segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Economia em destaque

Após os festejos natalinos, o país acordou nesta segunda-feira com a bombástica notícia de que o Brasil deverá ultrapassar a Inglaterra, tornando-se, no final deste ano, a importante sexta maior economia do mundo, conforme projeções do Centro de Pesquisa Econômica e de Negócios de Londres, cujo executivo-chefe entende que a mudança de posições entre Brasil e Reino Unido faz parte de uma tendência mundial. Ele disse que “... isto é parte da grande mudança econômica, onde não apenas estamos vendo uma mudança do Ocidente para o Oriente, mas também estamos vendo que países que produzem commodities vitais - comida e energia, por exemplo - estão se dando muito bem, e estão gradualmente subindo na 'tabela do campeonato econômico’". Com a confirmação desse fato histórico, o Brasil somente enxerga na sua dianteira os Estados Unidos, a China, o Japão, a Alemanha e a França, cuja ascensão se deve aos seus vastos estoques de recursos naturais e ao seu grande poder exportador de commodities, que têm ajudado a transformar o país rapidamente numa das locomotivas da economia global. A notícia, por si só, enche os brasileiros de orgulho patriótico e certamente servirá para inflar a bola do governo, que tudo fará para enaltecer o troféu conquistado com o desbanque do Reino Unido na dificílima competição entre as maiores economias mundiais, devendo, todavia, como de costume, esconder as mazelas existentes de Norte a Sul do país. Na verdade, esse fato poderia constituir motivo para intermináveis comemorações não fosse a gritante precariedade vivida por boa parte da população brasileira, que se encontra atolada em terríveis bolsões de pobreza absoluta, sem as necessárias assistências básicas como saúde pública, ensino de qualidade, moradia, segurança pública, alimentos, saneamento básico e tantas outras formas que possibilitem se viver com dignidade, caso a qualidade de vida da população fosse proporcionada no nível compatível com os indicadores que servem para medir a grandeza da economia do país. Na realidade, embora a revelação em tela seja por demais auspiciosa, não deixa de haver nela evidente contraste entre o desenvolvimento econômico e o atraso social, fato que clama a adoção de urgentes medidas tendentes ao saneamento dessa grave questão nacional. Não obstante, a sociedade, a par de se vangloriar com essa vitória maiúscula na economia no âmbito mundial, anseia por que os governantes voltem suas prioridades para o efetivo combate à miséria dos brasileiros e a reformulação dos atuais programas assistenciais de governo, de modo que os recursos pertinentes sejam urgentemente canalizados para a expansão e melhoria da educação, da saúde, da segurança, dos transportes, da moradia e de tudo o mais que possibilite alavancar o país do atual mundo subdesenvolvido para a posição de destaque agora obtida com a economia.

ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 26 de dezembro de 2011

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