O
mercado financeiro reagiu com estrondosa frustração à escolha do novo
presidente da Petrobras, principalmente por se tratar de notório afilhado do
Palácio do Planalto, sem experiência nas áreas petrolíferas, objeto dos
negócios da estatal, que se afunda cada vez mais por falta de credibilidade
gerencial.
Na
verdade, os investidores, diante dessa situação de descrédito, esperavam que o
governo tivesse competência para nomear alguém com perfil mais próximo do
mercado e menos afinado com a presidente do país, eis que se vislumbra com isso
que não haverá mínimas condições para a promoção das indispensáveis e profundas
mudanças na estatal, em razão das pletoras e devastadoras irregularidades
levantadas na empresa.
A
expectativa sobre o novo presidente da estatal estava focada para nome
deslocado do governo, com larga experiência acerca das atividades operacionais
da estatal, que estivesse ligação com o mercado financeiro, onde suas ações
tiveram enormes perdas em tão pouco tempo, além de puder sinalizar para a
implementação de efetivas mudanças capazes de revolucionar, em termos de
moralização e funcionamento, as estruturas operacional e administrativa da
estatal.
Não
há dúvida de que a maior decepção do mercado se prende ao fato de que o nome
indicado sequer constava entre aqueles aventados pela mídia como os mais
cotados para assumir tão importante cargo, fato esse que significa, para os
entendidos, como espécie de “tapar buraco”, exatamente por falta de melhor
opção, ficando também a nítida impressão de que o governo, além de frustrar a
expectativa do mercado, ficou longe de convencer alguém sobre o acerto da sua
escolha, por se tratar de infeliz preferência pessoal, do exclusivo agrado da
presidente, como se a empresa fosse patrimônio dela, que precisa ter alguém de
confiança na sua direção, de modo a ter absoluto controle sobre os fatos e os
acontecimentos operacionais da empresa.
Na
situação de grave crise que assola a Petrobras, não faz o menor sentido que a
presidente do país continue com ingerência e comando das importantes ações da empresa,
considerando que o novo presidente não terá condições de se opor às determinações
do Palácio do Planalto, fato esse que contribui fortemente para desanimar o
mercado financeiro, que gostaria que a estatal fosse comandada por pessoa que tivesse
autonomia para adotar as mudanças necessárias ao soerguimento dela.
Ao
contrário de haver o saneamento das questões nefastas e prejudiciais aos
interesses da estatal, a falta de independência para comandá-la vai
possibilitar que o governo tenha autonomia para manter ingerência nas operações
e continuar fazendo aparelhamento de cargos.
Enfim,
foi péssima a repercussão do nome do novo presidente da Petrobras, que teve
forte reflexo no desempenho de suas ações, que desabaram quase 7% somente
depois do anúncio do nome do novo presidente da estatal, mostrando que o problema
de credibilidade ficou distante de ser resolvido, ante a sinalização de que a
presidente do país não pretende abrir mão de continuar interferindo na estatal.
A
presidente petista, ao escolher a dedo, o novo presidente da Petrobras, foi
absolutamente coerente com o seu jeito petista de ser, ou seja, mostrando que, quanto
pior melhor, porque já está mais do que provado que a marca da resistência à
eficiência e à competência sempre acompanha o seu governo, cuja decisão não
deveria mais surpreender ninguém.
É
lamentável se perceber que a estatal, estando no fundo do poço, em total
esfacelamento em todos os sentidos, a presidente do país demonstre insensibilidade
para situação tão grave, a ponto de apenas trocar pessoa de sua confiança por
outra no comando da Petrobras, com a nefasta diferença que o novo afilhado não
é do ramo, podendo encontrar séria dificuldade para gerenciar tão complexo
empreendimento de importância estratégica para o desenvolvimento nacional.
Compete à
sociedade, no âmbito da sua responsabilidade cívica, se mobilizar no sentido de
mostrar insatisfação pela forma desastrada como os interesses nacionais estão
sendo administrados, que não estão sendo levados em conta os salutares princípios
da competência e da eficiência que devem imperar na administração pública, fato
esse que contribui para resultados notoriamente prejudiciais ao patrimônio nacional.
Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 05 de fevereiro de 2015
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