sexta-feira, 24 de janeiro de 2025

Equívoco?

 

Em entrevista concedida a um site, o último ex-presidente brasileiro declarou que se arrepende de ter colocado generais na Esplanada, tendo afirmado que faria algo diferente, com a colocação de "ministros mais cascas-grossas" para enfrentar o sistema.

O político afirmou que "Você fala: 'o que faria diferente?' Os ministros palacianos seriam diferentes. Eu não teria lá alguns nomes, um general aqui. Eu não teria mais general ali. Eu ia ter ministros mais parrudos, mais casca-grossa para enfrentar o sistema".

A propósito, a Polícia Federal indiciou quatro generais que participaram da governo dele, por suposta participação em trama golpista, os quais também foram presos, preventivamente, por ordem de juiz da corte maior do país.

O ex-presidente do país confessa, agora, arrependimento por ter nomeado generais no seu governo, não sabendo ele que isso só demonstra a sua incapacidade na escolha das pessoas certas para o cumprimento das missões pretendidas por ele, especialmente porque os militares não tiveram capacidade para enfrentar o sistema, afirmado por ele.

Na verdade, foi o próprio ex-presidente do país que demonstrou não ter tido condições para confrontar-se com o seu pior inimigo, o sistema, porque competia exclusivamente a ele o enfrentamento das situações contrárias ao seu governo.

Por certo, o erro é humano, mas é muito triste e estranho se ouvir de ex-mandatário do país que teria errado na escolha de seus auxiliares, porque é o mesmo que se dizer que houve fracasso nos seus atos, nesse particular, quando nada pior teria ocorrido se ele tivesse nomeado as pessoas certas, os verdadeiros “cascas-grossas”, mas não o fez.

Confessar que teria errado, na sua gestão, é muito importante, porque reconhece o lado humano, mas isso implica também no reconhecimento da fragilidade pessoal de comando, além de expor publicamente que houve, segundo ele, negligência por parte de generais, no cumprimento da missão para a qual eles foram nomeados, o que não é de bom tom tal forma de denúncia, porque isso tem o condão de denunciar completa incompetência, do chefe e dos subordinados.

Ou seja, mesmo ele tendo concluído pela deficiência dos generais e, de roldão, dele próprio, quando afirma que “Eu não teria mais generais aqui.”, desaprovando, de forma geral, a atuação dos militares, no seu governo, isso seria muito mais razoável e elegante que o ex-presidente do país tivesse mantido o seu entendimento somente para ele.

Enfim, confessar arrependimento é muito importante, porque é compreensível como natural ao ser humano, mas desde que isso não envolva outras pessoas, como fez de forma completamente equivocada e insensata o ex-presidente do país.

Brasília, em 24 de janeiro de 2025

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