quarta-feira, 18 de setembro de 2024

Descompromisso com a floresta?

 

As queimadas das florestais e dos cerrados brasileiros se tornaram mais do que desafios ambientais, à vista dos enormes impactos devastadores sobre a biodiversidade, a economia e a saúde da população, que termina sendo bastante prejudicada, diante da incompetência da gestão pública.

Sim, nessa questão das queimadas, convém sim se reconhecer a enorme culpa do Estado, que vem agindo por força da sua incumbência constitucional de protetor das floretas, mas as suas ações se tornam meramente paliativas, diante do aumento progressivo dos incêndios, quando seria razoável que houvesse redução da sua incidência, caso as medidas adotadas tivessem efetiva eficácia.  

A frequência e a intensidade dos incêndios influenciam e potencializam  mudanças climáticas, causando graves consequências no ecossistema, com notáveis prejuízos aos recursos naturais, além do desencadeamento de significativa crise ambiental global.

Nesse contexto de queimadas, o Brasil vem enfrentando severas secas, jamais vistas na sua história recente, fato este que propicia a propagação descontrolada do fogo em praticamente todas as regiões brasileiras, que se mostram impotentes para debelá-lo prontamente, por meio dos recursos disponíveis, o que mostra a imperiosa necessidade de urgentes inovações nesse setor.

Neste ano, verifica-se expressivo aumento de 50% na quantidade de incêndios, em comparação com o mesmo período do ano passado, já tendo sido contabilizados, até o fim de agosto,  pasmem, cerca de 140 mil focos de incêndios, em todo o país, com graves impactos ao meio ambiente e principalmente à economia nacional, além da propiciação de riscos à saúde dos brasileiros, devido à fumaça e à poluição tóxica ou não.

À toda evidência, as abordagens meramente convencionais de combate ao fogo, com base em reação da incidência das queimadas, do que propriamente em prevenção, se revelam absolutamente insuficientes, em razão das crescentes magnitude e severidade dos incêndios.

Ou seja, é imperioso se mudar radicalmente a forma do combate aos incêndios, tendo como ênfase a implantação de sistema moderno e inteligente, dando lugar ao planejamento, à prevenção, com campanhas educativas, e ao manejo da biomassa inflamável, uma vez que, se tratando de fogo, o homem sempre chega depois dos enormes estragos causados ao bioma.

É muito importante o uso de tecnologias avançadas, com o emprego de drones, satélites, redes de sensores conectados por internet e inteligência artificial, por permitirem o monitoramento de áreas vulneráveis, em tempo real, e a detectação de focos de incêndio, antes que eles se alastrem e se tornem incontroláveis pelos meios convencionais.

Apesar de tantos desafios para se evitar as queimadas, ganha relevo o   monitoramento e a prevenção, principalmente nas áreas da sua maior incidência, por meio de práticas de manejo e uso econômico de biomassa suscetível ao fogo, levando-se em conta a inevitabilidade inerente à  intensificação da crise climática.

Sim, com vistas ao combate aos incêndios, é preciso contar com uma série de importantes medidas, entre as quais a criação de legislação com regras severas, que coíbam e punam com dureza incêndios criminosos, políticas públicas robustas e incentivos econômicos adequados, aliados ao uso de tecnologias avançadas, para o monitoramento e a prevenção de incêndios.

Ou seja, é possível se transformar problema ambiental gravíssimo em oportunidade de desenvolvimento sustentável, desde que haja vontade política e interesse em salvar o ecossistema brasileiro.

Só há uma hipótese de socorro e salvação do bioma brasileiro, se realmente houver verdadeira revolução de abrangência nacional, por meio de ações coordenadas entre governos, instituições especializadas, agropecuaristas, empresários e sociedade em geral, comungando juntamente com programas de capacitação e educação sobre práticas de manejo e prevenção, exclusivamente com essa missão de extermínio à esculhambação do desprezo à causa ambiental.

Enfim, a essencialidade para o combate aos vergonhosos incêndios nas florestas brasileiras tem exclusiva centralidade na vontade política de assim querer e decidir, de modo que haja a priorização de ações conjuntas, com o envolvimento e o compromisso de salvamento do ecossistema brasileiro.

Brasília, em 18 de setembro de 2024

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