasil se encontra completamente
atolado em graves crises econômicas, de governabilidade e de credibilidade,
ante o mar de lama para o qual a Petrobras foi impiedosamente conduzida.
Trata-se de análise estritamente econômica, isenta
de paixão partidária e imune ao fanatismo ideológico partidário, fatores que certamente
contribuem para dificultar o entendimento sobre a realidade dos fatos.
Com certeza, o país com as potencialidades
brasileiras não merece passar por essa triste situação, que tende a se alongar,
ante a falta de perspectivas nas hostes governamentais.
Espera-se
que os brasileiros acordem, o mais rápido possível, da crônica desassimilação sobre
a realidade quanto ao desgoverno da nação, que padece dos princípios da
competência e eficiência na administração dos recursos públicos e na condução
das políticas públicas, com claros reflexos prejudicais nos indicadores que
contribuem para o crescimento econômico, social, político e democrático.
Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 27 de fevereiro de 2015
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