sexta-feira, 20 de maio de 2011

À espera da verdade

Uma empresa do grupo WTorre, empreiteira com negócios públicos, que celebrou contratos com fundos de pensão e com a Petrobras, foi um dos clientes da empresa de consultoria do ministro da Casa Civil, conforme reportagem publicada na Folha de S. Paulo, edição de hoje. A citada empreiteira também fez doações de campanha ao referido ministro, em 2006, no valor de R$ 119 mil, e à candidata petista, em 2010, na quantia de R$ 2 milhões. Segundo a empresa, houve a contratação do “Projeto (empresa do ministro) para prestar consultoria num assunto corporativo, a respeito do qual a empresa se reserva o direito de não comentar”, porque os seus contratos têm “cláusula de confiabilidade que não lhe permitem revelar os nomes dos seus clientes”. Essa primeira divulgação sobre os clientes da questionada consultoria palaciana denota claramente a ligação de interesses suspeitos e cheios de mistérios, principalmente por não terem sido explicados os reais serviços prestados, deixando margem sobre a possível existência de tráfego de influência, considerando que a contratante investiu maciçamente nas campanhas eleitorais do ministro e da presidente da República. A cobrança dos dividendos dessa participação pode ter vindo à lume por meio das contratações com os entes estatais, que, à primeira vista e ante o histórico de casos análogos, há razões suficientes para se suspeitar sobre a lisura desses procedimentos, por não se ter a certeza se a empreiteira teria a mesma facilidade para fechar os negócios com os entes estatais ou, quiçá, se isso seria possível se ela não tivesse contribuído com quantias tão generosas. O certo é que, cada mexida nesse caldeirão, o caldo engrossa, para não dizer algo pior, mas até que caberia ao caso. Os fatos revelados até agora deixam tudo muito claro que a nebulosidade encobre misteriosamente o que realmente aconteceu por trás dos serviços de consultoria, prestados regiamente por um parlamentar e ao mesmo tempo principal coordenador da campanha da candidata petista à Presidência da República, ante a resistência por todos os meios para não haver qualquer explicação sobre a origem dessa fabulosa riqueza, quando, em respeito ao princípio constitucional da transparência, compete a toda pessoa pública mostrar e comprovar a lisura dos seus atos.

ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 20 de maio de 2011

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