quarta-feira, 29 de janeiro de 2025

Falta de decoro

 

O virtual futuro presidente da Câmara Federal tem consciência dobre os cuidados que precisa para não melindrar as relações construídas com cada ponto acordado e negociado com as legendas, como forma da garantia do troca-troca alinhavado entre ambos.

Na verdade, as negociatas para assegurar a presidência daquele órgão vão da direita à esquerda, do PL ao PT, tendo o envolvimento de 488 dos 513 deputados, com a garantia da distribuição de vergonhosas recompensas aos políticos.

Ou seja, o favoritismo do candidato tem por base, pasmem, a satisfação de interesses particulares de partidos e pessoalmente de deputados, em que o eleito precisa cumprir literalmente a agenda acertada em troca do voto, ficando explícito que o futuro presidente tem compromisso com os interesses dos parlamentares e não com as causas da instituição para a qual ele foi eleito, em claríssima demonstração de falta de decoro, desonestidade funcional e irresponsabilidade cívica.

 Na realidade, o futuro presidente tem compromisso em agendar ou pautar assuntos delicados ao entendimento dos partidos, nos quais se incluem, por exemplo, a proposta que anistia os acusados pelos atentados nas sedes dos Três Poderes, em 8 de janeiro de 2023 e outros que agradam ou não algumas legendas.

Esse assunto é considerado delicado e tem a defesa de partido da direita, mas também encontra forte oposição da ala governista, que tem a maior bancada, no conjunto.

Diante das circunstâncias, o candidato do sistema ainda tem como indefinida a dinâmica que irá adotar na definição da pauta da Câmara, fato este4 que mostra o medo de desagradar um dos lados e perder votos.

Um parlamentar tenta galgar a presidência do órgão explorando exatamente os pontos de degeneração moral, bem como da fragilidade quanto às decisões a serem adotadas, quando estão em jogo a forma vergonhosa de submissão aos interesses estranhos à institucionalidade do órgão, a serem normal e servilmente gerenciados pelo eleito, que não passa de fantoche dos tubarões aproveitadores do Parlamento e das benesses do poder público, que são maioria absoluta no exercício do mandato.

Um candidato da oposição ao sistema dominante disse que “Não há clareza sobre quais propostas da oposição serão, de fato, implementadas por (omiti o nome), caso ele seja eleito. E, quando alguém tem apoio do (omiti o nome do partido), eu fico automaticamente com o pé atrás”.

Na verdade, o candidato do sistema prefere não dizer os pontos negociados, como os principais acordos nebulosos fechados, em troca de votos.

Não obstante, é certo que ele já conta com os votos dos parlamentares da situação, que tem sido a base da aprovação dos projetos do governo, mantidos e assegurados sob gordas e questionáveis emendas parlamentares e isso vem sendo o ponto nevrálgico que fundamenta as decisões no Congresso Nacional, nada que assegure a credibilidade do decoro parlamentar, diante da certeza da existência do indecente e indigno troca-troca, sob a égide dos interesses individuais e partidários, em detrimento das causas inerentes ao interesse público.

Agora, na reta final da campanha, tudo fica muito nítido sobre a consolidação do que há de mais degradante da política brasileira, em que, no caso, os deputados se esforçam na concentração de seus votos unicamente no candidato que se comprometa a satisfazer os seus escusos anseios particulares, basicamente em troca de cargos e outras formas que estejam em harmonia com os seus objetivos políticos e isso fica muito bem claro, quando um dos candidatos merecem o apoio quase unânime.

Enfim, cada vez mais se impõe que os verdadeiros brasileiros precisam se conscientizar sobre a urgente moralização do Brasil, especialmente na eleição somente de parlamentares que demonstrem ter vergonha, caráter, decoro e dignidade, na defesa exclusivamente dos interesses do Brasil e do povo.

Brasília, em 29 de janeiro de 2025

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