segunda-feira, 16 de setembro de 2024

Basta de violência

 

Um candidato à Prefeitura de São Paulo foi agredido com uma cadeira por outro concorrente ao mesmo cargo, enquanto transcorria o debate em embate político, em uma rede de televisão.

O agressor partiu para bater no seu concorrente depois que este o agredia violentamente com palavras, dizendo que ele era frouxo, medroso e covarde, que não cumpria a palavra de homem.

 O candidato agredido permanece internado em hospital, sob suspeita de ter uma das costelas fraturada.

Essa é a informação fornecida pela equipe do candidato agredido, segundo postagens nas redes sociais, de que ele teria fraturado uma costela, feito exames de tomografia e se encontrava sob observação médica, mas o hospital ainda não se manifestou em boletim médico sobre o paciente.

O certo é que a agressão aconteceu após troca de agressivas ofensas entre os dois candidatos, em o agressor ficou transtornado após o adversário relembrar uma antiga acusação de assédio sexual.

Enquanto isso, o candidato agredido precisou sair às pressas em ambulância, para receber cuidados médicos em caráter emergencial, diante da suspeita de fraturas na região torácica e dificuldades para respirar.

Conforme imagens constantes de vídeo, era visível a animosidade entre os candidatos debatedores, em que a tônica das palavras girava em forma de enorme agressividade, vindas de todos os participantes, que procuravam ser o mais contundentemente violento com o que diziam.

 Causa perplexidade que o mediador dos debates não teve qualquer iniciativa para chamar a atenção para a necessidade da contenção dos ânimos agressivos predominantes no ambiente, que parecia muito mais com o palco de adversários destinados a espinafrarem com palavras seus opositores, como se cada um fosse terrível inimigo e ainda tivessem obrigação de eliminá-los naquele instante.

À toda evidência, o debate atingiu o limite da efervescência da agressividade, que o seu término parecia iminente, diante da insuportável e crescente animosidade que permeava no ambiente antidemocrático e incivilizado, apenas digno de pessoas de tribos da idade da pedra lascada, que desprezavam todos os princípios próprios da civilidade moderna.

Na verdade, não poderia ter sido outro o desfecho do programa mais violento da televisão brasileira, que conseguiu protagonizar o que de pior se poderia imaginar para o que se pode chamar de debate político, visto que, de político, realmente não havia absolutamente nada.

É com muita tristeza que a televisão seja palco de verdadeiro show de selvageria entre pessoas que pretendem comandar a principal do Brasil, quando mostraram verdadeiro sentimento de brutalidade, com intenso desamor ao próximo, procurando desnudá-lo ao máximo da sua dignidade humana, por meio de conceitos rasteiros e depreciativos dignos das piores qualificações que não condizem com a relevância do cargo pretendido, ante a incompatibilidade  dos atributos nominados pelos candidatos.

Segundo o conceito clássico de debate político, os candidatos deveriam apresentar e discutir os seus programas de administração e gerenciamento da cidade, segundo os princípios de competência, eficiência, economicidade e responsabilidade, entre outros, como forma de melhor satisfazerem aos anseios da população.

Não obstante, tudo isso foi substituído por fortes agressões pessoais, que constituíram a predominância espontânea dos candidatos, evidentemente em claro desrespeito à sensibilidade e à dignidade exigidas para o que era esperado de debate em nível razoável e civilizado.

Assim, resta esperar que a malsinada e desastrada experiência do que deveria ter sido debate político sirva de excelente exemplo de como os homens públicos procurem se conduzir em evento dessa natureza, apenas se comportando de modo respeitoso, civilizado, educado, com o urbanismo próprio de candidato que precisa apenas apresentar as suas metas de governo, como compromisso de campanha, em estrita obediência às regras democráticas e diplomáticas.

Brasília, em 16 de setembro de 2024

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