sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Os recursos da Copa

A Caixa Econômica Federal ampliou, pasmem, em R$ 1 bilhão os recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS, com destinação às obras de transporte urbano para a Copa de 2014. O Orçamento do Fundo, para 2012, destinou a quantia de R$ 4 bilhões para os projetos nas cidades sedes dos eventos, cujos recursos passarão a atender à execução de obras concernentes aos sistemas de ônibus rápidos, corredores expressos e VLT's, mais a inclusão agora do novo programa que não é para obras da Copa entre os contemplados com recursos do FGTS, qual seja, o chamado PAC - Mobilidade Urbana Grandes Cidades. O uso do dinheiro proveniente do FGTS, para as obras de transporte urbano, já estava definido desde 2010. As obras do programa do PAC também poderão receber financiamento do FGTS. É curioso como não existe qualquer espécie de dificuldade para a alocação de dinheiros para a implementação de obras da Copa, inclusive oriundo do FGTS, que é um fundo constituído de recursos capitalizados pelas empresas, que tem por exclusiva finalidade garantir ao trabalhador brasileiro amparo financeiro nos casos previstos em lei. Não deixa de ser bastante estranho que a Caixa Econômica Federal financie bilhões de reais, com recursos dos trabalhadores brasileiros, sem limitação alguma e provavelmente a fundo perdido, i.e., sem obrigação de pagamento por parte das cidades beneficiadas, as obras destinadas aos eventos da Copa de 2014, ou seja, para o futebol, quando, na realidade, para custear obras inerentes a saneamento básico, habitação, saúde, educação, segurança, transporte, infraestrutura etc. não há a mínima possibilidade do aparecimento de recursos, nem mesmo do FGTS, que, nesse caso, seria considerado totalmente ilegal, por não se enquadrarem nas destinações originárias desse fundo. Essas são as contradições e as aberrações desse governo, cujo desempenho gerencial bem demonstra o motivo pelo qual o Índice de Desenvolvimento Humano – IDH acena para um país marcado pelo subdesenvolvimento do seu povo, figurando no patamar do desonroso 84º lugar, fato que evidencia verdadeiro desprezo das autoridades governamentais às condições de vida dos brasileiros. No entanto, tendo futebol, a paixão do povão é plenamente satisfeita, não havendo, somente no entendimento oficial, necessidade alguma de recursos para hospitais, escolas, segurança... Urge que a sociedade desperte do atraso de mentalidade e da treva da ignorância, não aceitando que os governantes deixem de priorizar os programas e as políticas sociais, exigindo que eles sejam obrigados a alocar recursos orçamentários para propiciar melhoramento das condições de vida dos brasileiros. Acorda, Brasil!

ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 29 de dezembro de 2011 

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