A presidente da República e ministros do núcleo
palaciano avaliam que a presidente da Petrobras cometeu grave erro e se
enfraqueceu muito ao tentar contabilizar no balanço da estatal o gigantesco
prejuízo da cifra de R$ 88,6 bilhões, fato que demonstra o início de crise na
relação entre o Palácio do Planalto e a diretoria da estatal.
Além de discordar do valor, o governo avalia que a comunicação
sobre o balanço se deu de maneira como se já houvesse o entendimento que a
corrupção na estatal teria atingido o valor supracitado, fato esse que causou desgaste
bastante prejudicial às imagens da empresa e do governo, que será de difícil
reparação.
Na avaliação do governo, a presidente da estatal se
houve com completa ingenuidade, uma vez que aquele valor havia sido sugerido
pelos mesmos consultores e auditores que se recusaram a aprovar o balanço, em
clara demonstração de que eles teriam apresentado o cálculo bilionário, porém,
de forma estranha, não quiseram endossá-lo em caráter oficial.
Na versão da presidente da empresa, havia
necessidade de se tentar zerar o jogo de vez, assumindo tudo o que seria
considerado prejuízo, sob o argumento de que o mercado e a sociedade demandam
essa informação da empresa e que, em algum momento, a perda contábil terá de
constar do balanço.
O valor da corrupção, à luz do Planalto, seria
quantia bem inferior àquela, haja vista que, no valor contabilizado, incluem-se
outras variáveis, como o preço do petróleo em dólar e de projetos que se
mostraram ruins, mas que seriam regulares etc.
O governo entende que, no balanço da Operação Lava
Jato, o Ministério Público divulgou que, até agora, o desvio da estatal teria
atingido somente o valor de R$ 2,1 bilhões, cifra essa já elevadíssima para o
escândalo de corrupção. Há estimativas de que o rombo da corrupção poderia
chegar ao valor de R$ 4 ou R$ 5 bilhões. Todavia, contrariando esse
entendimento, a Petrobras e o seu Conselho de Administração destacaram o valor
de R$ 88,6 bilhões, que é bem diferente da estimativa de quem está investigando
a corrupção.
Nesse caso, a presidente da estatal se enfraqueceu
bastante politicamente, a ponto de ter crescido o desejo do governo pela troca
da direção da estatal, que ainda se sustenta motivada pela importância da
estreita relação de amizade entre as presidentes do país e da empresa.
O certo é que a presidente petista resiste às
pressões de seu partido e de assessores diretos para substituir a diretoria da
Petrobras, não somente por acreditar na capacidade e na honestidade da
presidente da estatal, mas, sobretudo, por temer que a demissão dela atraia a
crise da empresa para ainda mais próximo do Palácio do Planalto.
Cada vez mais fica patenteada a falta de
competência da direção da Petrobras para tratar de assunto de relevante
responsabilidade, quando o seu Conselho de Administração se diz incapaz de
opinar sobre os resultados operacionais da empresa, embora entenda que o valor já
está definido.
O que pode está acontecendo, na realidade, é que a
síndrome que se instalou desde o início do governo petista degenerou as células
da visão governista, não permitindo que os fatos irregulares sejam enxergados,
impossibilitando se saber de alguma coisa e, se não sabida, nenhuma providência
pode ser adotada com relação ao que foi denominado de malfeitos.
Caso a versão do Planalto esteja certa, de que os
números foram maus interpretados, com reflexo irreal no balanço apresentado,
isso somente vem confirmar o que todos já sabem e um pouco mais sobre a
incompetência da administração da empresa de não saber diferenciar perdas
operacionais e de corrupção.
Diante da falta da verdade e da transparência, os
fatos relacionados às corrupções da Petrobras são apenas jogados para debaixo
do tapete, embora a presidente garanta que não faz isso, porque ela diz que
apura tudo e pune todos, como verdadeira xerife que não tem coragem sequer de
passar o rodo na diretoria da Petrobras, preferindo aceitar pacificamente os
desmandos e as irregularidades como sendo normais.
À toda evidência, não seria o caso somente do
afastamento da diretoria da Petrobras, mas sim de completa intervenção na
estatal, como tentativa de assepsiar a sujeira impregnada na sua administração.
A manutenção da diretoria funciona como algo que beira ao surreal, ante a
demonstração da extrema falta de sensibilidade e responsabilidade
administrativas. Em qualquer país minimamente sério do mundo, o governo se
sustentaria tão somente se conseguisse justificar as razões pelas quais foi
capaz de quebrar uma empresa girante como a Petrobras, em pouco mais de uma
decana.
A desgraça que foi implantada na Petrobras pelo PT,
ante a ingerência na empresa, em concomitância com e seu aparelhamento, que
contou com a adjunção de partidos da base de sustentação do governo nessa
empreitada maléfica, jamais será reconhecida pela presidente da República, que,
apesar de ter concordado que existiu roubalheira na estatal, ela nada fez para
passá-la a limpo, que seria feito imediatamente caso se tratasse de empresa
privada.
A mudança na direção da Petrobras seria a primeira
providência que deveria ter sido adotada logo no início dos escândalos, para
que as apurações se processassem com a mais completa isenção e profundidade,
porém isso não passou de verdadeiro pesadelo e seria uma tragédia para o
governo, porque a nova direção poderia não deixar pedra sobre pedra, cujos
podres só aumentariam a desgraça reinante da empresa.
Nesse caso, muito mais podre teria vindo à tona e
complicaria de vez a situação do governo, que já é precária, o qual vem se
sustentando graças ao fanatismo de seus seguidores, que pensam igualmente como ele,
ao imaginar e garantir, sem fundamento, que a administração pública está uma
maravilha, com as contas públicas sob controle; a máquina pública funcionando
de maneira eficiente; as taxas de juros baixinhas; o Produto Interno Bruto nas
alturas; as dívidas públicas quase inexistentes; a carga tributária servindo de
exemplo para o mundo, de suavidade sem igual; a produção nacional nadando
soberanamente nos mercados da competitividade; o fisiologismo ideológico é
completamente repudiado e combatido pelo governo; há maciços investimentos em
obras de impacto; os serviços públicos são prestados com a melhor das
qualidades; não existindo criminalidade nem violência; a saúde até parece que o
povo nem adoece, de tão bom o atendimento do Sistema Único de Saúde; o povo é
só sabedoria, em razão da excelência da educação; a indústria se encontra em
plena atividade, motivando superávit nas exportações; etc.
Tudo para o governo e seus simpatizantes funciona
com eficiência e competência de fazer inveja aos países desenvolvidos, que não
conseguem perceber como governo desacreditado pela incompetência administrativa
e pela contumácia da corrupção ainda consiga se reeleger à Presidência da
República, mesmo diante de tamanha tragédia que somente a alienação do povo não
atina para os malefícios de administração tão temerária e perniciosa aos
interesses da nação.
Compete à sociedade se mobilizar para repudiar a
forma deletéria como o país está sendo administrado, diante da catástrofe que
impera na gestão pública, cujo governo insiste em não vislumbrar as melhores
perspectivas para a sua governança, por entender que a atual situação está boa
demais, apesar disso não se coadunar com as potencialidades brasileiras, atitude
essa que demonstra a desnecessidade, à vista dos fatos, de mudanças de rumos,
porque é exatamente dessa forma caótica de predestinação do país, desagradando
a minoria que não concorda com as desastrosas práticas
político-administrativas, mas elas subsistem por serem do agrado dos poucos
mais que formam a maioria a enxergá-las como satisfatórias, embora isso
contrarie, de forma drástica, o fiel cumprimento do compromisso assumido no ato
de posse quanto ao juramento da observância da Constituição Federal e das leis
do país, que, em absoluto, não se harmonizam com as práticas administrativas da
incompetência e da corrupção. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 02 de fevereiro de 2015
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