sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Frustração no mercado financeiro

O mercado financeiro reagiu com estrondosa frustração à escolha do novo presidente da Petrobras, principalmente por se tratar de notório afilhado do Palácio do Planalto, sem experiência nas áreas petrolíferas, objeto dos negócios da estatal, que se afunda cada vez mais por falta de credibilidade gerencial.
Na verdade, os investidores, diante dessa situação de descrédito, esperavam que o governo tivesse competência para nomear alguém com perfil mais próximo do mercado e menos afinado com a presidente do país, eis que se vislumbra com isso que não haverá mínimas condições para a promoção das indispensáveis e profundas mudanças na estatal, em razão das pletoras e devastadoras irregularidades levantadas na empresa.
A expectativa sobre o novo presidente da estatal estava focada para nome deslocado do governo, com larga experiência acerca das atividades operacionais da estatal, que estivesse ligação com o mercado financeiro, onde suas ações tiveram enormes perdas em tão pouco tempo, além de puder sinalizar para a implementação de efetivas mudanças capazes de revolucionar, em termos de moralização e funcionamento, as estruturas operacional e administrativa da estatal.
Não há dúvida de que a maior decepção do mercado se prende ao fato de que o nome indicado sequer constava entre aqueles aventados pela mídia como os mais cotados para assumir tão importante cargo, fato esse que significa, para os entendidos, como espécie de “tapar buraco”, exatamente por falta de melhor opção, ficando também a nítida impressão de que o governo, além de frustrar a expectativa do mercado, ficou longe de convencer alguém sobre o acerto da sua escolha, por se tratar de infeliz preferência pessoal, do exclusivo agrado da presidente, como se a empresa fosse patrimônio dela, que precisa ter alguém de confiança na sua direção, de modo a ter absoluto controle sobre os fatos e os acontecimentos operacionais da empresa.
Na situação de grave crise que assola a Petrobras, não faz o menor sentido que a presidente do país continue com ingerência e comando das importantes ações da empresa, considerando que o novo presidente não terá condições de se opor às determinações do Palácio do Planalto, fato esse que contribui fortemente para desanimar o mercado financeiro, que gostaria que a estatal fosse comandada por pessoa que tivesse autonomia para adotar as mudanças necessárias ao soerguimento dela.
Ao contrário de haver o saneamento das questões nefastas e prejudiciais aos interesses da estatal, a falta de independência para comandá-la vai possibilitar que o governo tenha autonomia para manter ingerência nas operações e continuar fazendo aparelhamento de cargos.
Enfim, foi péssima a repercussão do nome do novo presidente da Petrobras, que teve forte reflexo no desempenho de suas ações, que desabaram quase 7% somente depois do anúncio do nome do novo presidente da estatal, mostrando que o problema de credibilidade ficou distante de ser resolvido, ante a sinalização de que a presidente do país não pretende abrir mão de continuar interferindo na estatal.
A presidente petista, ao escolher a dedo, o novo presidente da Petrobras, foi absolutamente coerente com o seu jeito petista de ser, ou seja, mostrando que, quanto pior melhor, porque já está mais do que provado que a marca da resistência à eficiência e à competência sempre acompanha o seu governo, cuja decisão não deveria mais surpreender ninguém.
É lamentável se perceber que a estatal, estando no fundo do poço, em total esfacelamento em todos os sentidos, a presidente do país demonstre insensibilidade para situação tão grave, a ponto de apenas trocar pessoa de sua confiança por outra no comando da Petrobras, com a nefasta diferença que o novo afilhado não é do ramo, podendo encontrar séria dificuldade para gerenciar tão complexo empreendimento de importância estratégica para o desenvolvimento nacional.
Compete à sociedade, no âmbito da sua responsabilidade cívica, se mobilizar no sentido de mostrar insatisfação pela forma desastrada como os interesses nacionais estão sendo administrados, que não estão sendo levados em conta os salutares princípios da competência e da eficiência que devem imperar na administração pública, fato esse que contribui para resultados notoriamente prejudiciais ao patrimônio nacional. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 05 de fevereiro de 2015

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