O narcotraficante
brasileiro morto na Indonésia, depois de ter sido preso e condenado pela
tentativa de entra naquele país transportando 13,4 quilos de cocaína, está
prestes a ser homenageado com busto da sua pessoa, que será erigido e inaugurado
na estação Pavuna da Linha 2 do Metrô carioca.
Alguns dias que anteciparam a execução da pena
capital, o ex-presidente da República petista, a presidente brasileira, a
Anistia Internacional e até o papa dirigiram pedidos de clemência ao presidente
daquele país, mas não obtiveram êxito nos seus intentos, eis que a sentença da
Justiça indonésia funciona para valer, como forma de garantir a seriedade sobre
os propósitos de combater, com o indispensável rigor, o tráfico de drogas,
considerado naquele país chaga dizimadora da sua população, malefício esse que tem
sido combatido com remédio amargo e de eficácia garantida.
Diante desse fato, a prefeitura do Rio de Janeiro
houve por bem homenagear o ex-traficante com a exposição permanente de seu
busto, possivelmente como forma de reconhecimento, na visão política do
prefeito da Cidade Maravilhosa, como retribuição pelos “bons” serviços
prestados ao povo daquela metrópole, por certo em razão de ele ter representado
a bravura dos cidadãos cariocas.
O prefeito disse que esse gesto de materializar o
heroísmo do bandido fuzilado na Indonésia, por tráfico de droga, tem o
importante apoio da presidente brasileira, que faz questão de comparecer à
solenidade importantíssima para ressaltar as qualidades de bravuras exemplares do
competente profissional do narcotráfico, que foi fuzilado em razão de ter sido
flagrado no relevante exercício do tráfico de drogas para país asiático.
Para que a solenidade possa contar com o
brilhantismo à altura do merecimento do homenageado, seria de bom alvitre que
estejam presentes ao evento as lideranças do narcotráfico carioca, de modo que
não fique dúvida sobre o prestígio conquistado por quem soube dignificar, de
forma sublime, a honrada classe da bandidagem.
Em justificativa ao merecido ato de veneração ao
ilustre narcotraficante, o prefeito do Rio de Janeiro lançou essa “pérola”, in verbis: “A morte de Marco representa a luta não só do povo carioca por um mundo
mais justo, mas sim de todo o povo brasileiro, daí a importância de se
preservar a imagem dessa pessoa que contribuiu muito para o progresso da
humanidade”.
À toda evidência, isso aí não pode ser verdade,
pois jamais poderia ter sido dito por alguém que goza das faculdades mentais
preservadas e tem consciência da responsabilidade como homem público, com a
obrigação de representar pessoas dignas e honradas como é o povo carioca.
Nessa mesma linha de falta de raciocínio lógico e
de irrefletida irresponsabilidade, a mandatária do país saiu-se com não menos asneira,
nestes termos: “A homenagem faz parte de
uns dos projetos da Pátria Educadora. É preciso mostrar para o povo brasileiro
o quão é atrasada a pena de morte em qualquer lugar que seja. Marco era pai de
família e devemos estar sensibilizados por ela. Espero que quando as pessoas
virem o busto de Marco olhem e lembrem o exemplo de civilidade e respeito que ele quis nos
transmitir”.
Vê-se claramente que a presidente do país tem
extremado carinho por alguém que demostrou total desprezo aos princípios da
dignidade e da nobreza humanas, que desrespeitou os comezinhos conceitos de
humanidade, ao se profissionalizar no mundo da criminalidade, constituindo a
maior bestialidade a afirmação, nesse caso, de que traficante de drogas tenha
tido a capacidade para ser “exemplo de
civilidade e respeito que ele quis nos transmitir”. Essa conclusão só pode
ter sido dita por quem não valoriza os sentimentos de dignidade do ser humano.
Em contraposição aos pensamentos dissonantes com a
realidade da normalidade conceptiva dos fatos, demonstrando equilíbrio,
racionalidade e bom senso, o presidente da Indonésia teria dito que “Fui criado numa família de bem, com valores morais muito bem
estabelecidos. Se eu errava, meu pai me castigava. Foi assim que eu cresci. Por
isso fico muito surpreso ao ver a presidente do Brasil pedir para eu perdoar um
bandido. Isso mostra que há algo de muito errado nesse país. Se a senhora Rousseff
gosta assim de contrabandistas, então ela deveria mantê-los no próprio país, ao
invés de exportá-los para o país dos outros.”.
Essa
situação se torna revoltante e repugnante, à luz dos conceitos da civilidade e
da racionalidade, por se perceber que nenhum homem público tem a dignidade de liderar
a prestação de homenagens justas e merecidas aos homens de bem, às pessoas
honradas, aos trabalhadores, aos policiais, enfim, àqueles que tombaram diante
das ações e atitudes maldosas, criminosas, da bandidagem profissional a serviço
do narcotráfico.
Esse
fato demonstra a conduta visivelmente demagógica e de extremo oportunismo de
insensatas autoridades que pensam que estão contribuindo para algo importante,
quando estão praticando atos da maior indignidade, por homenagearem justamente
pessoa sem nenhum mérito. Ao contrário, trata-se de ser absolutamente
desprezível, por sua hábil conduta de traficante de drogas, que são
simplesmente letais, como a foi a última e justa penalidade aplicada a ele.
Nos
termos da incumbência constitucional e legal, compete ao Ministério Público
zelar pela integridade do patrimônio público, sendo do seu dever promover ações
administrativas ou judiciais, com vistas a evitar que os agentes públicos
gastem em dissonância com as normas legais, em contrariedade ao atendimento do
interesse público, que é o caso configurado na construção de monumento para a perpetuação
de imagem de criminoso de extrema periculosidade, que teria contribuído, também
no seu último ato, com participação degradante e delituosa que foi capaz de denegrir
a honra dos brasileiros.
Caso
seja verdadeira a matéria em tela, é induvidosa a confirmação de situação
concreta de conivência de homens públicos com a criminalidade, não restando à
sociedade se não contestar, repudiar e recriminar, de forma veemente, condutas
indiscutivelmente contrárias à dignidade que deve imperar na administração
pública, ante a incompatibilidade de representante do povo puder comungar impunemente
com ideário de cunho degenerativo da dignidade humana, que era exatamente isso
o que praticava, de forma intensiva, o “herói” ora homenageado.
Certamente
que as autoridades brasileiras, nesse caso do traficante de drogas que se
tornou “célebre” por sua contribuição ao incremento da criminalidade
internacional, tão somente confirmam a índole irresponsável pela indisfarçável conivência
com a traficância de drogas, que não é combatida com efetividade e intensidade
capazes de, ao menos, enfraquecê-la, a par de ainda se permitir que a
legislação penal seja a mais suave possível, tudo a possibilitar que o país tivesse
se tornado principal fornecedor de narcóticos para o mundo.
A
sociedade tem o dever cívico e patriótico de repudiar a leniência das
autoridades do país com os narcotraficantes, a exemplo da defesa injustificável
e patética da mandatária do Brasil de criminoso da mais alta perversidade, e
exigir maior rigor no combate ao tráfico de drogas no país, tanto com a
aprovação de penas duras, como nas ações preventivas e de controle dos grupos
organizados de traficantes, como forma de contribuir efetivamente para a proteção
dos brasileiros e estrangeiros. Acorda, Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
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