quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Faxineira de araque

A presidente da República se reuniu com o ministro do Trabalho, para ouvir as explicações sobre a sua ocupação simultânea, entre dezembro de 2000 e novembro de 2005, dos cargos de assessor na Câmara dos Deputados, em Brasília, e na Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Além do ilegal e criminoso duplo emprego público revelado pelo jornal “Folha de S. Paulo”, também foi tratada a sugestão feita pela Comissão de Ética Pública da Presidência sobre a sua exoneração do cargo de ministro. Ultimamente, o ministro que, paradoxalmente é titular da pasta do trabalho, vem tentando explicar a enormidade de denúncias de irregularidades relacionadas a convênios com ONGs ligadas a seu partido, o PDT; uso irregular de transporte aérea; recebimento indevido de diárias; acúmulo ilegal de cargos públicos etc., mas isso não tem sido possível diante do surgimento, a todo instante, de novas denúncias o envolvendo em suspeitas de falcatruas de difícil justificativas, não para o governo, que as aceita com a maior naturalidade, por já ter se tornado fato corriqueiro na Esplanada dos Ministérios, apenas o incomodando por temer que a exoneração de um ministro viria abrir brecha para a discussão de novas denúncias de corrupção que estão acontecendo nos demais ministérios, o que poderia obrigar a mudança de toda cúpula em tempo curto. Evidentemente que essa medida não seria salutar, porque poderia mostrar ao mundo, contrariando o seu entendimento, que o Brasil é um país que cultua os princípios da ética e da moralidade, que combate a corrupção, nas suas profundas raízes, exonera os culpados, apura os fatos e obriga a reparação dos prejuízos levantados. Isso não é bom para um país já marcado pela corrupção. O que a presidente da República acaba de revelar é a prova de uma incompetente faxineira da corrupção, que não a combate como é do seu dever; de uma pessoa bem obediente ao seu mentor político; e acima de tudo da falta de responsabilidade com os destinos do país, ao permitir a continuidade no seu governo, comandando importante ministério, de pessoa com invejável currículo repleto de péssimos exemplos de indignidade e de irrelevância às causas da nacionalidade. É inacreditável que a presidente da República, com a autoridade de mandatária do país, menospreze abalizado parecer jurídico da ilustrada Comissão de Ética Pública, jogando-o literal e inexplicavelmente na lata do lixo, deixando frustrados os brasileiros que não compactuam com essa prática escandalosa de governar com o nítido assessoramento carregado de denúncias de corrupção com dinheiros públicos. Na verdade, os fatos conspiram para se afirmar que esse ministro trapalhão só pode manter segredo pessoal de fatos comprometedores contra o governo, que seria desastrosa a sua revelação. Parece ser a hipótese mais plausível para tamanha tolerância de reiterados graves deslizes. Resta à sociedade brasileira repudiar, com veemência e indignação, a atitude inaceitável da presidente da República, de privilegiar, apoiar e agasalhar o comportamento desastrado, indecente, antiético e imoral de quem tem sido pródigo em protagonizar, em tão curto espaço de tempo, atos contrários aos princípios da administração pública. Acorda, Brasil!

ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 1º de dezembro de 2011

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