sábado, 28 de fevereiro de 2015

Atropelamento das boas condutas

Em total obstinação pela ideia de se eternizar no poder, não importando os fins para o atingimento dos meios, o PT já demonstrou que cada disputa do que seria o normal jogo democrático se impõe a aplicação de dois princípios fundamentais, segundo os quais o partido considera que tem se saído bem e vitorioso, com raras exceções, como no caso da última disputa à Presidência da Câmara dos Deputados.
A primeira regra empregada na disputa política é que não existe, para o PT, adversário, mas simplesmente inimigo, que, nessa concepção, não pode ser vencido, mas tão somente destruído. A outra regra é a de que o voto deve ser conquistado a qualquer custo, mesmo que seja necessário o atropelamento dos princípios ético, moral e legal.
A aplicação dessas essenciais e infalíveis normas de conduta petistas ficou notabilizada na campanha da reeleição da candidata petista, com as quais os inimigos e não os adversários foram violentamente atacados pelos meios disponíveis e inapelavelmente destruídos, sob as levianas e ridículas alegações de que, se eleitos, eles seriam capazes de fazer exatamente tudo o que a presidente do país está fazendo agora, com o requinte de maldade contra a sociedade, mediante o aumento de tributos, das taxas de juros, das tarifas de energia elétrica, a retirada de direitos trabalhistas etc., em completo sacrifício dos brasileiros.
Veja-se que, na disputa de votos para a eleição da Presidência da Câmara dos Deputados, em pleito recentemente realizado, houve a reprodução do receituário petista, que, no interesse do partido, foi disseminado que, para os brasileiros, seria melhor - na falta de melhor opção - que vencesse o candidato menos ruim, embora o adversário na disputa integrasse a base de sustentação do governo. Entretanto, era do interesse do governo, por questão de vitalidade, manter sob o controle do Palácio do Planalto aquela casa do Parlamento, apesar de tratar-se de poder da República com sede constitucional de independência e autonomia, que compete legislar e fiscalizar os atos do Poder Executivo.
À vista dos fatos ocorridos na campanha presidencial, com a sequência de destruições de reputações pela militância petista, na eleição do presidente da Câmara, o governo utilizou medida quase infalível contra o candidato adversário, por ter assumido clara intenção de beneficiar seu candidato na Câmara, ao anunciar que as nomeações para o segundo escalão e para os bancos oficiais estariam suspensas até que se definissem os comandos das duas Casas do Congresso Nacional, ou seja, foi a forma mais cristalina de persuasão dos pobres parlamentares, que não se conformam em perder espaço dentro do poder.
O certo é que o sistema presidencialista tupiniquim, sob o império do princípio da coalizão implantada pelo petismo, foi transformado em ação de vulgaridade entre amigos, onde o Congresso Nacional, salvo diminutas exceções de homens públicos – houve por bem se conformar, por força das benesses oferecidas como agrados pelo Planalto, à humilhante submissão e ao domínio do Executivo, em indevida, inaceitável e inescrupulosa intromissão somente admissível nas republiquetas, onde o poder é normalmente centralizado e de onde parte o loteamento das benevolências, em troca de apoio político e em benefício apenas pessoal e partidário.
Esse hábito nefasto e prejudicial aos interesses nacionais foi implantado na República petista, que consegue manter o centralismo “democrático”, química pela qual o partido tem se firmado no poder, mesmo com as claudicantes e desastrosas políticas públicas que estão conduzindo o país ao subdesenvolvimento social, político, econômico e democrático, ante a incapacidade administrativa e a ineficiência no controle e na fiscalização dos gastos públicos, a exemplo dos escândalos detectados na Petrobras.
Compete exclusivamente à sociedade se conscientizar, com urgência, sobre os malefícios do sistema presidencialista implantado pelo governo aos princípios republicano e democrático, à vista do cristalino objetivo de se aproveitar dele para a perenidade no poder, em benefício pessoal e partidário, com indiscutível desprezo às causas da população e da nação, que foi submetida ao terrível processo de subdesenvolvimento. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
          Brasília, em 28 de fevereiro de 2015

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