segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

A culpa é de ninguém

Como já aconteceu em caso recente, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, envolvido em suspeitas de possível tráfico de influência relacionado às atividades de sua empresa de consultoria, teria justificado o seu valoroso trabalho de assessoria técnica apontando o fato de o ex-presidente da República do PSDB também ter recebido pagamentos de empresas, por conferências ou palestras, referindo-se ao embolso da quantia de R$ 80 mil para ele passar a manhã conversando e saboreando café na Federação das Indústrias de Minas Gerais. Em resposta, o ex-presidente da República disse que "eu cobro por palestras" e "Não recebi da Fiemg o referido montante nem qualquer outra remuneração, pois não fiz palestras lá. Devem ter se enganado de pessoa." O ministro atribuiu a informação sobre a alegada quantia de R$ 80 mil prestada pelo então presidente da aludida federação, que lhe teria feito o pagamento do valor de R$ 1 milhão a título de consultoria. Essa forma de justificativa, além de mostrar completa incompetência, por falta de argumentos, é prova inconteste de que o acusado objetiva tão somente ganhar todo tempo do mundo para que a imprensa esqueça de vez o seu caso, deixando-o sem mais necessidade da apresentação à sociedade de provas convincentes sobre a lisura do seu trabalho de consultoria, considerada a preços altíssimos. Não há dúvida de que se trata de manobra acentuadamente pobre essa de ficar acusando o seu semelhante com a tentativa de justificar seus ilícitos. A esdrúxula ética do Partido dos Trabalhadores, usando possíveis erros alheios para justificar os seus, não deixa de ser expediente condenável e abominável, uma vez que não é apontando o crime de outrem que se consegue a absorção dos seus pecados. Também não merece acolhimento o uso do surrado lema segundo o qual eu faço porque todos fazem, uma vez que, tratando-se de cidadão público, os seus procedimentos se submetem obrigatoriamente à observância dos princípios em especial da ética e da moral. Urge que os homens públicos sejam legalmente compelidos a justificar, com provas, seus atos como cidadão, não importando que eles tenham sido praticados antes do exercício do cargo público, de modo a permitir avaliação segura quanto à sua lisura, probidade e honestidade como pessoa e às condições ética e moral para o desempenho do cargo relevante que ocupa na atualidade. Acorda, Brasil!
                                              
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 12 de dezembro de 2011

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