segunda-feira, 16 de maio de 2011

Prêmio à "criatividade"

O governo se manifestou taxativamente que não vai apurar o rumoroso affaire envolvendo o ministro da Casa Civil da Presidência da República, que teve seu patrimônio multiplicado de forma astronômica, em apenas quatro anos. No entendimento do ministro da Secretaria Geral da Presidência, com base nas conclusões da Comissão de Ética Pública da Presidência da República, não há qualquer motivo que exija a verificação, uma vez que “Para nós, o assunto está encerrado e nós estamos muito satisfeitos com esse resultado. Vamos para a frente.”, tendo acrescentado que “Palocci é fundamental para esse (sic) governo, tem demonstrado uma grande competência, um incrível empenho ao apoio à presidência e na coordenação do governo. Vamos tocar a vida para a frente, porque nós temos muito trabalho e o Palocci precisa trabalhar muito para o nosso país.”. Segundo o ministro, o governo precisa se “ater ao presente”... ”Quanto ao passado de cada um dos ministros, não cabe ao governo fazer nenhum tipo de investigação.”. Diante de mais um rumoroso escândalo protagonizado por alta autoridade, o governo, com o maior descaramento, em flagrante contraposição ao repúdio da sociedade, tenta pôr panos quentes ao caso, abafando-o completamente e dando-o por encerrado, tendo por justificativa que somente seria possível haver apuração se o fato em questão tivesse ocorrido no exercício do cargo, o que vale dizer que as irregularidades precedentes são convalidadas, tornando-as automaticamente legitimadas, num passe de mágica. Na verdade, a atitude governamental contraria o princípio constitucional, segundo o qual aquele que for investido em cargo público terá que provar a sua reputação ilibada, isto é, não poderá ter a sua ficha corrida suja. Aliás, o comportamento do governo não poderia ter sido diferente, porque estaria contrariando o seu recente posicionamento adotado, quando fechou os olhos para malfeitos de auxiliares do mesmo nível ministerial, com a diferença de que estes foram praticados agora, no exercício do cargo. De qualquer forma, este novo caso apenas mantém a coerência do governo, quanto à reiterada inobservância dos princípios éticos e morais, por parte de seus principais membros. À sociedade resta lamentar e protestar com veemência contra mais uma grave omissão governamental, nitidamente contrária ao interesse público, principalmente pela falta de transparência dos atos da administração pública.

ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 16 de maio de 2011

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