segunda-feira, 30 de maio de 2011

Educação ao contrário

A polêmica acerca do livro didático distribuído pelo Ministério da Educação, que não considera qualquer erro escrever “os livro” ou “nós pega o peixe”, continua em intensa chapa quente. Os críticos, pais, estudantes, políticos, professores e a sociedade em geral se manifestam com indignação, acreditando que a escola é lugar de conhecimento e onde se deve ensinar a norma culta, não podendo ali haver afastamento das regras gramaticais do pacto linguístico, em que, basicamente, artigo, adjetivo e pronome devem concordar com o substantivo em gênero e número. A verdade é que não adianta qualquer espécie de indignação ou protesto, porque a ignorância oficial apenas é capaz de chancelar o malfeito, tendo em vista que nenhuma medida foi tomada com vistas ao saneamento da falha apontada, nem mesmo prestando os esclarecimentos sobre a posição do governo sobre o fato. No entanto, o pagamento e a distribuição dos livros já são mais do que suficientes para confirmar a aceitação de tudo isso, numa boa. Tendo em conta a opinião dos entendidos, pode-se concluir pela evidência do caos da situação política brasileira, com a firme demonstração da falta de compromisso com a preservação do patrimônio cultural e educacional, como mostra da contramão dos avanços do desenvolvimento mundial. É lamentável que o dinheiro do cidadão seja aplicado em programa retrógrado, em verdadeiro desserviço à educação, tão carente de eficiência e de bons exemplos de progresso e de vanguarda. Com os dirigentes desse nível, não se pode esperar boa qualificação dos alunos. Ao contrário, o Brasil tenderá a ser verdadeiro celeiro de homens ignorantes, despreparados e obedientes aos talibãs da cultura tupiniquim, que defendem uma revolução no sentido inverso do aprendizado. Em um país com o mínimo de seriedade, a sociedade participativa e preocupada com a eficiência da gestão governamental jamais aceitaria a prática de aberração desse jaez, porque certamente seriam sanada a falha e responsabilizados os envolvidos, com vistas à reparação do prejuízo causado ao erário, ante a má aplicação de recursos públicos.

ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 30 de maio de 2011

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