Os efeitos da Operação Lava Jato da Polícia Federal,
que investiga esquema de corrupção nos contratos da Petrobras, já se estenderam
para outras obras tocadas pela construtora Mendes Júnior, a exemplo da transposição
do Rio São Francisco, cujos funcionários deixaram de receber o pagamento de
parte de seus salários.
Por falta de dinheiro, os trabalhos nas obras da
região de Salgueiro-PE foram paralisados, pela impossibilidade também da compra
de combustível para colocar nos veículos e equipamentos. Diante isso, os
funcionários ficaram de braços cruzados, à espera de solução quanto ao
pagamento de seus salários.
No âmbito do setor de construção, o entendimento é
generalizado no sentido de que a situação não somente da aludida empresa, mas
das demais construtoras envolvidas no escândalo de corrupção da Petrobras, vem
se agravando e se tornando bastante delicada, com risco até de ter de pedir
recuperação judicial, ante a raridade dos repasses de recursos pelo governo às
empreiteiras.
O
quadro se configura preocupante, em razão de envolver importantes empreiteiras,
a exemplo da Mendes Júnior, que vinha tocando 40 projetos contratados com a
administração pública, entre eles se inserem a transposição do Rio São Francisco,
o Rodoanel Norte de São Paulo e o Porto de Santana (AP), cuja ruptura dos
respectivos contratos afeta diretamente a conclusão das obras em andamento,
inclusive com possibilidade da perda de projetos realizados e atrasos na
conclusão delas.
Há preocupação no seio das construtoras de que existe
enorme risco no sentido de que muitas obras de outras áreas tocadas pelas
construtoras envolvidas na Lava Jato sejam atingidas, à vista da escassez de
recursos, cujos reflexos nas empresas serão bastante prejudiciais às suas
atividades, em consequência da debilidade financeira a dificultar a
continuidade do seu funcionamento e até mesmo quanto à rescisão dos contratos
dos funcionários, por paralisação de contratos com a administração pública.
Na
atualidade, é considerado verdadeiro milagre se encontrar uma construtora
contratada pelo governo que não tenha se envolvido em vergonhoso sistema de
propinagem, mediante superfaturamento de preços, por exclusiva conveniência de
inescrupulosos agentes do Estado e da própria empresa.
Percebe-se,
sem dificuldade, que a corrupção contaminou por completo e de forma banalizada as
contratações com o governo, que foi aparelhado por pessoas da pior índole
moral, imbuídas da mentalidade mórbida de desviar dinheiros dos cofres
públicos.
Caso
o Brasil fosse um país minimamente sério, não há restaria a menor dúvida de que
não somente os empreiteiros, mas os homens públicos envolvidos nos escandalosos
e abomináveis casos de corrupção já estariam trancafiados, além de serem condenados
com a obrigatoriedade de ressarcir os valores pertinentes aos prejuízos
causados ao erário.
É
de se lamentar que ainda exista gente que apoia essa forma de governar, em
completa falta de zelo e de cuidados para com o patrimônio nacional, que vem
sendo dilapidado por desgoverno repleto de incompetência e de irregularidades
com recursos públicos.
Os
brasileiros devem se conscientizar sobre a urgente mobilização para condenar e
censurar não somente os maus governantes, que têm sido lenientes com a
roubalheira, como também as quadrilhas que se envolveram nessa pouca-vergonha,
que não têm o mínimo de dignidade diante dos cofres públicos.
Se
o governo tivesse um mínimo de responsabilidade, já teria, há muito tempo,
determinada ampla e abrangente auditoria nas contas nacionais, com vistas a
verificar o tamanho do rombo e dos danos causados ao patrimônio do Estado e
responsabilizar todos os envolvidos, que ficariam obrigados ao ressarcimento
dos danos apurados, como forma de se promover a necessária moralização do país.
Não
adianta ficar dizendo, de forma reiterada e inconsequente, que se apura e se
pune, sem haver um ato sequer de efetividade do que se fala, como se os
brasileiros fossem um bando de pessoas imbecis sem limites que não tivessem sensibilidade
e conscientização sobre o que realmente acontece no país, que somente o governo
insiste em não entender a gravidade da situação pela qual a nação foi
direcionada, sem a menor perspectiva de solução para os graves problemas, ante
a incompetência e a inépcia como os casos estão sendo tratados, sem a menor
demonstração de atitudes práticas e efetivas com vistas à sua solução.
Em
termos de fidelidade aos princípios da ética, moralidade, dignidade e
honestidade, à luz das investigações da Operação Lava Jata, é correto se
afirmar que, ao final das apurações, não vai restar uma única construtora capaz
de atender esses importantes requisitos de seriedade com relação à contratação
de obras públicas, ante a constatação da comprovada depravação dos conceitos de
honorabilidade com que as atuais construtoras conseguiram incutir de forma
sistemática na conceituação de obras públicas.
Enquanto
o caos da administração do país perdurar com absoluta inépcia, é indiscutível
que as obras públicas simplesmente vão sofrer solução de continuidade e até
mesmo paralisação, com graves reflexos no seu andamento e na sua conclusão
e enormes prejuízos para os brasileiros, que vão continuar sem a prestação dos
serviços públicos da incumbência do Estado, que são essenciais à melhoria das suas
condições de vida. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 04 de fevereiro de 2015
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