quarta-feira, 18 de maio de 2011

Em defesa da língua portuguesa

O livro intitulado “Por uma vida melhor”, da Coleção Viver, distribuído pelo Ministério da Educação a 484.195 alunos, dentro do Programa Nacional do Livro Didático para a Educação de Jovens e Adultos, preconiza que o uso da língua popular é válido, mesmo com erros de concordância e de regência verbal. Entretanto, sabe-se que escrever é antes de tudo uma necessidade intrínseca do homem - para se comunicar e se fazer entender – e, sobretudo, uma arte, que exigem a observância às regras gramaticais, entre elas, a sintaxe, concordância, regência verbal, ortografia etc., como forma indispensável de consolidar e aperfeiçoar a língua pátria. Para tanto, são bastantes os manuais e livros tratando dos corretos ensinamentos e cuidando em comum da orientação uniformizada, no sentido de que escrever não pode prescindir das regras básicas, da clareza, da precisão, da objetividade, do encadeamento lógico de ideias, do estilo agradável, entre outras formas que contribuem para a melhoria da linguagem. Nesse contesto, é totalmente inadmissível que o citado órgão tenha distribuído livro didático aos alunos, com orientação sobre a desnecessidade da observância das normas cultas para a regra da concordância, sob a pífia alegação de que isso evitaria discriminação ou preconceito entre os alunos. Evidentemente que os entendidos da língua portuguesa se posicionaram diametralmente contrários a essa absurda e retrógrada medida, inclusive a Academia Brasileira de Letras, ao afirmar que o manual “não ajudará no empenho pela melhoria” do nível do ensino escolar. Induvidosamente, nesse caso, o único paralelo da pretensão do governo é apenas patentear a sua marca indelével da incompetência, também na educação, já bastante desgastada com as reiteradas falhas no Enem e noutras atividades do ensino sob a sua responsabilidade. É bom que o Ministério da Educação pare por aí, com mais essa bobagem, sob pena de que, logo em breve, a língua pátria possa ser transfigurada, onde poderiam aparecer textos em português parecendo terem sido escritos por poliglota, de tão incompreensíveis, como se fossem compostos em diversos idiomas, com a mistura de Sânscrito, turco, sírio, dialetos, entre outas línguas, que somente contribuiriam para apequenar e tornar medíocre uma língua das mais faladas e belas do mundo.

ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 18 de maio de 2011

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