Ao
ensejo da substituição do presidente da Petrobras, a presidente da República saiu
em defesa da estatal do petróleo, ao afirmar que o país precisa ter
"orgulho" da petroleira.
Ela
ressaltou que "Estou dizendo que
temos de ter orgulho da Petrobras. Nós não podemos aceitar que alguns tentem
colocar a Petrobras como sendo uma vergonha para o Brasil. Eu tenho certeza que
temos de saber apurar e saber punir, porque é fundamental que a gente não deixe
se repetir nenhuma irregularidade na Petrobras".
Conforme
as revelações dos depoimentos das pessoas envolvidas com as irregularidades que
estão sendo apuradas pela Operação Lava Jato da Polícia Federal, pelo
Ministério Público e pela Justiça Federal, o esquema delituoso destinado ao
desvio de dinheiro da estatal, fica bastante claro que a quadrilha que atuava
dentro da empresa era integrada pelos partidos PT, PMDB e PP, integrantes da
base de sustentação do governo, cuja organização criminosa também era composta
por empreiteiras, que funcionavam sob a forma de clube “mafioso”, em harmonia
para sugar dinheiro sujo da estatal.
O
que se sabe é que as empreiteiras foram aceitas sob a condição de se submeterem
às regras da quadrilha para turbinar os contratos firmados com a Petrobras com
preços superfaturados, cujos valores eram repassados para os operadores dos
mencionados partidos, que eram nomeados por indicação de seus caciques, em
consonância com o sistema espúrio do fisiologismo ideológico que funciona com
bastante eficiência no governo, em troca de apoio político.
A
presidente comete grave pecado de não declinar os nomes dos “alguns” que tentam
depreciar a importância da Petrobras para o Brasil, quando, na realidade, não é
a estatal que é a vergonha do país, mas sim os maus homens públicos, que
constituíram quadrilha para roubar dinheiro da estatal, e o governo que não
teve capacidade para evitar que o patrimônio dela fosse dilapidado e
barbaramente diminuído, por força das fraudes criminosas por agentes
participantes da base de sustentação do governo, segundo afirmam os depoimentos
à Justiça Federal, constantes das delações premiadas do ex-diretor de
Abastecimentos da estatal e do doleiro, que se encontram presos.
Os
fatos são incontestáveis, porque eles estão sendo confirmados pelos executivos
das empreiteiras, que atestam que suas empresas somente seriam contratadas se
constasse nos ajustes a obrigatoriedade do repasse de até 3% do valor acertado,
evidentemente sob a forma de sobrepreço, cujo montante se destinava aos
aludidos partidos.
É
lamentável que a presidente não aceite a realidade dos fatos ou ao menos o
direito à suspeita da dúvida, à luz dos depoimentos convergentes prestados à
Justiça Federal das pessoas envolvidas no affaire, quanto às declarações e afirmações
uniformes sobre a participação da quadrilha formada por integrantes da base de sustentação
do governo nas transações ilegítimas.
No
que refere à participação do tesoureiro do PT nas falcatruas, os fatos
conspiram robustamente para a incriminação dele nas espúrias doações
milionárias ao partido governista, mas, ao contrário de punição ou, ao menos, o
afastamento dele até a conclusão das apurações, ele foi objeto de defesa em
repúdio às acusações de envolvido com os escândalos na Petrobras e de apupos em
convenção do partido, tendo sido aplaudido por várias vezes, naturalmente por
ter se tornado o mais novo herói petista, a exemplo do já ocorrido com os mensaleiros,
que são considerados homens notáveis no âmbito do partido, que não aceita
sequer se insinuar que seus integrantes possam cometer irregularidade com
recursos públicos, embora as investigações e os fatos não deixem margem de dúvida
quanto à culpabilidade deles nas irregularidades em apuração.
Causa
perplexidade a forma insinuosa como a presidente do país procura dissimular a
gravidade dos crimes cometidos no seu governo contra a administração pública,
sempre não aceitando os fatos revelados e ainda tentando transferi-los, sem o
menor fundamento, para outrem, evidenciando falta de senso de responsabilidade
para com a coisa pública, como se os brasileiros fossem um bando de imbecis que
não têm discernimento para perceber a seriedade das investigações promovidas
pela Polícia Federal, pelo Ministério Público e pela Justiça Federal, que não
deixam a menor dúvida sobre a monstruosa dilapidação do patrimônio da Petrobras
por pessoas ligadas à base de sustentação do governo.
Urge
que a sociedade se conscientize sobre a gravidade da situação
político-administrativa do país, notadamente pela forma dissimulada de se
tentar menosprezar a profundidade das deficiências da gestão pública, e a necessidade
de demonstrar indignação pela forma criminosa como o patrimônio da Petrobras foi
dissipado, com parte dele sendo transferido para os cofres de partidos
políticos da base de sustentação do governo, conforme revelam as investigações
em curso, e para outros destinos não menos ilegítimos, sob gestão deletéria e
temerária, em cristalina demonstração de incapacidade para controlar a
aplicação dos recursos públicos e evitar os desvios bilionários de dinheiros da
estatal. Acorda,
Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 06 de fevereiro de 2015
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