Conforme vídeo que circula nas redes sociais, várias pessoas, entre religioso,
políticos e de outros segmentos da sociedade, se esforçam no sentido de expor a
necessidade de os brasileiros se reunirem em protestos, no próximo dia 7 de
setembro, na Avenida Paulista, em São Paulo, onde, por meio de concentração
popular, elas acreditam que podem buscar o retorno dos plenos direitos de
civilidade e democráticos, segundo fervorosas afirmações de cada uma delas.
Vejam, a seguir, os termos constantes do mencionado vídeo, que mostram
as bases para a convocação em causa, com manifestações no sentido de
sensibilizar os verdadeiros brasileiros a comparecerem a esse importante
movimento de protesto, evidentemente na esperança de salvação nacional.
“(...) Há muito tempo a democracia brasileira anda mal das pernas. A
gente sabe disso. O que a gente não sabia como era apenas executada toda essa
atrocidade. A coragem é a primeira das qualidades humanas, porque ela garante
todas as outras. Essa é a primeira vez que nós temos uma oportunidade real
possibilidade de reverter a situação. Pela nossa liberdade. Tem rasgado a nossa
Constituição, ferido a nossa liberdade e tentado nos calar, a qualquer custo.
Porque você que não aguenta mais tanta tirania, tantos desmandos. Queremos
viver em país democrático. Não podermos nos curvar, para que o manto da
democracia instaure uma ditadura no Brasil. Fora (omiti o nome), mas
para que isso aconteça nós precisamos da mobilização popular, do povo nas ruas,
porque o povo é verdadeiramente soberano. Queremos o Brasil de volta. É preciso
fazer o impeachment de (omiti o nome). Pelo impeachment do ditador de toga
(omiti o nome). É por isso que chamo todos vocês para o dia 7 de
setembro estarmos juntos, na Avenida Paulista (...)”.
Esse vídeo descreve, com bastante minucia, algo que se relaciona com o
diagnóstico da crise institucional brasileira, que se apresenta como a mais
grave possível e isso fica muito claro no seu conteúdo, mas ele peca gravemente
em não sinalizar senão com afirmações relacionadas com muito protesto e nenhuma
medida concreta com capacidade para pôr freios aos abusos e às atrocidades contra
os direitos democráticos dos brasileiros.
A conclusão é no sentido de se convocar os brasileiros para comparecerem
à Avenida Paulista, em São Paulo, no dia 7 de setembro, com a finalidade de se reunir,
em concentração, a maior multidão da face da Terra, como se isso tenha a capacidade
mágica de se promover o saneamento das atrocidades e deformidades predominantes
no país, inclusive com o poder de se restabelecer a normalidade constitucional
e democrática.
Como se pode perceber, não há nada mais ingênuo e infantil do que
lideranças políticas e religiosas invocarem a imperiosa necessidade de reunião
de milhões de pessoas para exercerem o direito democrático de protestarem
contra os atos e as decisões abusivos e arbitrários, com a clara manifestação
somente para dizerem “fora isso e fora aquilo”, como materialização de mera
indignação, apenas.
Isso parece ser da maior importância para o fortalecimento dos
princípios democráticos e da prova do amor patriótico, posto que esse ato de
manifestação “heroica” tem o condão de mostrar para o Brasil e o mundo que as
maldades praticadas por um integrante do sistema dominante vêm realmente
surtindo verdadeira eficácia.
A reunião em si tem o poder de mostrar o reconhecimento das maldades, contribuindo também para a intensificação das
malignidades, já que não existem reação nem combate à altura das maldades, além
de atestarem a indiscutível incompetência de reação das lideranças de oposição,
que se dão ao luxo da perda de tempo em reunião absolutamente inútil, sob a certeza
do resultado de coisa alguma, que é algo que só comprova a falta de otimização
dos objetivos colimados, eis que realmente inexiste algo substancial capaz de
imobilizar os mentores das perseguições apavorantes.
Convém que as lideranças envolvidas nessa importante convocação de
protestos tenham o mínimo de inteligência para a criação de agenda que
efetivamente possa justificar a mobilização de tanta gente, que precisa
realmente se comprometer com os ideais de urgente mudança no Brasil, cada vez
dominado pelos desmandos.
É possível que se diga, em alto e bom som, que é preciso eliminar, com
urgência e definitivamente, a esculhambação consistente nos atos e nas decisões
abusivos e inconstitucionais, porque em desprezo dos princípios civilizatórios
e democráticos.
Agora, parece que somente no país tupiniquim se pretende combater atos e
decisões inconstitucionais na base do grito, com a mera colocação de pessoas
nas ruas, com o inconsistente altruísmo de apenas dizerem “fora fulano, fora
ciclano”, de vez que os seus atos e decisões estão causando inadmissíveis danos
à integridade democrática e aos direitos de liberdade, em claro desprezo aos
princípios de civilidade.
Como se isso fosse suficiente para transformar sistema persecutório em movimento
de paz e amor, quando o bom senso e a racionalidade sinalizam que é preciso ato
de luta e de enfrentamento, em ambiente de combate ferrenho, com o emprego dos
mais eficazes instrumentos de batalha.
Diante disso, resta a única alternativa disponível aos brasileiros
presentes na Avenida Paulista, no próximo dia 7, no sentido de decisão por
ultimato ao sistema dominante, consistente na exigência do imediato
arquivamento de todos os processos inerentes à perseguição política e de demais
atos considerados inconstitucionais, de modo que a situação institucional
brasileira retorne imediatamente à normalidade democrática e republicana, com
pleno respeito aos direitos humanos e à dignidade civilizatória, sob pena de o
povo precisar adotar as medidas necessárias e cabíveis ao restabelecimento à
normalidade das liberdades democráticas.
Sim, há o reconhecimento sobre “Essa é a primeira vez que nós temos
uma oportunidade real possibilidade de reverter a situação.”, mas, convenhamos,
somente com a presença de pessoas nas ruas não se reverte absolutamente nada,
porque tudo vai ficar como era antes, no quartel de Abrantes, sem qualquer
modificação.
É verdade que “A coragem é a primeira das qualidades humanas, porque
ela garante todas as outras.”, mas, no presente caso, essa virtude se
distancia ano-luz do que seja necessário para o enfrentamento do gravíssimo
problema de desprezo aos princípios de civilidade e democráticos.
No momento que aparecer alguém com coragem e altruísmo, certamente que
jamais se atreveria a aparecer com a cara mais deslavada, na Avenida Paulista,
somente para mostrar incompetência diante da competência de quem desrespeita os
princípios jurídicos e constitucionais, prende, restringe direitos de
liberdade, fecha contas bancárias, controla a internet e tudo o mais que achar
conveniente para o funcionamento do sistema dominante, sem que haja qualquer restrição
nem reação com vistas aos limites desejados.
Enfim, coragem é fazer a coisa certa, o que vale dizer que não há coragem
alguma em se comparecer à Avenida Paulista tão somente para se reclamar da
eficiência e da eficácia da destruição e da deformidade das instituições do
país, sem levar qualquer medida concreta com vistas ao combate às atrocidades.
Na verdade, deveria pairar no ar algo de desconforto com relação às lideranças
que convocam o movimento de protestos, justamente por demonstrarem completa
incapacidade para o oferecimento de reação por arte do povo, que seria o mínimo
que elas deveriam fazer.
É preciso que as lideranças, principalmente políticas, se conscientizem
sobre a imperiosa necessidade de medidas concretas e efetivas, para se
discutirem nos protestos, com capacidade para combater a desgraça que grassa no
país, em cristalina violação dos direitos humanos e dos princípios democráticos.
Não se venham dizer que o povo não tem competência para tanto, mas também
não se esqueçam de que alguém não tem competência legal para a reiterada
prática de malignidades, em visível desrespeito aos direitos individuais e aos
princípios democráticos, mas as faz, sem qualquer escrúpulo, e, o pior, fica tudo
isso na impunidade, em prejuízo apenas de brasileiros.
Por oportuno, importa sublinhar que o interesse do povo sempre tem
preferência sobre todos os outros, notadamente diante da existência de atos
considerados antidemocráticos, que exigem ser execrados pelo povo.
Por fim, convém ficar bastante claro que a maior presença da população brasileira
à Avenida Paulista é de suma importância somente para ajudar a consolidar a
robusteza de alguma decisão discutida no momento, em termos de mudanças significativas
e de interesses do Brasil, mas, afora isso, caso os brasileiros compareçam em
peso somente para dizerem que são contra os atos antidemocráticos, conjugados
com o dizer: “fora fulano”, nada disso tem valor aproveitável para reverter
absolutamente nada, salvo como perda de tempo.
Brasília, em 28 de agosto de 2024