quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Lamaçal sem fim

O projeto que anistia os deputados cassados pela Câmara dos Deputados, por terem participado do famigerado escândalo do mensalão do governo, descoberto em 2005, foi incluído na lista de votação, sem alarde, pela Comissão de Constituição e Justiça, presidida por um dos réus no processo do mensalão que tramita no Supremo Tribunal Federal. A proposta polêmica é de autoria de um ex-deputado petebista, cujo objetivo é beneficiar três ex-deputados cassados, que também são réus no processo do STF, sob a justificativa de que a Câmara já absolveu a maioria dos deputados citados no esquema e, na visão do seu autor, tornaria injusta a manutenção da punição somente aos três cassados, que ganhariam condição de disputar as próximas eleições, caso sejam anistiados, porque, segundo o autor do projeto, "Não se justifica a manutenção da pena de inelegibilidade apenas para os três parlamentares cassados em plenário, designados arbitrariamente para expiar a culpa de grande parte dos parlamentares". É estranho que esse projeto esteja tramitando em conjunto com outra proposta que sugere exatamente o contrário, qual seja, a proibição da "concessão de anistia aos agentes públicos que perderam a função pública em decorrência de atos antiéticos, imorais ou de improbidade". A falta de ética e de caráter contaminou não só o governo, mas principalmente os políticos de um modo geral, que não têm o mínimo de vergonha na cara para apresentar projeto de anistia para beneficiar corruptos especializados em formação de quadrilha para desviar dinheiros públicos, para benefício de si ou do seu partido. Esse projeto serve apenas para demonstrar que o Brasil vem passando por estágio maligno decorrente da contaminação da corrupção disseminada pelo Partido dos Trabalhadores, cujos membros têm como bandeira a defesa da moralidade, mas, na prática é um péssimo exemplo de indignidade de horrores, como se pode constatar com a materialização do projeto em tela. É lamentável que a população não enxergue essa mazela de filosofia política que somente contribui para desmoralizar os bons costumes e a honradez de um povo. Esse governo defende, em palavras, a moralidade, mas na intimidade age sempre na construção da impunidade e na falta de correção das suas falhas éticas e morais. Urge que a sociedade tenha a coragem de dizer não a esse descaramento explícito e de eleger para representá-la cidadãos de caráter e de reputação ilibada, não permitindo que esses falsos moralistas continuem comandado o destino de desse pobre e desmoralizado país, de gente honesta e trabalhadora. Acorda, Brasil!    

ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 14 de dezembro de 2011

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