quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Sociedade na idade da pedra

Tão logo o Brasil alcançou significativa posição no ranking da economia do mundo, conforme pesquisa realizada pelo Centro de Pesquisas para Economia e Negócios, da Inglaterra, que apontou que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil vai ultrapassar o do Reino Unido em 2011 e o país será o sexto maior do mundo, o ministro da Fazenda, cheio de empolgação, disse que a França será a próxima potência econômica a ser ultrapassada e o país tupiniquim se tornará a quinta maior economia do mundo, com certeza antes de 2015. Segundo o ministro, a previsão do Fundo Monetário Internacional é de que o Brasil vai atingir essa posição em 2015. Na avaliação dele, isso pode acontecer “um pouco antes”, em razão das dificuldades pelas quais os países europeus devem enfrentar nos próximos anos, por conta da grave crise financeira. A sua euforia tem por base o fato de que “Nosso ritmo de crescimento será o dobro dos países europeus. Portanto, é inexorável que nós passemos a França e, quem sabe, talvez a Alemanha, se ela não tiver um desempenho melhor”. Para ele, nos próximos anos, o crescimento econômico na Europa deve ser de cerca de 2%, mas, no Brasil, de 4% a 4,5%, em média. Embora o ministro garanta que a tendência é de que o Brasil consolide a posição conquistada nos próximos anos e se mantenha entre as principais economias do mundo, ele foi bastante realista, ao afirmar que serão necessários ainda entre 10 e 20 anos para que a população brasileira tenha qualidade de vida semelhante à europeia. Numa análise mais realista, caso o governo não faça, com urgência, investimentos maciços em programas de educação, saúde etc., a convivência da sociedade com a precariedade do seu padrão de vida perdurará, infelizmente, por séculos. Não deixa de ser um contrassenso um país situar-se entre as maiores economias mundiais e possuir uma população ainda convivendo, de forma cruel, na idade da pedra, em relação às conquistas sociais, com reconhecido atraso quanto à satisfação das necessidades amplamente disponibilizadas nos países que estão situados logo em seguida à posição que o Brasil irá ocupar. Não deixa de ser louvável essa autoridade reconhecer a vergonhosa e triste realidade, porém é totalmente inadmissível que um país consiga o crescimento econômico, mas seja totalmente incapaz de implantar programas e estratégias objetivando à melhora das condições de vida do seu povo. Urge que os governantes sejam mais capacitados e diligentes no sentido de solucionar os graves obstáculos que impedem o desenvolvimento social dos brasileiros, de modo que seja possível propiciar à sociedade, o quanto antes, qualidade de vida também no nível já alcançado pelos países europeus. Acorda, Brasil!

ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 27 de dezembro de 2011

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