O histórico horroroso de destruição das florestas amazônicas coleciona
mais um deplorável e preocupante recorde de queimadas, em um único dia, que só demonstra
desprezo ao bioma brasileiro.
As queimadas do bioma amazônico voltaram a superar os número até então registrados,
quando, em um único dia, foram anotados 783 focos de calor em todo o estado da
Amazônia, conforme dados levantados pelo Programa de BDQueimadas, do Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Com base nesses dados, até o dia 30 último, o Amazonas contabilizou
4.072 focos de queimadas só em julho, que é o maior número desde 1998, ou seja,
em 26 anos, desde quando o Inpe começou a monitorar as queimadas na Amazônia.
O Inpe esclarece que, no ano passado, nessa mesma data, foram registradas
apenas 121 queimadas no estado, o significa dizer que, comparando os dois anos,
houve expressivo aumento, pasmem, de 547% no número de focos de calor no
estado.
Em síntese, em 2023, foram verificados 121 focos de queimadas, no mês de
julho, enquanto, em igual mês de 2024, foram 783 incêndios, tendo havido alarmante
acréscimo de focos de 547%.
Pode-se alegar que o incontrolável avanço do fogo ocorre em meio à gigantesca
seca, que atinge o estado e que, segundo o governo, isso vem contribuindo para
que as queimadas cresçam de forma progressiva e descontrolada, verificando-se
recorde histórico do Amazonas.
Não à que a Agência Nacional de Águas (ANA) decidiu declarar situação de
escassez hídrica nos rios Madeira e Purus, que banham municípios da região.
A verdadeira situação de calamidade e emergência na regão amazônica é
realidade incontestável, conforme mostram os recordes, um atrás do outro e tudo
isso é mais do que previsível, porque a situação climática é controlada por
instrumentos apropriados, em condições de fornecer parâmetros para o devido
controle, em especial a possibilitar o manejo e a distribuição de pessoal,
entre outras medidas com vistas ao controle das queimadas.
Ou seja, os órgãos de fiscalização e atuação têm os elementos capazes de
monitoramento climático da região, em condições de vislumbrarem as melhores
medidas a serem adotadas, nos casos emergenciais de socorro à natureza.
Ora, diante desse quadro de total transparência por que não tomadas as necessárias
medidas preventivas, especialmente quanto ao monitoramento das origens dos
focos, com base nos conhecimentos hauridos nos anos anteriores, onde as secas
propiciam maior incidência de queimadas?
Pode a até ser verdade que o governo vem agindo no controle das
queimadas, mas os recordes de focos desmentem categoricamente isso, além de tratar-se
de situação extremamente preocupante, mostrando, com muita clareza, que algo
diferente precisa ser feito, com a maior urgência possível, como forma de
efetiva proteção do bioma brasileiro, nunca tão exposto à saga das terríveis e
prejudiciais queimadas.
O que não pode é haver a incidência de recordes sobre recordes de
queimadas, dizimando continuamente as florestas, que são competentemente
registradas, mas o governo sempre tem justificativa pronta.
No presente caso, foi oferecida a pronta desculpa da seca, mesmo ela sendo
previsível, como se isso pegasse todo mundo de surpresa e impedisse a adoção das
medidas preventivas e repressivas, ficando tudo isso a ser imputado às obras do
destino, sem que nada diferente pudesse ser feito para se evitar os estragos às
florestas, que ficam à mercê das causas maiores da natureza, sem a imputação de
responsabilidades a ninguém, que seriam necessárias, para se evitar a
incidência de danos maiores ao meio ambiente.
Na verdade, nos países sérios e civilizados, em termos de responsabilidade
ambiental, certamente que os recordes de incêndios teriam a maior importância
como parâmetros capazes de subsidiar nas medidas necessárias ao efetivo combate
à destruição do meio ambiente, ao contrário do que acontece no país tupiniquim,
quando esses lamentáveis fatos servem apenas e tão somente para alimentar estatísticas
de danos à natureza.
Urge que a sociedade se insurja, o mais rapidamente possível, contra
essa maldade dos incêndios e exija do governo medidas efetivas de combate às
queimadas, como forma de proteção e preservação do bioma brasileiro, em
consonância com o seu der constitucional.
Brasília, em 1º de agosto de 2024
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