sábado, 10 de dezembro de 2011

Medo da verdade

Segundo a imprensa, a mandatária dos brasileiros teria orientado o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio a resistir às acusações relacionadas aos negócios de sua empresa de consultoria em Belo Horizonte. Em conversa mantida com o ministro, a presidente da República ressaltou o seu exemplo de sobrevivência sobre as ondas de acusações, numa alusão ao período quando chefiou a Casa Civil da Presidência da República. Por sua vez, o ministro disse que está tranquilo com relação às denúncias feitas contra ele sobre tráfico de influências. Essa ridícula resistência à transparência dos fatos denunciados não chega a ser novidade por parte da cúpula do Partido dos Trabalhadores. Ninguém consegue esquecer que, recentemente, o ex-presidente petista defendeu que o político tem que ter casco duro, para resistir, negando bravamente os malfeitos que lhe forem atribuídos. É bastante vergonhoso que o Brasil se destaque no ranking dos países pela escancarada prática da corrupção, preferindo proteger o ilícito dos companheiros, ao invés de obrigá-los a mostrar as provas. Constitui ato de desonra moral e ética, por parte da presidente da República, ao ser conivente com os casos de denúncias de irregularidades, aceitando as explicações sem provas e o enriquecimento sem causa de seus aliados, como se tudo fosse normal. O Brasil está se tornando um paraíso com o acobertamento de delitos praticados por políticos inescrupulosos, que agora estão se especializando como consultor político ou econômico, evidentemente sem tráfego de influência, para justificar o rápido crescimento do seu patrimônio. O político consultor, além de ser regiamente remunerado, ganha o imediato direito da blindagem intransponível, muito bem organizada pelos batalhões formados por seu partido e pela base aliada, que impede qualquer tentativa de esclarecimentos da verdade e de apurações isentas e imparciais dos fatos denunciados, deixando a sociedade em extrema dúvida sobre a matéria em discussão. Por certo, o país poderá ser respeitado, no futuro, a partir do momento em que o seu mandatário se emocionar e chorar em público, de verdade, comemorando seu ato de discordância com os malfeitos de seus companheiros, mostrando à sociedade a efetiva decisão de não apoiar seus delitos e de combater por todos os meios a corrupção, doa quem doer. A sociedade aspira ao fortalecimento da democracia, mediante a demonstração por parte dos governantes de não concordarem com os atos contrários aos princípios da transparência, legalidade, ética e moralidade na administração pública, e a imediata apuração dos fatos objeto de denúncia de irregularidades, com a devida punição daqueles que cometerem abusos contra o patrimônio público. Acorda, Brasil!

ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 10 de dezembro de 2011

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