sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Obras em atraso

Segundo constatação feita pelo Tribunal de Contas da União, no momento, faltando 30 meses para o início da Copa de 2014 no Brasil, 54% das obras de transportes (urbano e aeroportos) previstas para o evento sequer têm licitação. Esse fato foi classificado como "preocupante", porque, até agora, de 49 construções de BRT (corredores de ônibus), VLT e rodovias, 24 não foram licitadas e somente quatro receberam do governo federal parte dos recursos previstos para as obras de responsabilidade dos estados e municípios que vão sediar o evento. No caso dos aeroportos, a situação também é de alerta, embora ela seja menos preocupante pelo fato de que vários projetos já estão com licitação adiantada e a Infraero vem mostrando melhor gestão das obras nos aeroportos. Ainda não foram iniciadas as obras de portos, porquanto os oito projetos estão em fase de licitação. As obras de urbanização das áreas próximas aos estádios não foram licitadas, em virtude da falta de projetos e de estimativa do seu custo. Em face desse conjunto de ineficiência e despreparo da gestão das obras necessárias à realização da Copa, o TCU emitiu alerta ao Ministério do Esporte com determinação para serem incluídos os valores dos projetos de urbanização na Matriz de Responsabilidade da Copa (documento dos custos do evento), que, sem a contabilização desses custos, o valor total de R$ 22 bilhões já pulou para R$ 27 bilhões, em apenas 20 meses. Também houve alerta de que a 2ª etapa da Matriz está atrasada desde julho deste ano, faltando inclusão dos custos de projetos de telecomunicações, segurança e saúde. As obras dos estádios estão em dia. Na realidade, as constatações do TCU não chegam a ser nenhuma novidade, diante da já costumeira esperteza sempre bem preparada ao gosto das práticas políticas e empresariais brasileiras, que deixam para agir no apagar das luzes, para que tudo seja facilitado, com o aumento dos custos em razão da necessidade da urgência na conclusão das obras e da alegação de impossibilidade da realização de licitação, em face da exiguidade de tempo, tudo encaminhado no melhor do jeitinho brasileiro para que as obras sejam executadas ao sabor dos interesses daqueles que sempre levam vantagem em cima da incompetência do gerenciamento governamental, sempre planejando tudo com muito atraso, exigindo a conclusão das obras em toque de caixa e demonstrando dificuldade do seu devido acompanhamento, por não ter condição técnico-profissional de fiscalizar o bom e regular emprego dos recursos públicos. Diante desse caos da gestão de recursos públicos, o superfaturamento dos preços é inevitável e os bestas dos brasileiros serão chamados mais uma vez para pagar o rombo causado aos cofres públicos, cujos culpados jamais serão responsabilizados nem punidos. A sociedade tem o dever de reagir às seguidas incompetências gerenciais do governo, a exemplo do caso em apreço, exigindo a indispensável eficiência na execução dos empreendimentos custeados com recursos públicos. Acorda, Brasil!

ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 02 de dezembro de 2011

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