sábado, 14 de fevereiro de 2015

Pedir socorro?

A presidente da República se reuniu com o seu antecessor, depois de longa invernada, naturalmente para "pedir socorro", à vista do isolamento em que se encontra por parte de correligionários ou tentar a contornar os problemas enfrentados pelo governo, tanto junto ao Congresso Nacional como na condução das políticas públicas, notadamente na área econômica, cujos indicadores descambam para verdadeira ruína, com perspectivas de pioras.
Em que pesem os revezes ocorridos na eleição do presidente da Câmara dos Deputados, o ministro das Relações Institucionais afirmou não haver qualquer constrangimento diante das ações que o novo mandatário daquela Casa vem adotando, inclusive no que se trata do desejo dele de ouvir os ministros do governo.
O ministro petista aproveitou para parabenizar pela atitude do presidente da Câmara, fato esse que não passa do anedotário político, porque a convocação de ministro sempre soou como forma de dar explicação aos parlamentares e o governo petista, nesse particular, nunca se subordinou ao Parlamento, pois somente eram convocados os ministros que contassem com o prévio consentimento do partido.
A presidente do país tenta, desesperadamente, encontrar saída para o imbróglio que ela se meteu, em razão das medidas desastradas adotadas ou deixadas de ser tomadas no seu governo.
Para o ex-presidente petista, o encontro poderá servir para a aproximação dele com o Palácio do Planalto, voltando a se imiscuir, como sempre foi o desejo dele, nas decisões de exclusiva competência da presidente da República, que tem mostrado extrema dificuldade para solucionar as graves questões que estão atormentando a administração do país.
É evidente que esse encontro jamais se realizaria agora caso a presidente tivesse soberana no Planalto, dominando completamente as ações do governo e do Congresso.
Já no caso das explicações do ministro, para a crise no governo, é ele que merece os parabéns, pelas excelentes explicações de quem, estando no olho do furacão da mais intensa crise político-administrativa, consegue demonstrar tudo, menos de que os fatos não passam de marolinha no governo, sem qualquer consequência.
Não fosse a gravidade da situação que afeta a atuação do governo, jamais a presidente do país precisaria tão rapidamente se reunir com o ex-presidente da República petista, para pedir-lhe orientação e sugestão como ela deva atuar e governar a nação, na tentativa de contornar a trágica situação do país, que ela não conseguiu evitar. Todavia, agora, isolada até mesmo do partido e sem alternativa, procura ajuda de seu padrinho político, que, certamente, a partir de então, passará a ter voz ativa no Palácio do Planalto, ou seja, voltará a comandar o país, mesmo sem ter sido eleito para tanto.
Oxalá que essa conversa entre os mais importantes líderes petistas seja proveitosa e capaz de contribuir para que o país retome o ritmo da governabilidade, que há muito tempo essa prática se encontra em desuso, em prejuízo para os interesses nacionais.
É lamentável que falte, ao governo brasileiro, o sentimento salutar da transparência, como forma de se esclarecer a realidade dos fatos, até mesmo nos momentos mais difíceis dele, tendo em vista que a omissão da verdade somente contribui para dificultar ainda mais as relações entre a presidente do país e os brasileiros, que, recentemente, tiveram a sinceridade de avaliar o verdadeiro desempenho dela, na condução do seu governo, que mereceu nota lastimável, porém compatível com a real gravidade que se encontra a administração do Brasil, em situação de descrédito e de desconfiança, ante a demonstração de incapacidade de superação por parte da mandatária do país, conforme confirma o seu encontro com o ex-presidente. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 14 de fevereiro de 2015

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