quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

A bolsa da vergonha

Recentemente, a presidente da República defendeu uma antiga proposta da Organização Internacional do Trabalho – OIT, com a finalidade de estabelecer uma espécie de programa de renda mínima global, na modalidade semelhante ao programa brasileiro do Bolsa Família, como forma possível para o combate às crises econômicas. A proposta da OIT, oficialmente chamada de Piso de Proteção Social, "prevê que cada país deveria incluir na oferta de serviços básicos de saúde, independentemente de contribuição, o pagamento de um benefício básico para famílias com crianças - a exemplo do que o governo brasileiro garante com o pagamento do Bolsa Família, benefícios assistenciais para pobres e desempregados e a manutenção das políticas de garantia de renda para idosos, viúvos, órfãos e inválidos". Na oportunidade, ela disse que "o Brasil tem uma experiência exitosa de enfrentar a crise com inclusão social e geração de empregos" e defendeu que esse seria um caminho possível para o combate às crises econômicas, tendo afirmando no encontro que "A inclusão de 40 milhões de pessoas na classe média foi não somente um impositivo moral, mas também uma questão de eficiência econômica". Segundo a presidente, é com base nesse esforço que o país "apoia a tese da OIT de que um piso único de renda global não é filantropia, mas é uma rede de proteção mundial fundamental para enfrentar a crise e que tem um efeito inequívoco contra a crise". A presidente disse ainda que apoia outra proposta da criação de uma taxa global sobre operações financeiras, para bancar programas sociais, desde que ela venha em conjunto com a aprovação da proposta do piso global. E concluiu: "O Brasil não se opõe a uma taxa financeira mundial se isso (a proposta da OIT) for consenso entre os países a favor da ampliação dos investimentos sociais". A presidente da república foi omissa, por ter deixado de esclarecer que o programa Bolsa Família tem por essencial objetivo potencializar o curral eleitoral petista, para a perpetuação do partido no poder, tendo em vista que os beneficiários, embora recebam pequena quantia, já estão acostumados com a acomodação e a certeza do recebimento, de forma sagrada, da esmola governamental, o suficiente para que não se interessem em procurar emprego ou se especializarem em alguma profissão, enquanto estão recebendo sem trabalhar. É lastimável que o governo mantenha um programa assistencialista sem a criação de atividades para as pessoas cadastradas, que justifiquem a sua existência, a não ser para contribuir para turbinar a legião da força improdutiva, que vem crescendo de forma assustadora. Ao contrário do que foi afirmado, a distribuição de renda na forma praticada pelo Bolsa Família serve muito mais para aumentar a crise econômica do que para combatê-la. A sociedade brasileira protesta pela forma como o programa Bolsa Família vem sendo gerenciado, que tem sido, além da garantia eleitoral dos participantes, mais um instrumento governamental de incentivo à vadiagem e de desinteresse de crescimento social, por não contribuir para estimular a especialização profissional e a procura de empregos. Acorda, Brasil!

ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 22 de dezembro de 2011

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