sexta-feira, 20 de setembro de 2024

O abandono

 

Tem sido comum a publicação de fotografias mostrando casas antigas, situadas em fazendas e roçados, absolutamente abandonadas, evidentemente por seus antigos ocupantes, cujo fato tem sido motivo de apreensão das pessoas que nasceram na roça, como eu, que sou filho e neto de pessoas que viveram em casa assim, na fazenda.

De início, aproveito o ensejo para me congratular, em forma de solidariedade, com as pessoas que estão defendendo a causa das casas esquecidas e abandonadas à própria sorte, neste mundo de Deus, dizendo que me emocionei ao escrever este texto.  

Pois bem, sempre que vejo a imagem de casas lindas como a que foi mostrada no vídeo que circula na internet, em verdadeiro estado de total abandono e em completa deterioração, pela marca do tempo de desprezo, meu coração se comprime de tristeza, por imaginar o quanto de importante história já se passou naquela casa.

Certamente que ali naquela casa é  guardado riquíssimo patrimônio referente a pessoas especiais e importantes, que ficará para sempre dentro dela, que passa a ser guardiã de segredos e lindos momentos de famílias que a habitaram por tanto tempo, tendo sido o aconchego de muitos casais, filhos e netos, desde o  nascimento de muitas e importantes pessoas, além do acompanhamento da convivência com pessoas maravilhosas, constituindo verdadeiro acervo construído ao longo do tempo.

Trata-se de verdadeiro patrimônio que chega a um instante que passa a não ter a mínima finalidade nem importância para mais nada, cujo destino, além do eterno abandono, é a destruição, aos poucos, lentamente, parte por parte, pedaço por pedaço, até nem ficar sequer as suas bases.

Eu que nasci em imponente casa de fazenda avalio com o máxima de tristeza sempre que me deparo com imagem de casa que não tem mais nenhuma serventia, como se ela só merecesse o desprezo para sempre.

Eu sinto muito por todas as casas que são mostradas nesta coluna, completamente abandonadas e esquecidas, quando elas já foram de extremas utilidade, propiciando aconchegantes e importantes momentos para muitas gerações, mas agora nada disso tem qualquer valor, estando como algo sem mais qualquer utilidade, desprezada e com o destino certo de se esvair com o tempo.

À toda evidência, essa sentença é muito dolorosa e causa muita comoção em nossos corações que nascemos em casas exatamente com esse modelo, nos sítios e fazendas, as quais já foram o esteio seguro e valioso de muitas famílias.   

Enfim, parece que é o destino não só das pessoas, mas também dos imóveis, como casas e galpões, que já foram úteis e importantes para muitas famílias, mas o certo é que, mesmo já tendo sido útil e bom, já não tem mais serventia, por circunstâncias da própria vida, infelizmente.

Na verdade, trata-se da normal evolução dos tempos, ditadas pelo próprio homem, em que somos obrigados a nos adaptarmos à realidade da vida, que não se permite alternativa, senão apenas o doloroso lamento!

Brasília, em 20 de setembro de 2024

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