sábado, 31 de dezembro de 2011

Ironia à sociedade

Em pleno Senado Federal, tão logo o pai acabou de tomar posse no cargo de senador da República, seu filho com apenas nove aninhos, disparou caretas para todos os presentes à entrevista do novo parlamentar, que havia sido barrado pela Lei da Ficha Limpa, por ter renunciado ao mandato de senador, em 2001, ao sabor da surrada manobra para escapar de um processo de cassação, por ter se envolvido em corrupção com recursos oriundos de empréstimos concedidos pela então SUDAM, que financiava projetos para o “desenvolvimento da Amazônia”, quase sempre fraudados, cujas verbas nunca eram aplicadas nas finalidades indicadas pelos interessados. O parlamentar achou por bem levar a família à sessão extraordinária do Senado e dela participou o seu filho, que se tornou pivô de cenas grotescas, ao chamar para si as atenções durante a entrevista coletiva. O garoto, na sua ingênua criancice, protagonizou espetáculo ostensivo igual ao que os parlamentares fazem normalmente no cotidiano, às escondidas, nas suas atividades políticas, em verdadeiro deboche ao povo brasileiro, que não tem a dignidade nem coragem para deixar de eleger, para representá-lo, esses parlamentares que estão aí em atividade, que não têm qualquer compromisso com os interesses dos cidadãos. Não há nenhuma dúvida de que as caretas que o garotinho fez para a nação é apenas a antecipação do que ele será capaz de fazer futuramente como sucessor do seu bem sucedido pai, na política, pois, mesmo acusado de prática de bandidagem e de corrupção, ele já foi governador do seu Estado, por mais de uma vez, deputado federal, senador e continua sendo adorado e idolatrado pelo seu povo, que o elegerá quantas vezes se candidatar, como verdadeira demonstração de que o povo realmente não tem consciência cívica, porque sempre vota em candidato cuja qualificação não é a de trabalhar em prol do interesse da sociedade, mas sim tendo como precípua atuação a intransigente defesa dos seus interesses pessoais ou os do seu partido. As macaquices, embora tivessem atingido, de forma irônica, os brasileiros, porque foram encenadas dentro da denominada Casa do povo, certamente que elas tinham por alvo aqueles que votaram num cidadão cuja ficha foi considerada mais suja do que poleiro de pato. O povo brasileiro tem o dever moral de mudar a forma de escolha dos seus representantes no Congresso Nacional e no serviço público de um modo geral, somente elegendo pessoas que tenham compromisso com as causas sociais, com a resolução dos graves problemas nacionais e com o desenvolvimento da nacionalidade. Acorda, Brasil!

ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 30 de dezembro de 2011  

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