sábado, 28 de maio de 2011

Competência de mestre

O governador petista da Bahia disse que o crescimento do patrimônio do ministro-chefe da Casa Civil/PR “chama a atenção” e “tumultuou o ambiente político” no país. E foi além, afirmando que se surpreendeu com os R$ 20 milhões faturados pela empresa de consultoria, porém “Se foi ganho dentro de um trabalho normal, é mérito dele, mas chama a atenção, em um ano de consultoria, ganhar R$ 20 milhões. Todo mundo se surpreende, porque é um rendimento muito grande. Chama a atenção, como chamou a atenção o apartamento dele”. Ele também estranhou a demora para as explicações sobre o caso, porque o “melhor caminho é o mais curto”. “Quanto mais demora, (há) mais gente levantando lebre, (há) mais questionamento sendo feito, não é bom para ninguém. Espero que ele rapidamente possa fazê-lo e aí pacifica essas coisas”. Até que enfim surge alguém com um pouco de sensibilidade, bom sendo e lucidez, com capacidade de reconhecer a gravidade dos fatos envolvendo o pivô da atual turbulência política, com claro reflexo nas atividades governamentais. É um fato isolado e contraria 99,99% do restante dos petistas, que apoiam incondicionalmente a historinha contada para o affaire, somente com a confissão de que tudo foi feito na forma legal, quando o correto seria a mostra dos procedimentos, compreendendo os ajustes firmados, os conteúdos dos serviços prestados, de forma substancial, demonstrando a sua compatibilidade com os valores recebidos, e a absoluta ausência de tráfego de influência. A sociedade, ainda em estado de choque, também surpreendida com o fenomenal enriquecimento em questão, continua esperando por explicações e que elas sejam convincentes, porque o cidadão envolvido era, ao mesmo tempo, deputado federal, com subsídios pagos pelo povo para prestar-lhe serviços, principal coordenador da campanha eleitoral da candidata petista à Presidência da República e empresário de muito sucesso, competindo com as mais importantes e consolidadas empresas de assessoramento do país, quando se  sabe que, na sua empresa, ele era o único profissional do ramo. Estranha-se o fato de que, se tudo está correto, o que seria capaz de entravar a sua transparência? Tanto mais que este momento seria excelente para o ministro prestar contas de seus atos, tendo o trabalho de apenas comprovar a sua lisura. Possivelmente, a forte influência do famigerado mensalão, onde ninguém foi punido e muitos se beneficiaram, pode estar robustecendo a ideia de nada ser explicado, tal como ocorreu nesse caso, quando o Partido dos Trabalhadores simplesmente se fortaleceu nas urnas. Quem sabe se não é mais um possível golpe de mestre que se encontra em curso.

ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 28 de maio de 2011

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