sábado, 21 de maio de 2011

O escandaloso poder

Consoante reportagem da Folha de S. Paulo, edição desta data, a empresa do ministro da Casa Civil/PR faturou, somente no ano de 2010, quando foram realizadas as eleições presidenciais, nada mais nada menos do que R$ 20 milhões e, em apenas nos meses de novembro e dezembro/2010, a arrecadação atingiu, pasmem, mais de R$ 10 milhões. Esse fato se torna bastante estranho porque a sua empresa, que somente possui uma secretária, superou, em faturamento, as maiores empresas do ramo de consultoria, com 70 ou 100 servidores, com experiência de décadas. Embora esses fatos se revelem insólitos e monstruosos, é surpreendente a força das poderosas e uníssonas vozes que afiançam com rigor e tamanha prepotência a regularidade do suspeito enriquecimento em discussão e parece que as fazem sem conhecimento de causa, apenas pelo vergonhoso compromisso de defender o corporativo instituído entre os pares, como forma de sobrevivência, quando cabe exclusivamente ao próprio envolvido se defender quanto à grave acusação sobre seus atos, que agora cada vez mais estão permeados de suspeição e dúvidas em relação à origem dos recursos, cujos desdobramentos somente têm contribuído para a mobilização da máquina pública, toda empenhada indevidamente em blindar a honorabilidade momentaneamente vulnerabilizada pelas revelações, que não mereceram nenhuma refutação substancial, o que contribuiria em benefício da verdade. O certo é que a isenção ou não de culpa do envolvido somente será dilucidada com a apresentação das provas materiais e não com mera verbalização vazia e destituída de elementos probantes. Enquanto não houver efetivação de atos concretos, certamente o governo vai continuar sob forte pressão e a máquina não funciona, ficando imobilizada porque o seu principal ministro se encontra acuado na sua toca, acovardado sem coragem de mostrar a origem de sua megafortuna. É inconcebível que o país e de resto a sociedade fiquem paralisados e prejudicados, em virtude de fatos que envolvem traquinagem que não têm qualquer responsabilidade sobre eles. O governo, nesse imbróglio, além de se envolver até o talo, demonstra fraqueza e completa incompetência, possivelmente com receio de ver maculada a honra do seu Rasputin ou até mesmo de perdê-lo.

ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 21 de maio de 2011

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