quinta-feira, 1 de agosto de 2024

Desprezo?

 

O histórico horroroso de destruição das florestas amazônicas coleciona mais um deplorável e preocupante recorde de queimadas, em um único dia, que só demonstra desprezo ao bioma brasileiro.

As queimadas do bioma amazônico voltaram a superar os número até então registrados, quando, em um único dia, foram anotados 783 focos de calor em todo o estado da Amazônia, conforme dados levantados pelo Programa de BDQueimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Com base nesses dados, até o dia 30 último, o Amazonas contabilizou 4.072 focos de queimadas só em julho, que é o maior número desde 1998, ou seja, em 26 anos, desde quando o Inpe começou a monitorar as queimadas na Amazônia.

O Inpe esclarece que, no ano passado, nessa mesma data, foram registradas apenas 121 queimadas no estado, o significa dizer que, comparando os dois anos, houve expressivo aumento, pasmem, de 547% no número de focos de calor no estado.

Em síntese, em 2023, foram verificados 121 focos de queimadas, no mês de julho, enquanto, em igual mês de 2024, foram 783 incêndios, tendo havido alarmante acréscimo de focos de 547%.

Pode-se alegar que o incontrolável avanço do fogo ocorre em meio à gigantesca seca, que atinge o estado e que, segundo o governo, isso vem contribuindo para que as queimadas cresçam de forma progressiva e descontrolada, verificando-se recorde histórico do Amazonas.

Não à que a Agência Nacional de Águas (ANA) decidiu declarar situação de escassez hídrica nos rios Madeira e Purus, que banham municípios da região.

A verdadeira situação de calamidade e emergência na regão amazônica é realidade incontestável, conforme mostram os recordes, um atrás do outro e tudo isso é mais do que previsível, porque a situação climática é controlada por instrumentos apropriados, em condições de fornecer parâmetros para o devido controle, em especial a possibilitar o manejo e a distribuição de pessoal, entre outras medidas com vistas ao controle das queimadas.

Ou seja, os órgãos de fiscalização e atuação têm os elementos capazes de monitoramento climático da região, em condições de vislumbrarem as melhores medidas a serem adotadas, nos casos emergenciais de socorro à natureza.

Ora, diante desse quadro de total transparência por que não tomadas as necessárias medidas preventivas, especialmente quanto ao monitoramento das origens dos focos, com base nos conhecimentos hauridos nos anos anteriores, onde as secas propiciam maior incidência de queimadas?

Pode a até ser verdade que o governo vem agindo no controle das queimadas, mas os recordes de focos desmentem categoricamente isso, além de tratar-se de situação extremamente preocupante, mostrando, com muita clareza, que algo diferente precisa ser feito, com a maior urgência possível, como forma de efetiva proteção do bioma brasileiro, nunca tão exposto à saga das terríveis e prejudiciais queimadas.

O que não pode é haver a incidência de recordes sobre recordes de queimadas, dizimando continuamente as florestas, que são competentemente registradas, mas o governo sempre tem justificativa pronta.

No presente caso, foi oferecida a pronta desculpa da seca, mesmo ela sendo previsível, como se isso pegasse todo mundo de surpresa e impedisse a adoção das medidas preventivas e repressivas, ficando tudo isso a ser imputado às obras do destino, sem que nada diferente pudesse ser feito para se evitar os estragos às florestas, que ficam à mercê das causas maiores da natureza, sem a imputação de responsabilidades a ninguém, que seriam necessárias, para se evitar a incidência de danos maiores ao meio ambiente.

Na verdade, nos países sérios e civilizados, em termos de responsabilidade ambiental, certamente que os recordes de incêndios teriam a maior importância como parâmetros capazes de subsidiar nas medidas necessárias ao efetivo combate à destruição do meio ambiente, ao contrário do que acontece no país tupiniquim, quando esses lamentáveis fatos servem apenas e tão somente para alimentar estatísticas de danos à natureza.

Urge que a sociedade se insurja, o mais rapidamente possível, contra essa maldade dos incêndios e exija do governo medidas efetivas de combate às queimadas, como forma de proteção e preservação do bioma brasileiro, em consonância com o seu der constitucional.

Brasília, em 1º de agosto de 2024

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