terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Mordomia presidencial

Conforme noticia a mídia, o governo federal gastou a quantia de R$ 650 mil para reformar e equipar a casa escolhida pela presidente da República para passar o recesso de final de ano, localizada na Base Naval de Aratu, litoral da Bahia. Essa residência já havia passado por outra reforma, em 2009, avaliada em R$ 800 mil, para a hospedagem do então presidente da República. Na verdade, a nova restauração custou a quantia de R$ 195.427,40, sendo que o restante do valor se destinou à compra de eletrônicos e móveis. Conforme dados levantados pela ONG Contas Abertas, foram comprados oito TVs de LCD, sete DVDs e um home theater, além de cortinas de tecido linho misto e blackouts, espreguiçadeiras, uma chaise longue dupla, três guarda-sóis e seis frigobares. Na comitiva presidencial, constam a filha, a mãe, o neto, o genro, o ex-marido e uma tia. Já se tornou tradição os presidentes brasileiros saírem de recesso no final do ano, mas a Constituição não prevê o período de descanso formal e muito menos a possibilidade de os contribuintes serem obrigados a custearem reformas e aquisições tão absurdas, para políticos usufruírem poucos dias na praia, levando consigo até ex-marido. Em princípio, o afastamento da presidente, por motivo de recesso pessoal, implica necessariamente o seu desligamento das atividades oficiais. Nesse caso, as despesas ocorridas no respectivo período devem obrigatoriamente ser por ela despendidas, com recursos próprios, em contrapartida ao divertimento seu e de sua ilustre comitiva, como ocorre normalmente com os demais brasileiros. Não há dúvida alguma de que esta notícia ofende a dignidade do povo sofrido e carente, por ser explícito e descarado deboche às precárias condições de vida dos brasileiros necessitados de todo tipo de assistência social. Os altíssimos tributos cobrados dos contribuintes jamais poderiam ser destinados para despesas desnecessárias como essas, que demonstram verdadeiro esbanjamento e desrespeito ao bom senso, ante a escassez de recursos para a saúde, a educação, a... A mandatária do país tem a obrigação de dar o melhor exemplo aos demais políticos, evitando o uso de dinheiros públicos para custear deleites pessoais e de parentes e acabando definitivamente as abomináveis e ilimitadas mordomias, que, lamentavelmente, ainda existem nos palácios, que são, fora de dúvida, inadmissíveis, na atualidade, porque ela já é regiamente remunerada pelo exercício do cargo presidencial, além do que austeridade é sempre salutar mesmo para o país que acaba de conquistar o 6º lugar no ranking da economia mundial, mas ainda possui muita pobreza e carência da sua população. A sociedade anseia por que os governantes sejam mais conscientes quanto à destinação e aos limites dos dispêndios, evitando a realização de despesas públicas em proveito próprio, em detrimento da satisfação das necessidades do interesse público. Acorda, Brasil!

ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 27 de dezembro de 2011

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