terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Falcatruas, incoerências, crimes...

O ex-gerente de Engenharia Petrobras declarou, em depoimento prestado à Justiça Federal, que o PT teria recebido entre US$ 150 milhões e US$ 200 milhões em propina, no período entre 2003 e 2013. Com isso, o tesoureiro do PT é colocado no epicentro nervoso das investigações, por deixar claro que ele participava do esquema de pagamento em apreço. 
O mencionado ex-gerente disse que “... João Vaccari Neto recebeu em nome do partido dos Trabalhadores – PT, por conta dos aproximadamente 90 (noventa) contratos firmados com a Petrobrás ao longo dos anos de 2003 a 2013, (Barusco) afirma que, considerando o valor que o declarante recebeu a título de propina, que foi de aproximadamente US$ 50 milhões, estima que foi pago o valor aproximado de US$ 150 a 200 milhões de dólares ao Partido dos Trabalhadores – PT, com a participação de João Vaccari”.   
Como parte da investigação, o tesoureiro do PT foi levado para prestar depoimento à Polícia Federal, sob condução coercitiva, por ordem da Justiça, em face das acusações de envolvimento no esquema de corrupção da Petrobrás. Logo após o interrogatório, ele informou ao comando do PT que os questionamentos foram “genéricos”, abordando, em especial, o funcionamento da atividade financeira do partido e o relacionamento com empresas. 
O tesoureiro afirma que “ansiava pela oportunidade de prestar esclarecimentos à Polícia Federal, para, de forma cabal, demonstrar as inúmeras impropriedades publicadas pela imprensa”. Ele “reitera, mais uma vez, que o Partido dos Trabalhadores – PT, não tem caixa dois, nem conta no exterior, que não recebe doações em dinheiro e somente recebe contribuições legais ao partido, em absoluta conformidade com a lei, sempre prestando as respectivas contas às autoridades competentes”. 
Já o PT afirmou que “o partido recebe apenas doações legais e que são declaradas à Justiça Eleitoral. As novas declarações de um ex-gerente da Petrobras, divulgadas hoje, seguem a mesma linha de outras feitas em processos de ‘delação premiada’ e que têm como principal característica a tentativa de envolver o partido em acusações, mas não apresentam provas ou sequer indícios de irregularidades e, portanto, não merecem crédito. Os acusadores serão obrigados a responder na Justiça pelas mentiras proferidas contra o PT”.
Na prática, o PT tenta desesperadamente rebater as robustas denúncias de que teria recebido dinheiro sujo desviado dos cofres da Petrobras, mas tudo isso não passa de mais uma demonstração de como o partido está desnorteado e completamente atolado na lama da corrupção, pois se afirmar que o “partido recebe apenas doações legais e que são declaradas à Justiça Eleitoral” contradiz o que disse em defesa no escândalo do mensalão, quando ele teria afirmado que o dinheiro recebido na ocasião fazia parte “apenas de caixa 2”, que considerava prática comum na política brasileira, segundo o então presidente da República, assertiva essa confirmada pelo ex-tesoureiro do PT, que usava “dinheiro não contabilizado” no partido.
As novas revelações sobre o escândalo da Petrobras dão a real dimensão dos fatos delituosos ocorridos na maior estatal brasileira, ficando explícita, a cada momento, a perversa atuação do próprio partido do governo que foi capaz de aparelhar os cargos da estatal com a finalidade de cometer a maior rapina que se tem notícia na história republicana, a ponto de deixá-la descapitalizada e bastante endividada, contrariando completamente a sua tradição de sucessivos superávits.
Causa espanto o relato do ex-gerente da estatal, confirmando o esquema de corrupção, em que funcionários corruptos se aproveitavam de posição privilegiada para fazer negócios espúrios, com o objetivo de financiar partidos políticos da base aliada do governo, ante a facilidade do uso de canais oficiais para a nomeação de diretores e gerentes nas áreas mais vitais da empresa, tendo “beneficiado”, mais fartamente, o PT, com o possível repasse de suntuoso montante entre US$ 150 a 200 milhões, segundo o citado ex-gerente, que teria declarado mediante delação premiada, que pressupõe provas, as quais foram dadas por ocasião do depoimento, a exemplo de uma planilha detalhada com a divisão do butim, cujos relatos relacionados com essas declarações tornam verossímeis as alegações vindas à tona.
Como já se tornou prática corriqueira no âmbito do partido, ao completar 35 anos de criação do PT, os festejos inseriram na agenda, embora diante de fato lastimável envolvendo o recebimento de vultosas propinas e também de ele se encontrar bem no fundo do poço, em termos de credibilidade, o tesoureiro petista foi ovacionado seguidamente aos discursos, tendo o ex-presidente da República exortado os companheiros para não aceitarem os insultos, não baixarem a cabeça e não se envergonharem sobre a atuação do partido, por entender que a oposição não tem moral para exigir dignidade na administração do país, como se a pouca-vergonha de outrem pudesse justificar as falcatruas ocorridas na estatal.
O certo é que o PT perdeu a confiança e a credibilidade não somente dos brasileiros, mas também da opinião internacional, ante a falta de condições e de capacidade para administrar o país, à vista do descalabro e a precariedade na condução das políticas econômicas e da falta de controle e de fiscalização do patrimônio dos brasileiros, a exemplo do vexaminoso escândalo da Petrobras, que teve seu patrimônio dilapidado por gestão deletéria, com a participação de integrantes de partidos da base de sustentação do governo, como o PT, PMDB e PP, conforme declaração à Justiça Federal do ex-diretor de Abastecimentos da estatal.
Chega ser revoltante a afirmação criminosa do tesoureiro do PT de que as doações recebidas pelo partido são somente legais, que são normalmente convalidadas tranquilamente pela Justiça Eleitoral. Veja-se que o partido do governo tem o poder de transformar dinheiro sujo de propina, desviado de contratos com preços superfaturados, por imposição de diretores da Petrobras, nomeados com a exclusiva finalidade para combinar licitações com a obrigatoriedade de destinar percentual para partido da base de sustentação do governo, conforme depoimentos do ex-diretor de Abastecimento da estatal, à Justiça Federal.
Ou seja, a propina, na bonita versão do citado tesoureiro, não pode ser denominada de roubalheira de dinheiro recebido pelo partido, que teve origem em contratação feita pelo governo, considera legal por ele, embora proveniente de sobrepreço ilegítimo, justamente para ser posteriormente desviado para os cofres do partido governista, que concede o devido recibo, mediante nota fiscal, como forma de legitimar algo que é absolutamente ilegal e imoral, sob o prisma da juridicidade.
Chega a ser risível, ante a incoerência do tesoureiro, ao afirmar que ansiava pela oportunidade de prestar esclarecimentos à Polícia Federal, para, de forma cabal, demonstrar as inúmeras impropriedades publicadas pela imprensa”, haja vista que ele resistiu ao chamamento, na sua casa, da Polícia Federal, que, incontinenti, foi obrigada a pular muro da mansão dele para levá-lo de forma coercitiva, como determinada pela Justiça.
Ao que se pode perceber, há enorme insensibilidade dos políticos tupiniquins, por imaginarem que os brasileiros são um bando de imbecis que não conseguem atinar para o fato de que as falcatruas que o tesoureiro considera normais não passam de trapaças e de graves irregularidades com recursos públicos, ante a manifesta maquiagem processada para recebê-los pelo partido, cujos procedimentos caracterizam, de maneira cristalina, crime contra a administração pública, punível nas esferas cível, criminal e penal. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 09 de fevereiro de 2015

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